segunda-feira, dezembro 18, 2006

Balanço de 2006

A julgar pelos últimos posts, este blog está prestes a se transformar num daqueles "diarinhos virtuais" de menininhas de 15 anos, para isso, só está faltando escolher um template "by Máximus"! O problema é que eu devo ter sido infectado pelo vírus do narcisismo, essa doença que faz o infectado crer piamente, que existe alguém no mundo interessado em saber algo de sua vida, mas prometo que estou me tratando e logo estarei bem.
Esta será a última atualização no ano, pois a partir de hoje começam as minhas férias e apesar de não poder de sair de Curitiba, quero aproveitar esse tempo para fazer coisas totalmente diferentes das que fiz durante o ano inteiro, (inclusive, hoje em plena segunda-feira a tarde, vou ao cinema... falando nisso, os cinemas funcionam em plena segunda-feira à tarde?) por isso só estarei de volta no ano que vem.

No post anterior, basicamente, tratei de um detalhe da minha personalidade, neste, pretendo fazer um balanço do ano que está se encerrando. Bom, chega de papo furado e vamos a ele:

Entrei em 2006 formado, isso por si só foi motivo de enorme satisfação de minha parte, afinal cursar uma faculdade de Direito numa Universidade privada, para alguém com a minha condição financeira não é mole! Em várias oportunidades pensei que não chegaria ao final sem precisar trancar algum semestre, por isto, quando consegui concluir o curso sem parar nenhum período e ainda por cima, conseguindo pagar a cerimônia de formatura com baile e tudo, foi algo realmente inacreditável.

Entretanto, de nada adianta ser formado em Direito, e não passar no Exame de Ordem - que o digam vários dos meus colegas de turma - afinal de Bacharéis o mundo está cheio. Passada a euforia da formatura, veio a apreensão típica dos grandes desafios, isto porque eu não tinha certeza da minha aprovação. Para minha sorte, um dos cursos preparatórios da cidade me ofereceu uma "bolsa" para participar do seu curso específico para a prova da OAB-PR, no meu caso, esse preparatório foi decisivo para minha aprovação na segunda fase. Nesta etapa a prova é composta por 5 questões práticas e uma peça processual (petição), direcionadas a uma área do Direito, e embora eu tenha feito diversos estágios, a exceção do Núcleo de Prática Jurídica da PUC, onde atuei na área penal, nos demais escritórios nenhum deles me permitiu elaborar qualquer peça processual. Durante 3 meses devo ter feito umas 100 peças.

Até que chegou o dia da prova, mas antes disso, vale esclarecer que no ato de inscrição do Exame, é possível escolher por fazer a prova de Direito Penal, Trabalhista ou Cível, a minha opção foi pela Trabalhista. Nesta área, até o Exame anterior ao que participei, somente três peças processuais foram pedidas: petição inicial, constestação (resposta do réu) e recurso ordinário; e não é que justo no primeiro exame de 2006, a OAB-PR resolveu inovar, e nos preparou um Mandado de Segurança? Por sorte eu estava com o material adequado (isso mesmo, a prova é com consulta!) e consegui fazer o que era preciso para ser aprovado.

Entretanto, de nada adianta passar no Exame de Ordem e não ter clientes. Confesso que novamente, duvidei da minha capacidade. Como disse antes, eu fiz vários estágios e se estes, pouco serviram para me ajudar a aprender a redigir peças processuais, pelo menos serviram para mostrar que eu não sirvo para entrar num escritório formado. Por este motivo decidi me largar na selva e disputar clientela com os reis desta mesma selva. Imaginem a cena, um coelho resolve de uma hora para outra passar a comer carne, e para isso, começa a disputar as presas com leões, leopardos, hienas, entre outros. Logicamente, outra vez tudo se dificultou, no entanto, vencida uma certa dificuldade inicial, as coisas começaram a melhorar, e os clientes, aos poucos, começaram a chegar. Hoje tenho um número satisfatório, com tendência a melhorar no ano que bate à porta.

Porém, como não podia deixar de ser, nem tudo é motivo para felicidade! Desde 2004 eu estagio num Sindicato de trabalhadores, o problema é que esse estágio sempre esteve fora da minha atividade jurídica, ao me formar, imaginava que teria um reajuste de salário, além de passar a fazer parte do corpo jurídico da entidade; num determinado dia o presidente me chamou e disse que me daria este aumento, bem como me promoveria a advogado do Sindicato, porém, estou esperando a efetivação desta promessa até hoje, pois continuo sendo "estagiário".

Além disso, outro detalhe me incomoda, durante a faculdade, várias matérias eu detestava, mas uma, eu destestava em especial: Direito Tributário! Ocorre que agora, para minha surpresa, depois de formado, ao que parece estou me tornando advogado de um único tipo de causa, porque destes clientes que eu falei que estão começando a me procurar, 90% vem para propor um único tipo de demanda, e o que é pior, justamente na área Tributária. Pois é, assim como um rio, que tem o seu curso pré-determinado, mas que uma vez ou outra transborda-o, o rumo de nossas vidas, em certas ocasiões sai do nosso controle, e em vez de nós dizermos para onde queremos ir, é como se entrássemos num taxi e o motorista é quem nos dissesse onde deveríamos descer. Este fato de me transformar em advogado de uma ação, me deixa um tanto frustrado, pois não era isso que eu tinha em mente na época em que eu não passava de um mero acadêmico, ou seja, este quadro espero que seja alterado no próximo ano.

Enfim, como ficou claro, 2006 foi o ano das realizações profissionais, e no final das contas, acabou sendo um ano muito bom para mim, que venha 2007, e traga o casamento que por enquanto está apenas no horizonte...
Até o ano que vem pessoal, feliz natal e feliz ano novo para todos!

quarta-feira, dezembro 13, 2006

Você é normal?

Algumas pessoas ao se manifestarem sobre algum assunto têm sempre aquele pé atrás, cultivam um certo receio em desagradar seu ouvinte. A partir desta constatação, foi criada a expressão "politicamente correto", ou seja, deve-se evitar qualquer ato que possa ser, ainda que minimamente, ofensivo para determinadas pessoas ou grupos. Isso, como o Marcio demonstrou, já está sendo pregado como tática de sobrevivência no mundo corporativo. Aqueles que gostam de posar como intelectuais, mas que na verdade não passam de meros palpiteiros bem remunerados, estão espalhando que o melhor meio de alcançar o sucesso na carreira é permanecer a vida inteira sem formar a própria opinião, caso contrário ,sua vida profissional pode estar sempre em risco.

Note ainda, que grande parte das pessoas leva a vida numa constante busca por aprovação. Seus atos e suas palavras são friamente calculados para agradar. Quem tem um blog sabe bem disso. Quantos comentários são do tipo: "Gostei do seu blog" ou ainda "Nossa, você escreve muito bem"? É claro que muito provavelmente quem posta coisas deste tipo, não leu sequer uma linha do tal post maravilhoso. Mensagens deste tipo são tão maçantes que a dona de um blog que a julgar pelo seu estilo, adoraria receber comentários deste quilate, já se encheu, apagou o seu "diário virtual" e está pedindo para não deixarem este tipo de mensagem na sua caixa de comentários.

Eu detesto gente que tem essa fixação por ser aceita pela "panelinha", por isso sempre que posso tento me distinguir, fugindo desta previsibilidade.

Em se tratando de comentar em blogs, acredito nunca ter feito um que se resumisse a um elogio vazio ao texto ou ao autor, poucas vezes concordo com o que leio, muitas vezes discordo mesmo concordando, só para polemizar, outras vezes critico o autor, pois sei que ele vai ser muito elogiado pelos outros comentaristas, só para ele não tirar os pés do chão.

Enfim, eu gosto mesmo é de estar sempre "testando" a reação das pessoas ao ouvirem (ou lerem) algo inesperado. Uma vez uma colega de trabalho chegou no escritório dizendo que voltara do almoço com uma dor "estranha" no céu da boca, todos na sala se entreolharam, com um sorrizinho contido, como eu não podia perder a oportunidade soltei:

- Tem certeza que você foi almoçar?

A moça ficou furiosa, passando um bom tempo sem falar comigo.

Pouco tempo atrás, acredito chegado o mais longe até hoje neste caminho perigoso; uma amiga virtual, num chat do Orkut disse estar se sentido mal porque o namorado terminara o relacionamento que eles mantinham (ou outra coisa do tipo), eu tinha certeza que todos ali iriam procurar consolá-la, com aquele velho papo de sempre, "Você é boa demais para ele" ou "Ele deve ser homossexual" (no que não fui desmentido), porém, eu queria fugir do lugar comum e logo disse:

- Será que ele desistiu de continuar com você por você ser uma pessoa insuportável?

Pelo que percebi ela não gostou muito, mas não teve a mesma atitude daquela minha colega.

Pessoas como eu podem ser consideradas excêntricas, entretanto, como já foi divulgado pela revista Época "aqueles que conseguem seguir o próprio caminho vivem muito melhor", além de concluir que "os excêntricos [são] mais seguros, menos estressados e mais felizes. Por isso, tendiam a viver mais." Isto significa que irei viver muito.

domingo, dezembro 10, 2006

Cláusula de barreira e sua inconstitucionalidade


Em decisão unânime, o Supremo Tribunal Federal julgou inconstitucional a controversa "cláusula de barreira" ou eufemisticamente falando, "cláusula de desempenho", (caso você que está lendo este post queira maiores detalhes sobre o que é esta cláusula, sugiro uma visita ao blog do Dorian, que lá ele explica os pontos básicos do instituto).

O STF sempre foi muito criticado nos meios jurídicos e acadêmicos, em razão de alguns julgamentos serem decididos por questões políticas, deixando de lado a análise jurídica, entretanto, em relação ao julgamento da cláusula de barreira, as críticas estão invertidas, pois alguns "especialistas" têm, equivocadamente, alegado que o Tribunal deveria ter realizado um julgamento político e não jurídico.

Os deputados dos partidos maiores ao se unirem para aprovar esta lei, claramente inconstitucional, pretendiam consolidar a posição hegemônica destes partidos maiores, calando as vozes dissonantes da minoria, ou seja, este "muro" que pretendia impedir o pleno funcionamento de partidos menores não passa de uma tentativa de elitizar o Congresso Nacional. Talvez os idealizadores desta, imaginem que o Parlamento deva ser dividido em classes, assim como a sociedade. Para justificar a aprovação desta norma, membros dos grandes partidos passaram a disseminar, por todos os cantos, que a culpa da totalidade dos males políticos da nação recai sobre os chamados partidos nanicos, passando a identificar a expressão "partido pequeno" a "partido de aluguel". Entretanto, está provado que uma coisa nada tem a ver com a outra, afinal o PP alcançou o desempenho necessário, e como todos sabem faz parte da "bancada mensaleira". Outro belo exemplo, atende pelo nome de PMDB - o maior partido do Brasil - este sempre fez parte da base de apoio do governo FHC, e agora "loca" seus préstimos ao governo Lula, ou seja, mesmo os partidos grandes, podem ser enquadrados como partidos de aluguel.


Um Estado que se auto-qualifica como "democrático de Direito" não pode se utilizar de leis infra-constitucionais para desrespeitar direitos das minorias, como o de existir ou de se manifestar nas discussões sobre os destinos da sociedade, por exemplo. Ressaltando que democracia não se restringe a um mero governo da maioria, é bem mais que isso. A verdadeira democracia não deve se converter numa tirania da pretensa maioria contra a minoria. Isto significa que não existe nada de democrático em deixar que os partidos que representem as minorias sociais morram por inanição, pois a cláusula de barreira apesar de não matar os pequenos partidos, os condena ao desaparecimento.

Vale lembrar que a Constituição da República possibilita que a minoria de hoje tenha condições de vir a se tornar a maioria de amanhã, por esta razão, não se admite que uma lei ordinária venha e altere este quadro. Por tudo isto, o julgamento do Supremo foi corretíssimo.


Por fim, resta salientar que a decisão do STF foi uma das mais sensatas dos últimos anos, agora para confirmar que vivemos novos tempos neste órgão, só falta uma decisão favorável a interrupção de gestações de fetos anencéfalos.

quinta-feira, dezembro 07, 2006

Constantino se converteu ao cristianismo? Ora, caia na real!

A conversão do Imperador romano Constantino é considerado o fato mais emblemático na história do Cristianismo, depois dos relatos bíblicos. Como decorrência desta "conversão" em 313, ele assinou um decreto, conhecido como "Edito de Milão" ou "Edito da Tolerância", no qual a religião surgida a partir dos ensinamentos de Jesus Cristo deixou para trás os tempos de clandestinidade no Império Romano, (porém o reconhecimento como a religião oficial do Império só viria a acontecer mais tarde, com Teodósio). Além disso, a promulgação do Edito serviu como ponta-pé inicial para a Igreja de Roma, aos poucos, alcançar a primazia religiosa que sustenta até hoje.

A explicação oficial para esta, suposta, conversão é que na noite anterior à uma das inúmeras batalhas empreendidas pelo exército dirigido por Constantino, este teria sonhado com uma cruz, na qual havia a seguinte inscrição:

"Sob este símbolo vencerás!"

Na manhã seguinte, ele ordenou que fosse pintada uma cruz em todos os escudos da soldadesca e a batalha resultou numa esmagadora vitória do seu exército. A partir daquele momento, Constantino, passou a se confessar cristão. Sendo esta a razão, inclusive, para a cruz ter se tornado o símbolo do cristianismo.

Entretanto, a despeito deste relato, não me convenço que houve uma conversão sincera. Me parece que Constantino enxergou no cristianismo um meio de consolidar seu poder, já que após a vitória na citada batalha, ele se convertera no único soberano do lado ocidental do Império e os cristãos formavam o único grupo que não o via como seu Senhor Supremo.

Sem esquecer que grande parte dos cristãos daquela época, preferiam a morte, a ter de participar de rituais não-cristãos, muitos pagando com a própria vida por tamanha "desfaçatez". Esses "mártires", como ficaram conhecidos, morriam por amor à sua causa, o que certamente deixava os integrantes do alto comando romano, bem como o próprio Constantino, perplexos diante de tamanho nível de entrega.

Vale ressaltar ainda que um antigo historiador chamado Políbios, certa vez, ao analisar as crenças gregas e romanas, ao final concluiu que os romanos tendiam a praticar menos iniquidades que os gregos, pois acreditavam na existência do inferno.

Diante destes fatos, Constantino como grande estrategista, provavelmente, entendeu que uma vez controlando esta religião, teria sob suas ordens um excelente contingente humano. Isto é, o Cristianismo, lhe seria muito útil, ainda que sinceramente não acreditasse nele.

Enfim, a "conversão" de Constantino, provavelmente não ocorreu - lembrando que seu batismo se deu apenas em seu leito de morte - ele apenas enxergou na crescente religião um instrumento para unir um Império que já dava sinais de desgaste.

segunda-feira, dezembro 04, 2006

O que fazer com a Xuxa?


Esta provavelmente é a pergunta que os diretores da Rede Globo devem se fazer todos os dias. Afinal ela não consegue mais fazer um programa infantil aceitável e o que é pior, não sabe conduzir algo que fuja deste formato.

É inegável que há algum tempo atrás, Xuxa viveu momentos gloriosos, entretanto, atualmente parece estar presa a este passado. O atual programa apresentado por ela não passa de uma mera cópia, do antigo "Xou da Xuxa" dos anos 80/90 e como toda cópia, é inferior ao original. Já ficou claro que a criançada está saturada da personagem "Xuxa" e não a suporta mais. Talvez o maior erro dela, foi ter voltado a apresentar um programa infantil, quando seu outro programa, em tese adolescente, merecidamente, naufragou. Ela deveria ter tido a capacidade de interpretar isso como o último suspiro de sua personagem e se retirado com dignidade.

Certamente, a diretoria global, também sente como se refém fosse deste passado, pois mesmo sabendo que ela não tem nada mais a oferecer nesta área, não têm força moral para tirá-la da grade de programação, além de não se arriscarem a produzir um programa diferente, pois sabem que o resultado seria constrangedor.

Apesar disso tudo que foi dito aqui, ela aparenta não aceitar esta realidade, talvez por padecer da "Síndrome de Peter Pan"! Enfim, como se costuma dizer: Envelhecer é inevitável, amadurecer é opcional! Ao que me parece, Xuxa envelheceu, mas optou por não amadurecer.

quarta-feira, novembro 29, 2006

Se Deus não existe no que está fundada a Moral?

Era madrugada, Marcão estava deitado em sua casinha, quando ouve um ruído, ele se levante imediatamente e dispara na direção do barulho. Chegando lá, depara-se com um sujeito que acabara de pular dentro do quintal da casa, o cachorro gruda na coxa do sujeito, ficando ali por "muitas horas" (ao menos no ponto de vista do assaltante), ao final arranca-lhe uma lasca de carne que sai regada a muito sangue. O rapaz grita de dor, acordando toda a vizinhança. A ambulância é chamada e o invasor é levado. Na manhã seguinte, quando os ânimos descontraem, Gatuno vai conversar com seu colega:

- Por que você fez aquilo na perna do cara? Você não deveria ter feito isso, Marcão! Afirma o gato.

- Não deveria por quê? Pergunta Marcão, em tom desafiador.

- Isso é imoral! Você viu como ficou a perna dele. Pensa na dor que ele deve ter sentido. Pode ter certeza que a Moral Divina reprova, violentamente, este seu ato!

- Eu simplesmente agi conforme manda minha natureza, Gatuno. Além disso, eu tenho a minha própria Moral, até porque, para existir uma "Moral Divina" é preciso haver um "Deus". Responde Marcão, com uma ponta de ironia.

- Marcão, a moral só tem razão de existir se Deus existir. Como afirma Dostoiévski, falando pela boca de seu personagem, Ivan Karamazov: "Se Deus não existe, então tudo é permitido."

- Gatuno, você está misturando Moral com Religião. Se é assim, então como você explica o fato de alguns ateus se submeterem a princípios morais, tão rígidos quanto muitos teístas?

- Essas pessoas, obviamente, são influenciadas pelos adeptos da Moral Divina. Até porque, Marcão, assim como leis jurídicas precisam de um legislador que as crie, a Moral requer igualmente, uma fonte última de moralidade. Isto é, os valores morais, para terem autoridade, devem possuir uma origem exterior aos indivíduos cujo comportamento, pretende regular.

- Você, está confundindo as coisas - responde Marcão - os valores morais são internos e bem mais profundos que o teísmo jamais sonhou alcançar. Já Deus, é uma questão separada e externa, em momento algum eles se entrecruzam.

- Marcão, não tente enganar a si próprio. Lembre-se que você tem o conhecimento, portanto, quando chegar perante Ele - neste momento, Gatuno aponta para o céu - ninguém poderá alegar ignorância invencível em sua defesa.

- Não sabe o que dizer, Gatuno?

- Levar uma vida Moral somente se explica - complementa Gatuno - se efetivamente existir um Deus e uma vida após a morte. Isto é, somente se houver um Deus apto a julgar os atos praticados na Terra é que poderemos ter a certeza de que uma vida virtuosa poderá ser também proveitosa. Isso significa que se Deus não existir, como você apaixonadamente defende, quem se conduzir de modo errado não será punido, o bem não será recompensado. Diante disto, qual será o benefício de alguém levar uma vida correta, no sentido Moral da palavra, se no final teremos apenas o fim da consciência? O apóstolo Paulo demonstra com maestria que se não existe vida além do túmulo, correto estão os hedonistas. Outra coisa, qual seria a fonte dos preceitos morais, senão Deus? Deus é o início e o fim de tudo, Marcão, inclusive da Moral.

- Papo furado! Não existe Deus ou qualquer ente supernatural na base da moralidade. Os códigos morais são alcançados de modo consensual, graças à orientação das regras inatas e empíricas do próprio povo a que se destinam. A Moral pode ser explicada de modo biológico, é inata, a evolução dotou todos nós* da capacidade de distinguir, intuitivamente, o que é certo do que é errado. A Moral, na forma como a conhecemos, nos foi imposta por nossos genes, para nos obrigar a cooperar. Enfim, como eu disse, não existe fundamento externo para a Moral...

- Pelo que você diz, nós seríamos bons por natureza, entretanto, veja em Lucas que Jesus diz que nós somos maus, derrubando sua tese por completo. Entenda que a noção de certo e errado inerente à todos nós, não pode ser explicada de modo biológico e muito menos pela experiência.

- "Marcão, vem cá Marcãozinho". Era a dona da casa, interrompendo a conversa para recompensar o cachorro por sua bravura naquela madrugada.

* Marcão e Gatuno imaginam estar no mesmo nível dos seres humanos, por isso em momento algum se excluem deste debate Moral, entretanto, neste ponto ambos estão equivocados, pois as regras morais regulam tão-somente o comportamento humano.

quinta-feira, novembro 23, 2006

E agora Petraglia?

O jogo de ontem (ou hoje) era perigoso, o Atlético precisava ganhar, para isso precisava partir para o ataque, pois o Pachuca entrava em campo classificado. O resultado todo mundo sabe, 4 a 1 para os mexicanos. Na realidade, a goleada não surpreende, afinal o time foi mais longe do que sua qualidade nos faria prever.

O atual time atleticano é o mais fraco desde 2004 quando tinha o melhor elenco do país, superior até ao Santos de Robinho. O goleiro do time, apesar de ter falhado no gol mexicano dentro da Arena, está entre os melhores do Brasil. Nas laterais, zaga e meio de campo armador, o time sofre muito. Jancarlos é fraco, embora bata na bola como poucos, o problema é que geralmente, sua permanência em campo está restrita a execução de jogadas de bola parada. Na lateral-esquerda, Michel, é uma piada em campo, até hoje não justificou sua contratação. Na zaga, João Leonardo e César, deixam a torcida com o coração na mão sempre que tocam na bola. Danilo tem a cara de um time aqui da capital paranaense, não chega a ser uma porcaria, mas está longe de ser de primeira. No meio-de-campo, não existe alguém apto a armar uma jogada, o colombiano Ferreira joga muito, mas está sozinho e preparar jogada para o ataque não é sua especialidade. Enfim, chegar nas semi-finais da Copa Sulamericana é mais do que qualquer um poderia esperar de um time que foi, facilmente, eliminado do Campeonato Paranaense pela ADAP (quem?)!

Passar pelo Pachuca seria muito difícil, deste modo, ser eliminado com uma goleada, em se tratando de Atlético, é muito melhor que ficar no "quase". Contraditório? Explico.

Em 1995, o Furacão estava na segundona, sem quaisquer perspectivas de subir. Entretanto, a diretoria de então, gostava de alardear que o time era muito bom, (é desde aquela época já era assim!) veio um Atletiba (para quem é de fora, trata-se do clássico Atlético X Coritiba), e os verdes ganharam por 5 a 1, após esta goleada, veio a "revolução" comandada por Mario Celso Petraglia, que transformou o Furacão no que ele é hoje. Ou seja, na hipótese do Rubro Negro ser eliminado, empatando o segundo jogo, ou perdendo a vaga nos penaltys, a diretoria, faria como em 95, ou como no início deste, quando o Marketing, (porque nisso o Atlético tem tradição) plantou na cabeça dos torcedores que o elenco atleticano era excelente. No começo deste ano, os dirigentes, passaram a impressão de confiar tanto no time que pouco importava quem seria o técnico, pois o clube seria campeão de tudo que disputasse, então surgiu a idéia de trazer o alemão Mathaus, para atrair a mídia internacional. Agora estamos no fim de 2006 e a conclusão é que a diretoria errou, mais uma vez.

E agora Petraglia? Qual será a atitude? Teremos em 2007 uma cópia de 2006?

segunda-feira, novembro 20, 2006

Afinal, para que serve um blog*?


A resposta a esta pergunta eu deveria ter dado há alguns meses atrás, quando criei este blog. Aliás, todos que criam um blog deveriam ter como primeiro post, uma resposta a esta indagação. Agora vou tentar corrigir esta minha falha inicial, respondendo a pergunta de forma satisfatória.

Ontem, eu estava em casa sem fazer nada de muito útil, para passar o tempo sintonizei numa das MTVs genéricas, não sei agora se era a MIX ou a PlayTV, mas este detalhe é desimportante (como disse um Oficial de Justiça para mim ontem) o que vale a pena dizer é que estava passando o clipe da nova música do Skank (muito bom o clipe, melhor ainda a música) "Uma canção é para isso", nela, retoricamente, o compositor revela para que serve uma canção, desde então eu fiquei com essa música na cabeça, chegando no trabalho fui dar uma olhada nos blogs parceiros, quando pensei comigo:

- Puxa, por que e prá (sic) que esse povo perde tanto tempo escrevendo num blog?

Alguns blogueiros, mesmo tendo outras atividades profissionais, acadêmicas ou ambas, decidem devotar tempo, pensando no que escrever, buscando notícias, escrevendo, tudo para manter seus blogs sempre atualizados, quando poderiam estar fazendo outras coisas, tão ou mais interessantes. Qual seria o objetivo de quem decide expor suas idéias à apreciação pública? Que esteja claro que aqui me refiro às pessoas cujo sustento, nada sai de seus blogs, ou seja, blogueiros como Edney, Alê Félix, Antonio Tabet, por exemplo, não entram nestas minhas especulações por razões óbvias.

Tentando responder a esta pergunta, em primeiro plano vale dizer que a Constituição Federal define o direito à intimidade como inviolável, antigamente, creio que a grande maioria da população brasileira e mundial até, buscava levar uma vida anônima, entretanto, hoje com Big Brother, Orkut, MySpace entre outros, todos querem chutar a Constituição para longe, buscando sempre algum tipo de notoriedade e a internet proporciona essa possibilidade.

Fama! A meu ver, este é um dos prováveis objetivos de quem cria um blog. Seja entre seus amigos mais próximos, seja em termos mais metropolitanos.

Outro possível objetivo é a carência afetiva. Certa vez conversando com uma amiga blogueira, ela falou que geralmente, quem tem blog é carente. Realmente, esta pode ser uma das explicações também, algumas pessoas podem sentir falta de alguém disposto a ouvi-las. Como dizia Aristóteles, o homem é um animal social, isto é, precisa interagir com os demais membros da sociedade, não importa como se dará este contato, se real ou virtual. E o blog permite tal interação de modo muito amplo. Perceba que o post inicial serve como um início de conversa, em seguida quem tiver interesse pode se valer dos comentários para continuar o papo. Além disso, é possível conhecer várias pessoas que passem pelo mesmo problema, o que ajuda a diminuir este sentimento.

Outra explicação possível é a vaidade. O sujeito vê em si próprio, tamanha importância que é necessário mostrar ao mundo sua rotina ou suas opiniões, pois na cabeça dele, todos precisam saber o que ele comeu no café da manhã, o que ele sonhou na noite passada, o que ele pensa sobre a última eleição presidencial, etc. Algo a ver com narcisismo, sabe?

Agora, pessoalmente falando, a minha motivação não se encontra em nenhuma destas cogitações. Eu tenho um blog pelo mesmo motivo que a Clarice - clique aqui para saber qual.


* A foto não tem nada a ver com o tema deste post, na verdade eu só a coloquei porque quando procurava uma foto para iniciar o texto, uma das que o Google encontrou foi ela, e como na infância eu era fã do desenho, aí está a foto.

sábado, novembro 18, 2006

Divagações na terceira pessoa - II

Cíntia, havia saído para dar uma volta, a fim de esfriar a cabeça, sabe? Sérgio ficou em casa, após sair do banho, decidiu ver televisão, pulava de canal em canal, e não encontrava nada que lhe trouxesse alguma paz de espírito. Desligou o aparelho e foi deitar, tentava esquecer aquela discussão que já era a terceira, em um mês de casado.

Ele estava questionando sobre a decisão de se casar. Notou, que na realidade ele não sentia saudades de Cíntia quando não estavam juntos, aquele momento por exemplo, sua esposa não fazia a menor falta, o detalhe é que sempre foi assim. Desde o namoro, Sérgio, sentia-se até melhor quando ela estava longe, porém, agora já era tarde o casamento estava consumado e não havia outra opção, exceto tentar uma reconciliação, muito embora isto lhe parecesse impossível, pelo menos pelos próximos dias.

Cíntia, chegou em casa espumando de raiva, passou o dia todo tentando falar com Sérgio, só que ele, por algum motivo, não estava no trabalho e não atendia ao celular. Não era a primeira vez que isso acontecia, e coerentemente, em todas as outras ela ficou furiosa. Exatamente por isso, ela estava mais nervosa, pois se ele já sabia qual seria a reação dela, por que ficar provocando? Pensava. Na cabeça dela, o motivo era um só.

Cíntia entrou em casa mais ou menos 7 da noite, Sérgio ainda não chegara, tomou um banho enquanto o aguardava. Quando ele colocou a chave na porta, ainda do lado de fora, Cíntia gritou:

- Onde você estava?

A raiva que aquela moça sentia, deixava-a incontrolável, não importava o que ele dizia, nada chegava perto de seu ouvido, quanto mais entrar, mesmo que fosse para, imediatamente, sair pelo outro. Ela dizia que ralava o dia inteiro, enquanto ele simplesmente saía do trabalho para passar o dia inteiro fora, e ainda por cima, sem atender o celular. Sérgio, no início tentou esclarecer alguma coisa, mas logo desistiu quando notou que mais uma vez, qualquer palavra dita por ele seria "solenemente" ignorada. Saiu da sala, foi para o quarto, Cíntia veio atrás, dizendo saber exatamente onde ele estava, que se ele pensava que podia enganá-la, estava muito errado, que iria contar para a mãe dela, para a mãe dele, para os amigos dela, para os amigos dele, enfim, todos iriam saber o que ele estava "aprontando".

Ao ouvir esse final, Sérgio se voltou contra ela, impressando-a contra a parede, naquele momento, pela primeira vez Cíntia teve medo de seu marido, ele estava com os olhos cheios de ira, e gritou três vezes para ela calar a boca, isso a dois dedos de distância. Ele a largou, foi tomar um banho, e ela foi dar uma volta, depois foi à casa de uma amiga.

Chegou à casa de Eliana, esta ouviu a campainha e ao abrir a porta recebeu Cíntia que estava com os olhos marejados, porém, sem perder a compostura. Eliana morava sozinha, há algumas quadras de distância, numa casa luxuosa. As duas sempre foram amigas, embora fossem de "mundos" completamente distintos. Eliana, com sua doçura tradicional, atendeu sua amiga, deu-lhe um abraço e a chamou para entrar, já imaginando o que teria ocorrido. Cíntia, não dizia nada, até perguntar se ela achava que o casamento teria sido um erro. Eliana repondeu:

- Por que você me pergunta isso? Antes de você casar, quando ainda estava namorando e veio me dizer que vocês iriam noivar, lembra quais foram as minhas palavras? Se não lembra, tente lembrar, a minha parte eu fiz. E mais, lembra qual foi a sua reação?

Cíntia respondeu:

- Verdade, quem dera eu tivesse te ouvido, está acontecendo tudo que você tinha falado...

terça-feira, novembro 14, 2006

Pena de morte não é a solução

E o tão esperado final está próximo! O sanguinolento ditador iraquiano deverá ser morto por um órgão oficial iraquiano.

Que Saddam Hussein será condenado à morte, ninguém duvida, falta saber apenas, se a pena será efetivamente executada.

Deve demorar, mas acredito que Saddam não deva ter escapatória, uma vez que certamente a ordem da execução já partiu diretamente de Washington, que enxerga na morte do ditador, uma espécie de ponto de honra, visto que a invasão do território iraquiano se transformou numa das maiores trapalhadas da história. Com a morte do antigo ditador, por mais que de agora em diante nada mais dê certo, seja nesta "guerra contra o terror", ou mesmo internamente, os republicanos sempre baterão na tecla de que o objetivo foi alcançado. Diante disso, eu não acredito que a vida do iraquiano seja poupada, pois se isso acontecer, os membros do atual governo dos Estados Unidos deixarão o poder com a sensação de terem fracassado, o que seria inadmissível para os "poderosos" norte-americanos.

Porém, não é isso que me interessa agora, a eminente execução de Saddam Hussein foi só o gancho para o assunto que realmente quero tratar neste post: pena de morte. Pretendia escrever algo sobre isso, no entanto, surgiu um problema - pensando melhor, conclui que tudo o que eu poderia dizer contra o instituto já foi dito. Afinal este assunto é na lista dos assuntos mais comentados, só deve perder para o "aborto"! Este tema já foi exaustivamente abordado, internet à dentro, todos os argumentos relevantes, tanto favoráveis quanto contrários, já foram suficientemente expostos, a própria Mary, minha amiga blogueira (que está à beira de se transformar na minha amiga ex-blogueira), já tratou do assunto com muita competência. Por estes motivos não vou escrever os textos como costumo e gosto de fazer, irei ressaltar apenas dois aspectos, dentre outros extremamente relevantes, que me levam ser contra a pena capital:

1º - é justo matar alguém após passado o calor dos fatos? Entendo que não. Imagine a seguinte situação: você está andando, tranquilamente, pela rua quando alguém vem e encosta uma arma na sua cabeça, ameaçando atirar se você não passar sua carteira. Você não tem dinheiro, ele não acredita e quando o asssaltante está a ponto de atirar, você consegue tirar a arma de sua cabeça e tem início uma luta entre os dois. No calor dessa luta, se surgir a oportunidade, você tem o direito de matar o assaltante? Eu penso que sim. E se acontecer de durante esta luta você conseguir vencê-lo, acertando um golpe fulminante, que acaba por deixar o assaltante desacordado. Você tem o direito de pegar a arma que ele portava e apertar o gatilho matando-o? Neste caso, acho que a sua resposta será pela negativa. Certo?

Assim, a pergunta que deve ser respondida é: seria correto matar alguém que já está dominado pelo aparato Estatal? Claro que não, por isso a pena de morte não deveria nunca ser adotada por qualquer país que respeite os direitos humanos;

2º - desconheço ocasiões em que o sujeito antes de cometer qualquer tipo de crime, consulte o Código Penal, para decidir se deve praticá-lo ou não. O criminoso, sempre tem a idéia de que não será pego, esta forma de pensar é intuitiva. Ou seja, pouco importa se a pena prevista é de morte ou outra menos grave, não é a gravidade da pena que inibe a criminalidade, e sim, a certeza da punição cumulada com medidas sociais.

Por tudo isso, e algumas coisas mais é que algumas pessoas repetem como se fosse um mantra: "pena de morte não é a solução!" É muito clichê dizer isto, mas não é mesmo.

quinta-feira, novembro 09, 2006

Enquete sobre a Justiça

Durante o julgamento do responsável pela morte de seu filho, uma mãe clama por "Justiça". Na televisão em seu programa das tardes, Sonia Abrão ao tratar do caso "Richtofen", só fala em "Justiça". Na Bíblia temos em diversas passagens, a promessa de que o "justo" terá sua recompensa. Um grande traficante aqui de Curitiba, foi preso na semana passada, pouco tempo depois de adquirir alguns contêiners de cocaína, agora ele pede a devolução da matéria apreendida, dizendo ser medida de Justiça. Um amigo meu diz que é injusto o Silvio Santos ter o direito de andar de ônibus de graça, em razão da idade, e ele sendo pobre, não ter o mesmo direito simplesmente por não ter alcançado a idade mínima necessária para a isenção. Eu entendo não ser justo alguém receber o salário que é pago a mim. É injusto alguém ganhar tão pouco assim. Caramba! Tudo isso tem a ver com a Justiça mesmo?
O conceito de Justiça sempre foi motivo de discórdia entre os grandes pensadores da humanidade. Entre os romanos foi definido como a virtude que consiste em dar a cada um, em conformidade com o direito, o que por direito lhe pertence. Inclusive, essa é a definição encontrada no dicionário mais famoso do Brasil, o Aurélio.
Aristóteles dizia que o conceito de Justiça estava intrinsicamente ligado à lei, sendo seguido por diversos outros filósofos, como Hobbes, Montesquieu, Rousseau, entre outros. Ou seja, justo é o que está permitido em lei, e injusto o que está proibido.
O povo Hebreu, diversamente, reduzia a Justiça à lei divina, ou seja, quem cumpria a lei ditada por Moisés, era considerado justo.
Em termos legais, no Brasil, alguns juristas afirmam que o princípio da igualdade, contido no artigo 5º da Constituição da República, é o que mais se aproxima do que se pode chamar de Justiça.
Existem ainda outras duas correntes filosóficas que me inspiraram a colocá-las como opções na enquete ali ao lado. A primeira é a do utilitarismo, esta corrente entende que para analisar a Justiça de um ato, é necessário analisar as consequências deste, sempre que o resultado for satisfatório, o ato é justo, quando não, o ato é injusto. Por meio desta tese mostra-se inteiramente justo, enxergar-se numa pessoa um instrumento para alcançar um fim maior.
Em contrapartida, temos os não-consequêncialistas, cujo expoente maior atendia pelo nome de Immanuel Kant. Os defensores desta corrente, entendem que Justo é ter nos seres humanos um fim em si mesmo, nunca um instrumento, por mais que o objetivo visado seja altamente agradável.
Bom, diante disto, vale dizer que eu ainda não encontrei um conceito, totalmente, satisfatório para ser aplicado à Justiça, porém gostaria de saber a opinião de outras pessoas sobre o tema. Você que está lendo este post agora, se puder, deixe seu voto nessa enquete aí ao lado, ou se você, não se satifez com estas opções deixe um comentário expondo seu entendimento.

segunda-feira, novembro 06, 2006

Estrangeirismos


Um tempo atrás, na "Blogueiros", uma comunidade do Orkut, surgiu uma discussão sobre o chamado estrangeirismo, mais especificamente o anglicismo. Tudo começou porque alguém notou que algumas pessoas costumam se utilizar de palavras inglesas, mesmo nas hipóteses em que há equivalentes em português. Neste texto, (aproveitando que blog aceita tudo!) pretendo expor minha opinião sobre esse tema.

Certamente, a introdução de palavras provenientes de línguas diversas, muitas vezes oxigena um idioma, tornando-o mais dinâmico, e a meu ver não há nada de desastroso nessa "importação". No entanto, deve ser ressaltado que em primeiro lugar deve ser buscado no idioma nativo a expressão apropriada, caso esta não seja encontrada, aí sim poderia ser utilizada uma estrangeira. Isto é, não se deve aceitar passivamente a prática de empregar palavras de outros idiomas, quando no nosso existe uma capaz de exercer, a contento, determinado papel. Por exemplo, algumas lojas, especialmente nos shoppings centers, costumam estampar em suas vitrines: 50% off, em vez de 50% de desconto. E também no ambiente corporativo, nos quais as pessoas gostam muito de pedir um feedback em vez de pedir uma opinião.

Deste modo, quando uma palavra estrangeira servir para ocupar um espaço até então vazio no português, ou ainda para introduzir um novo conceito, serão muito bem vindas, por exemplo: o campo da informática é terreno fértil para a utilização de palavras estrangeiras, especialmente inglesas, tais como blog, mouse, spam, entre outras, além de neologismos como, deletar, clicar etc. Todas essas palavras penetraram no nosso quotidiano carregando uma carga conceitual nova, além de estarem confinadas ao já citado, campo da informática, por isso não há motivo para recusá-las.

O problemas é que hoje em dia muitas pessoas utilizam-se de estrangeirismos, com o intuito de transparecer atualidade ou até mesmo demonstrar possuir mais cultura que as demais. A explicação para essa idéia, até certo ponto equivocada, talvez encontre alguma explicação na origem do idioma português. Entre os romanos, existia o latim literário e o latim falado pela camada popular, ou latim vulgar, foi este último que soldados, colonos e funcionários romanos transportaram para as regiões por eles conquistadas, dando origem ao nosso português. Enquanto isso, o latim literário somente era utilizado por uma pequena elite culta, como Cícero e Horácio. Talvez resida neste ponto a razão para que em todas as épocas algumas pessoas tenham tido a idéia de inserir palavras estrangeiras no meio de suas frases. Aparentemente, pretendem com isso, diferenciarem-se da maioria. Antigamente era o francês que exercia o papel do latim literário, depois da segunda guerra, o inglês assumiu esta condição.

Resta esclarecer, entretanto, que esta prática de utilizar palavras estranhas ao idioma falado no Brasil é mais ridículo que perigoso. E ao contrário do que pensa o deputado Aldo Rebelo (PCdoB/SP), autor de um projeto de lei que pretende regulamentar a utilização do idioma português, o melhor modo de se impedir a descaracterização da língua portuguesa, é por meio de campanhas de conscientização e não por meio de leis, que muito provavelmente serão ignoradas.

sexta-feira, novembro 03, 2006

Divagações na terceira pessoa (ou quase)

Sérgio, era uma pessoa pouco confiante, introspectivo, cheio de medos e um pouco confuso, entretanto, isso ele guardava para si, seus colegas e amigos mais próximos nunca perceberam estas características, sempre o descreviam de forma exatamente oposta, alguém com extrema confiança nele mesmo, extrovertido e muito decidido. Por isso, todos, invariavelmente, ao receberem a notícia levavam um choque muito grande. Cíntia, sua esposa, que recebeu a notícia, via celular enquanto subia a escada do prédio no qual trabalhava, sentiu como se tivesse levado um soco na ponta do queixo, perdeu os sentidos, caiu, rolou escadaria abaixo, sua cabeça abriu, espalhando sangue, degrau a degrau.

Nem a família do rapaz, tinha uma explicação para aquele ato. Sandro, seu colega de trabalho ficou perplexo, não conseguia acreditar no que estava ouvindo, assim como todos os outros não tinha uma explicação para aquilo e decidiu tentar descobrir a razão que levara seu amigo a cometer aquele ato extremo. Ele só sabia que Sérgio, num determinado dia afirmara querer largar tudo e ir embora, mas não sabia de onde tirar forças. No dia em que ouviu essa confissão, Sandro, não prestou muita atenção nas palavras de seu colega, afinal ele tinha seus próprios problemas, sem contar que Sérgio, não lhe parecia lá muito encrecado, como aquela frase faria supor.

Em sua busca por respostas, a primeira pessoa a quem Sandro queria se reportar, não poderia ajudá-lo, pois estava morta, seria Cíntia, a esposa que morreu ao ter a notícia do ocorrido. Então, ele pensou na mãe de seu colega, dona Cláudia. Ela lhe falou que seu filho nunca demonstrara tendência a cometer aquele ato, o máximo que ela poderia dizer é que, até o dia de seu casamento, estranhamente, ele nunca pareceu estar muito feliz com aquele acontecimento, que se aproximava dia após dia. Segundo suas palavras, certa vez ela o indagou a respeito de sua aparente indiferença, mas ele como de costume, não quis falar sobre o assunto, preferindo sair com piadinhas nervosas, tentando aparentar uma irreverência descompromissada, que obviamente não existia.

Apesar de d. Cláudia estar tão desinformada quanto ele, já eram duas as informações que Sandro dispunha: Sérgio, não estava satisfeito com alguma coisa. Pensou que tal insatisfação não poderia estar relacionada à sua vida profissional, pois eles trabalhavam juntos e naquele ambiente, Sérgio era um dos que menos reclamava de sua rotina de trabalho, no entanto, descartou esta premissa já que Sérgio também nunca falou que faria o que fez, e mesmo assim acabou fazendo. As informações ainda não eram concludentes, faltavam muitas peças naquele quebra-cabeça, porém, Sandro estava disposto a descobrir o que tinha levado o seu amigo a fazer aquilo...

quarta-feira, novembro 01, 2006

Recado das urnas

Passadas as eleições, resta-nos agora tentar entender o porquê da ocorrência destes resultados.
No plano federal, o resultado foi mais do que previsível! Aparentemente, todos os escândalos de corrupção não abalaram o prestígio de Lula perante seu eleitorado, pois em 2002 ele foi eleito com 61,3%, contra 38,7% de José Serra, e agora, pelo número de escândalos ocorridos, sua votação baixou muito pouco, alcançando o percentual de 60,83 pontos, contra 39,17 de Geraldo Alckmin. Entretanto, apesar desse resultado, não acredito que o presidente Lula tenha a força, quase mítica, que aparenta ter, até porque muitos de seus aliados, tais como Olívio Dutra no Rio Grande do Sul, Aloísio Mercadante em São Paulo ou Espiridião Amin em Santa Catarina perderam, isto é, a transferência de votos não é automático.
A força de Lula está na fraqueza de seus adversários, muitos eleitores apesar de não concordarem com a corrupção havida no governo petista, o modo como a política econômica foi domada ou com alguns pontos da política externa, optaram por depositar seu voto nele a ter o PSDB, novamente, na direção da nação, ou seja, mais que dizer "sim" ao "lulismo", foi dito "não" ao "tucanismo", muito embora, não seja possível a "olho nu", enxergar uma diferença entre ambos os estilos.
Por falar nisso, outro ponto que deve ser lembrado ao ser feita uma análise do resultado dessas eleições, é que o eleitor em geral, não consegue enxergar uma diferença clara entre os membros da classe política, por exemplo, aqui no Paraná foi distribuída propaganda eleitoral na qual ligava o canditado do PDT, Osmar Dias, a Lula e a Geraldo Alckmin, ao mesmo tempo, o candidato do PMDB, Roberto Requião, adotou procedimento idêntico, por isso as pessoas fizeram o seguinte raciocínio: "todo político é igual, então eu vou votar em quem me ajudou!" E Lula ajudou muita gente com o Bolsa-Família e com os excelentes reajustes do salário-mínimo, estes seus dois cabos eleitorais mais relevantes.
No entanto, o que me chama mais atenção é a votação de Geraldo Alckmin, que foi inferior no segundo turno, em relação ao primeiro. Qual fator teria levado alguém a votar nele na primeira oportunidade, e não o fazer na segunda chance? A resposta a essa pergunta, a meu ver, não existe, podemos apenas especular: Algumas pessoas andaram dizendo que o candidato tucano foi muito duro com Lula no debate na Bandeirantes, não vejo dessa forma, entendo que o fator mais significativo neste aspecto foi o oportunismo demonstrado por Geraldo Alckmin, pois sendo ele do mesmo partido de FHC, o presidente que promoveu as maiores privatizações na história do Estado brasileiro, cabia a ele defender e justificar esta opção, e não simplesmente renegar o passado, comprometendo-se, supostamente, a não privatizar outras empresas, o povo ao contrário do que muitos pensam, não é burro, e viu essa atitude como inaceitável por ser obviamente eleitoreira.
Mas se eu for elencar os erros da oposição neste pleito, um post seria pouco.
Bom, agora chega de eleição, vou tirar umas férias desse assusto...vou ver até quando consigo!

sábado, outubro 28, 2006

Debate


Gostei do debate realizado ontem - exceto pela participação dos tais "indecisos", pois como bem disse a Jade, isso me parece mais um "engano-bobo" da Rede Globo.

Em razão das regras do debate, as propostas finalmente apareceram - timidamente, mas apareceram - sendo que estas foram decepcionantes. Ao ouvir os presidenciáveis pensei comigo: o que é pior? Um debate sem propostas? Só com bate-boca, como foi o realizado entre os candidatos ao governo do Estado do Paraná. Ou um debate com "propostas", entretanto, recheado de mentiras e demagogia? Acho que fico com a primeira, neste caso, pelo menos é possível dar alguma risada!

De todo modo, neste post pretendo comentar alguma coisa sobre o último debate destas eleições.
Durante as quase duas horas de debate, Lula, me pareceu mais à vontade, enquanto Alckmin demonstrava mais apreensão. Lula abriu a porta do estoque de mentiras e omissões, já Alckmin, aparentava ter desistido da vitória, pois não conseguia refutar os pseudo-argumentos do petista. Enfim, algo que eu já desconfiava agora é definitivo: nenhum dos dois atuais candidatos a presidente nos servem! Nenhum dos dois apresentou um projeto, mostrando onde pretendem levar o Brasil ao fim do seu mandato. Ambos simplesmente competem no campeonato do "chutômetro".

Lula gosta de dizer que hoje o risco-país do Brasil está muito baixo, que a Selic apesar alta, encontra-se num nível bem inferior ao quando ele assumiu, que a inflação está controlada, etc. Entretanto, o que ele parece não saber (e nem Alckmin, pois ele nunca se ateve a isso de forma contundente) é que no período em que os tucanos estiveram no poder, nós tivemos as crises do México em 1995, dos “Tigres Asiáticos” em 1997-1998, da Rússia em 1998-1999, Argentina em 2001-2002. Além da recessão econômica de 2000, da maior economia do planeta. Enquanto que hoje o mundo está crescendo, só o Brasil ficando para trás.

Num dado momento, Lula deixou claro que considera o povo brasileiro muito burro, ele disse que o desmatamento da Amazônia caiu 52%! Realmente o desmatamento caiu, no entanto ele não disse qual era o ponto de referência. O jornal Folha de S. Paulo do dia 27 desse mês, publica um gráfico mostrando quanto foi desmatado ano a ano, esclarecendo que no período de agosto de 2003 a agosto de 2004 o desmatamento alcançou o segundo nível mais alto desde o início da monitoração, esta foi a referência adotada. Além disso, nos dois mandatos de FHC o desmatamento chegou a 77,7 mil e 74,7 mil quilometros quadrados, respectivamente, já no governo petista o desmatamento deverá alcançar o patamar de 84 mil quilômetros quadrados. A sorte dele é que nem mesmo Alckmin devia ter conhecimento disso.

O candidato do PSDB, por sua vez, deixou muito claro que o estilo de debate que a Globo adota pelo segundo ano consecutivo, não o deixa muito à vontade. A impressão que me causou é que ele não conseguia formular adequadamente seu raciocínio, impossibilitando-o deste modo de refutar, eficazmente, as palavras do provável futuro presidente do Brasil. O tucano só conseguiu se sair satisfatoriamente quando tocou no seu tema favorito: corrupção! Nos demais, sua atuação foi deprimente.


Para encerrar: aquela história, que se os votos nulos ultrapassarem a marca de 50% mais um, os candidatos deverão ser trocados... era mentira mesmo??

quinta-feira, outubro 26, 2006

Perspectivas pós-eleitorais


Na foto, Lula ao lado do piloto Felipe Massa, mais uma vez confunde o candidato com o presidente.

A atual campanha eleitoral está chegando ao fim (graças a Deus!) por isso chega o momento de olharmos para frente, tentando antever qual deverá ser o futuro do país, caso um dos candidatos saia vitorioso dia 29 de outubro. Neste post pretendo gastar algumas linhas sobre esse assunto.

1º Cenário - Lula reeleito

Com a mais que provável reeleição do atual presidente Lula, crescem os rumores de que a oposição tentará de todas as formas obter seu impeachment. Alckmin já deu diversas declarações deixando claro que se Lula for reeleito não haverá qualquer espécie de acordo para garantir a governabilidade do país.

Essa história toda, começou com a famosa carta ao PSDB do ex-presidente FHC. Tasso Jereissati, comandante-mor no ninho dos tucanos, foi no embalo. Em seguida toda a oposição engrossava o coro pró-impeachment. Lembro que o ex-presidente norte-americano (ou estadunidense?) Richard Nixon, foi impedido de tomar posse após reeleito em razão de manobras da oposição.
Diante disso, resta evidenciado que pelos próximos anos a tensão política deverá manter-se nos atuais níveis estratosféricos.

2º Cenário - Geraldo Alckmin eleito
Se, com a vitória de Lula, tudo leva a crer que teremos graves tensões políticas, entendo que na remotíssima hipótese de Geraldo Alckmin vencer estas eleições, além desta tensão, teríamos ainda uma outra: a social. Que deverá chegar às nuvens. Digo isso, porque seguramente o PT, CUT, MST, entre outros movimentos sociais ligados ao lulismo, não aceitariam a derrota passivamente.
Em 2002, às vésperas das eleições, vivíamos o "risco-Lula", hoje temos o "risco-Alckmin". Certamente, o PT faria uma oposição ultra-feroz ao governo tucano e as greves junto com as invasões de terra aumentariam em progressão geométrica. Isto é, como disse o deputado recém eleito, Ciro Gomes, numa eventual derrota de Lula, o país poderia mergulhar num período de grave instabilidade não só política como social também.
Ou seja, as perspectivas pós eleitorais não são muito animadoras, seja quem for o eleito, terá de enfrentar uma oposição sedenta de sangue. Pois é, enquanto a classe dirigente da nação estiver mais preocupada em provocar crises na administração do outro, nosso país continuará neste estado de inércia, sendo o vice-lanterna na América Latina em matéria de crescimento econômico, tendo o Haiti - país destroçado pela guerra civil - como último colocado, o desemprego aumentando, a saúde se deteriorando, etc...etc...etc... pelo jeito ficaremos mais quatro anos nesta condição.

sábado, outubro 21, 2006

Carta Capital e o jornalismo panfletário



Nesta semana que termina, um assunto foi muito discutido: a matéria de capa da revista CartaCapital, do veterano jornalista Mino Carta [foto]. Nesta reportagem a revista levanta a suspeita de ter havido uma trama às vésperas do primeiro turno das eleições, na qual o objetivo seria desmoralizar o candidato petista à presidência da República, e por outro lado, beneficiar o candidato tucano.
A meu ver, essa matéria de capa da CartaCapital (nº 450, 18/10/2006), sob o título geral "A trama que levou ao segundo turno", entra para a galeria das principais reportagens do jornalismo panfletário, galeria esta que a Veja e a Isto é "comandam".
Logo de início, vale frisar que a reportagem é prepotente e claramente facciosa, em momento algum busca alguma isenção, ainda que formal. À título de exemplo, atente-se para as perguntas tendenciosas enviadas ao diretor de jornalismo da Rede Globo. Esta publicação em vez de propor uma salutar troca de idéias sobre o papel danoso que a principal emissora de TV do país vem exercendo ao longo da tradição democrática brasileira, surge no horizonte fazendo acusações sem provas, como se fosse um mero panfleto de campanha do PT.
Confesso não ser leitor assíduo desta publicação, assim como deixei de ser da Veja e da Isto é. A revista de Mino Carta demonstra sempre que possível sua tendência de se aliar ao PT, a Veja é claramente tucana, e a Isto é, talvez por seu estado pré-falimentar, há alguns anos vem fazendo o jornalismo "Casas Bahia": "quer pagar quanto?"
Abrindo um parêntese neste post, quero ressaltar que Mino Carta, talvez seja o mais importante jornalista com atividade no país. Ele foi um dos fundadores de alguns dos principais veículos de comunicação do país, tais como: Quatro Rodas, Veja, Jornal da Tarde, Jornal da República, IstoÉ, Senhor, a própria CartaCapital etc.
Fechado o parêntese e voltando ao assunto em pauta, muito embora eu concorde que a mídia, através de seus diversos veículos, em muitos episódios tenha uma atitude, no mínimo estranha, entendo que para alguém afirmar algo com tamanha gravidade, como haver uma suposta "trama" para beneficiar ou prejudicar esta ou aquela pessoa, deve apresentar provas contundentes, sob pena de se tornar nada mais que um instrumento político. Para fazer as acusações, a publicação funda-se na existência de uma fita - que inclusive circula pela internet, caso alguém tenha interesse em ouví-la o blog do Márcio tem o link - afirma que a Tv Globo, teve acesso à esta fita, e o que é pior, o próprio Mino Carta em seu blog, reconhece que a reportagem foi elaborada à partir de uma "transcrição parcial" desta fita. Isto é, tacitamente, reconhece que a intenção da reportagem era alçar a revista a um nível de destaque midiático equiparável à Veja, Isto é ou Época.
Enfim, com a reportagem eleitoreira da CartaCapital fica claro que a imprensa brasileira é facciosa além de muito pouco confiável. Neste caso, Mino Carta realmente está correto em dizer que esta é uma das piores, senão a pior, imprensa do mundo.

quarta-feira, outubro 18, 2006

A campanha eleitoral

Esta campanha presidencial tem sido a mais vazia de propostas de todas as acompanhadas por mim até hoje!
O candidato à reeleição, acuado, decidiu centrar seus ataques ao candidato adversário em duas frentes: na primeira, coloca em dúvida a continuidade de todos os projetos sociais atualmente implementados, esquecendo-se [convenientemente] que o "Bolsa Família" nada mais é que a aglutinação de diversos projetos criados no período FHC.
Na segunda frente, a mais demagógica, pretende ressuscitar o ultrapassado debate: privatismo vs estatismo. Quanto a este assunto, vale destacar que desde a privatização da telefonia, Embraer, CSN, Vale do Rio Doce, entre outras que apresentaram visível melhora na execução de suas atividades empresariais, está comprovado que num regime capitalista o Estado não deve atuar como se particular fosse, administrando empresas ou executando serviços, por exemplo. A atividade estatal neste caso, restringe-se a regulamentar tais atividades.
A meu ver, o Brasil deve assumir sua faceta capitalista, adaptando-se totalmente a este regime, caso não seja esta a opção, deve adotar o socialismo, adaptando-se igualmente, a este outro sistema. O que não pode é ficar com um pé no capitalismo e outro no socialismo.
Ora, se Lula de fato, é inimigo das privatizações por que não reestatizou - ou pelo menos tentou reestatizar - todas as empresas vendidas no governo FHC? Seria isso muito difícil? Então por que pelo menos não abriu uma auditoria para investigar todo o processo? Já que repete tanto terem havido diversas irregularidades. A resposta é simples: mentira! O atual presidente é tão privatista quanto seu adversário.
Lula, certamente, agradece aos céus todos os dias, por não ter precisado realizar estas grandes privatizações, pois assim pode se utilizar deste discurso debochado, como tem feito.
Enfim, tudo nos leva a crer que até o fim da atual campanha eleitoral, não deveremos ter qualquer debate sobre projetos, a tendência é que continuemos a ter de um lado, o candidato tucano batendo na tecla da vergonhosa corrupção praticada por altos membros do atual governo, e do outro o candidato petista, repetindo seu discurso demogógico, acusando seu adversário de ser privatista e pretender acabar com o "Bolsa Família". E o pior é que nós temos de escolher um deles...estamos fritos.

sábado, outubro 14, 2006

Coréia do Norte, a sua batata está assando...



Há algum tempo atrás, pouco depois deste blog ter sido criado, eu abordei o assunto relacionado à pretensão iraniana de enriquecer o urânio, ingrediente indipensável para a fabricação da bomba atômica. Terminei aquele post fazendo um gancho sobre a Coréia do Norte, no entanto, acabei esquecendo de voltar ao tema, sendo que agora diante dos acontecimentos envolvendo este país, me lembrei e retorno para tratar do assunto. Vamos a ele.

Como já havia dito naquele antigo post, a Coréia do Norte foi incluída no chamado "eixo do mal" pelo presidente Bush e este ato praticado pelo governante norte-americano, no meu entender, culminou no teste nuclear norte-coreano realizado segunda-feira passada.

Ora, após o 11 de setembro, os EUA atacaram o Afeganistão e o Iraque...

- Quem é o próximo da lista? Grita Bush para o primeiro lacaio que aparece na sua frente.

- Temos dois Mr. "Pruesidente". Irã e Coréia do Norte.

- um deles têm arma nuclear?

- Provavelmente um.

- Então atacaremos o outro.

Ou seja, este é o motivo para iranianos pretenderem enriquecer urânio e norte-coreanos insistirem em demonstrar a todos o seu poderio nuclear, ambos contrariando diversos pactos internacionais.

Lembrando ainda que os EUA não respeitam qualquer tratado contra a proliferação de armas nucleares e até hoje produzem os mais modernos armamentos.

Sanções à Coréia do Norte

Antes de se punir este país asiático, faz-se necessária uma pequena volta ao passado para tomarmos ciência dos antecedentes que culminaram nos eventos atuais.

Ao mesmo tempo que Bush denunciava a existência de um suposto "eixo do mal", o Pentágono bolava diversas estratégias para o emprego preventivo de armas nucleares contra China, Rússia, Líbia, Síria, Iraque, Irã e Coréia do Norte, isto é, foram os EUA quem deram o primeiro "tiro" nesta guerra, por enquanto, psicológica. Finalmente, vale dizer que os Estados Unidos não respeitaram a resolução do Conselho de Segurança da ONU, quando da invasão ao Iraque, e zombando desta instituição afirmaram ainda disseram que o apoio ou não da ONU seria irrelevante, isto é, o líder norte-coreano acredita estar correndo sério risco.

Por isso fica a pergunta: como punir os norte-coreanos - povo já castigado pela fome - por não respeitar uma resolução da ONU, quando o seu membro mais importante, que deveria dar o exemplo não só o desrespeita, como ainda o humilha perante o mundo?

quarta-feira, outubro 11, 2006

Vida real é legal mesmo!!

Eu tenho um amigo, não-blogueiro, e acontece tanta coisa inusitada na vida desse cara que, como diz a minha amiga blogueira Eloísa (de quem eu, descaradamente, plagiei o título desta minha série de posts) não daria um livro, mas um blog daria. Entretanto, ele é totalmente avesso à tecnologia, até me lembra os membros daquela comunidade americana que não aceita a modernidade e recentemente foi atacada por mais um daqueles malucos, norte-americanos, que saem matando qualquer um que esteja na sua frente.

Porém, se ele não escreve eu escrevo por ele, afinal amigo é para essas coisas!!!! Por exemplo, certa vez nós estávamos num muquifo aqui de Curitiba, tomando umas e outras e fazendo de conta que estávamos dançando, nisso do nada, chega uma guria (feia de doer, diga-se de passagem) e agarra o cara de um jeito, que ele até parecia ser um daqueles artistas que aparecem na televisão, a mulher não largava ele de jeito nenhum, até que, meio constrangido, ele acabou ficando com ela mesmo. Passou pouco mais de 10 minutos e o cara veio me falar que ele e sua "princesa", iriam para o apartamento dela.
Segundo ele, ao chegarem lá, a guria parecia enfurecida, tirou a roupa dele e durante a noite inteira não teve sossego. O problema é que só existia um pacote de camisinha na casa, sendo que num dado momento elas acabaram, mas naquele momento não havia como interromper, então foi sem mesmo.
No dia seguinte ele surgiu eufórico contando todos os detalhes, falando que a excitação foi tão grande que acabou fazendo sem camisinha e tal. Neste momento eu lhe perguntei:
- Meu, e se ela tiver AIDS? Afinal se ela agiu daquele jeito com você, será que não agiu assim com outros caras também?
Ali me pareceu que ele nem tivesse dado muita importância ao assunto. Errado! Ele só não quis demonstrar. Num outro dia veio me falar:
- Omar, se ela tem AIDS, agora eu tenho também. Certeza! Seria impossível eu não pegar, afinal...
A paranóia foi aumentando aos poucos, até tomar conta do pedaço. Um dia ele me ligou dizendo estar começando a sentir os primeiros sinais da doença, dizia estar fraco, com muita dor de cabeça, mas não tinha coragem de fazer o exame. Entretanto, a medida que os dias iam passando, ele ficava pior, estava realmente ficando doente, mas não tinha nada a ver com AIDS, era psicológico mesmo.
Um certo dia - ele estava visivelmente mal - quando ainda trabalhávamos juntos, ele me diz estar disposto a fazer o exame, pois não aguentava mais aquela angústia, mas se desse positivo, ele não iria morrer aqui em Curitiba não, iria para Salvador, morrer lá, e sem avisar ninguém, simplesmente sumiria no mundo.
Ele já estava quase se arrastando quando foi colher sangue para o exame. O resultado foi negativo e este foi o melhor remédio para sua doença, o efeito foi quase imediato, no outro dia ele já estava me chamando para sair de novo. Porém, agora encheria o bolso com camisinhas.

domingo, outubro 08, 2006

Seriam os seres humanos "semi-deuses"?

Era algo em torno de 2:00 da manhã, Marcão já estava solto no quintal, quando alguém mexe no portão, o cachorro começa a latir muito, até perceber que se tratava do dono da casa, neste momento imediatamente ele pára com os latidos e começa a pular e abanar o rabo, o sujeito entra e manda Marcão sair de perto, pois não estava com paciência para brincar. O animal sai todo borocoxô. Gatuno acompanhou tudo e caiu na gargalhada:
- Eu não sei por que você fica todo contentinho quando um dos humanos aparece! Na maioria das vezes eles te mandam sair de perto.
- Não sabe? Indagou Marcão. Pois eu é que me admiro de você não fazer o mesmo, ou até mais do que eu faço.
- Não faço porque não sou idiota como você. Responde o gato.
- Gatuno, você acredita na bíblia e mesmo assim não presta nenhuma adoração aos humanos?! Sei não hem?
- Lá vem você de novo Marcão. Por que você diz isso?
- Por nada!
- Começou agora termina, Marcão.
- Não, não é nada mesmo, é que segundo a sua bíblia, me parece que o homem é quase um deus.
- O quê???!!! Você viaja demais, Marcão. Já te falei, ore a Deus e peça discernimento para entender as Escrituras.
- Viagem? Então tá bom, vê lá comigo Gatuno, em Gênesis 3, 5 e 22. Perceba que Deus no versículo 22 confirma as palavras da serpente ditas no versículo 5, isto é, nem você mesmo pode dizer que a serpente estava mentindo. Isso significa que a única diferença entre o homem e Deus é que Este vive eternamente. Ou não? Depois pega lá em Salmos 82 e veja que o narrador afirma que Deus se levanta no meio de uma assembléia, onde existem outros deuses. Sendo Javé o único deus, como você diz, quem seriam estes outros "deuses"? Você concorda comigo que só poderia ser o homem?
- Não! Não é isso que está escrito ali, isso que você está dizendo não passa de uma injustificável suposição. Responde Gatuno.
- Não? Tem certeza Gatuno? Neste momento, Marcão, fala com um sorrizinho sarcástico na fuça, enquanto completa - Se eu fosse você começaria a prestar culto aos humanos, pois o seu Deus não deve estar muito contente com você não. Lembra do que disse aquele seu amigo* o Deus de vocês é um deus de ira.
- Marcão, até que em algumas situações você diz algumas coisas com um certo sentido, mas agora você forçou, hem? Dizer que o homem é Deus!!!! Isso não chega nem a ser uma blasfêmia, isso não passa de uma idiotice.
- Como idiotice? Lá em Gênesis está claro que Deus fala com os outros deuses (mas ele não é único?) que o homem ao comer da árvore do conhecimento do bem e do mal, se tornou um deles e que por isso deveria ser expulso do paraíso, caso contrário ele comeria da árvore da vida e viveria eternamente. Acabando com a única diferença entre ambos, ou seja, o homem se transformou num Deus com prazo de validade.
- Marcão e suas interpretações totalmente equivocadas do Livro Santo. Quer saber? Vou dormir que eu ganho mais.
Ao ver o gato indo embora, Marcão fala em voz baixa:
- Eu me divirto com esse gato. Mas, será que todos os crentes são como o Gatuno?

* Aqui é a segunda vez que cito o comentário que um teísta conhecido como Spadina deixou num outro diálogo entre Marcão e Gatuno.

quarta-feira, outubro 04, 2006

Advogado/Cliente! Ô relaçãozinha esquisita hem?

Quando eu estava na faculdade, a minha professora de Direito Civil certa vez disse que o cliente é o maior inimigo do advogado. Isso ficou na minha cabeça, por conta disso, quando peguei o meu número da OAB, eu elaborei um contrato de prestação de serviços, no qual duas cláusulas estão em negrito, sublinhado e itálico: os meus honorários e a que prevê que qualquer despesa referente ao processo deverá correr por conta do cliente. Além disso, antes dele assinar, sempre peço que leia todas as cláusulas, ao encerrar a leitura, sempre pergunto se existe alguma dúvida. Mas pelo jeito isso não basta!
Hoje, um dos meus clientes compareceu ao sindicato onde tenho atendido, aproveitei a presença dele ali e lhe apresentei algumas notas para serem pagas, coisa pouca, mas isso foi suficiente para o sujeito pirar:
- Eu tenho que pagar mais isso também? E os honorários? Ele perguntou, já com ódio no olhar (blergh).
- Sim, faz parte do acordo. Respondi.
- "Pera" lá doutor. Eu achei que todas as despesas estavam incluídas nos honorários.
Na hora eu fiquei realmente impressionado com aquilo e respondi:
- Ora, quando o senhor leva o seu carro para consertar o mecânico cobra a "mão-de-obra", mais o valor das peças que precisam ser trocadas. Não é? Sem contar que isto está no contrato assinado pelo senhor.
Nessa hora ele só me olhou e soltou essa:
- Mas acontece que com a mecânico todo mundo já sabe que é assim, agora, aqui o senhor me enganou, nunca tinha me falado que eu teria que pagar outras despesas que não os honorários! E se isso está mesmo no contrato, era obrigação do senhor me esclarecer, afinal eu sou leigo!
Ele batia nesses honorários a todo momento. E eu não acreditava no que estava ouvindo! Tinha feito com ele o mesmo que fazia com todos. Tinha entregado o contrato para ele ler antes de assinar, tinha lhe perguntado se queria alguma explicação sobre alguma das cláusulas, além de negritar as mais importantes. E ele não havia pedido nenhum esclarecimento.
Na mesma hora me virei e comecei a digitar a minha renúncia do processo. Falei para ele procurar um outro advogado que hoje mesmo eu iria protocolizar a minha desistência. Imaginei que fazendo isso ele pudesse recuar, mas que nada, o cara simplesmente se levantou e foi embora. Agora estou aqui com a petição de renúncia do caso nas mãos, pensando se devo mesmo renunciar. Devo?

terça-feira, outubro 03, 2006

Rápida análise das eleições

Encerrado o primeiro turno das eleições, agora nos resta tentar analisar tudo que aconteceu.

Presidente

Ao contrário do que pensava a maioria (na qual me incluo), vamos ter segundo turno. Algumas pessoas tem defendido a tese de que a ausência de Lula no debate promovido pela Rede Globo tenha causado este fenômeno tão inesperado, não vejo dessa forma. Eu entendo que defender este ponto de vista seria adotar uma postura simplista do caso. De fato, alguma influência o fato teve, entretanto, as coisas não são tão óbvias quanto todos nós gostaríamos que fossem. Tudo teve início há muito tempo atrás, na verdade desde o episódio "Waldomiro Diniz", passando por "mensalões", "sanguessugas", "dossiês" e culminando com a fatídica decisão de não comparecer ao debate. Tudo isso somado é que influiu.
Além disso, qualquer pessoa, por mais desligada de política que seja, percebe a mudança no discurso, antes de chegar ao poder, os militantes petistas se diziam diferentes dos políticos até então no comando da nação, após chegarem lá, contraditoriamente, passaram a se dizer iguais aos demais. Ora, mas a vitória nas eleições de 2002 ocorreu em razão da população ter acreditado haver diferença, uma vez que ela não existe, é melhor deixar a turma do PSDB comandar a país, pois eles sabem lidar melhor com o neo-liberalismo, afinal um dos líderes deste partido foi um dos responsáveis, pelo ressurgimento da antiga tese de Adam Smith.
Para o segundo turno, acredito que os votos de ambos estejam consolidados, para Lula deve faltar pouco mais de 1% para se reeleger, não creio que encontre tanta dificuldade para conquistar este percentual.
Governador
Aqui no Paraná, onde moro, o segundo turno será disputado pelo atual governador Roberto "Ferreirinha" Requião e o senador Osmar "acabem com os direitos trabalhistas" Dias. Algo já esperado, pois Requião conta com um índice de rejeição elevado, enquanto isso, o irmão do senador reeleito Álvaro Dias, ainda não causa tanto repúdio.
Em 2002, o atual governador licenciado, perdeu no primeiro turno e venceu o segundo, não estranharia se acontecesse a mesma coisa agora, já que o Dias mais velho perdeu o primeiro e têm boas chances de levar o segundo turno.
A surpresa aqui ficou por conta da definição do terceiro e quarto lugar. Rubens Bueno do PPS, estava em terceiro em todas as pesquisas eleitorais, bem à frente do quarto, o senador Flávio Arns do PT, mas na contagem final dos votos o petista deixou o amigo do Cassio "Caixa 2" Taniguchi comendo poeira. Entretanto, nem tudo é má notícia para Rubens Bueno, ele pode comemorar o crescimento de sua votação: em 2002 ele ficou em 5º lugar com 7,04% dos votos, agora ele ficou em 4º com 8,7.
Senador
A reeleição de Álvaro Dias não foi nenhuma surpresa, ele era o favorito disparado, para cumprir mais 8 anos de mandato como senador, aqui só vale ressaltar que a primeira eleição de Álvaro Dias para o senado ocorreu em 1982, desde então, exceto por um período como gorvernador do Paraná, nunca saiu de Brasília, agora com mais um mandato pela frente só poderá sair de Brasília em 1914, trinta e dois anos depois de sua primeira vitória!
Deputados
Alguns candidatos envolvidos com esquemas de corrupção não foram eleitos, como por exemplo, Íris Simões, candidato a deputado federal envolvido com a máfia dos sanguessugas.
Apesar disso, grande parte dos favoritos e vários corruputos chegaram lá, então ao menos por enquanto, não vale a pena fazer qualquer outro comentário a respeito.

sábado, setembro 30, 2006

Post disperso

Durante quase dois meses tinha uma enquete enchendo o saco de quem acessava este blog e agora que eu iria comentar o resultado ela sumiu! Mas tudo bem, eu ainda lembro o resultado (sem os percentuais), ressaltando que só constava o nome dos três principais candidatos:

1º - Geraldo Alckmin;
2º - Lula;
3º - Heloísa Helena;
4º - Nulos;
5º - Outros.

Ou seja, se esta enquente refletir o resultado das eleições de amanhã, a partir de 1º de janeiro de 2007, o Geraaaaldo (desenterrei essa hem?) será o nosso novo presidente da república... e isso é uma boa notícia?

Mudando de assunto, por falar em eleições, estou escrevendo este post sábado, dia 30, por isso estou super ansioso porque amanhã vou passar 9 horas organizando fila no meu antigo coleginho. Que emoção! A minha ansiedade se explica já que vou trabalhar um dia inteiro e para isso serei recompensado com um belo vale-refeição de R$ 10,00!!! É ou não é razão para a excitação tomar conta do meu espírito?

Na outra eleição que eu trabalhei, foi bem divertido porque à uma certa altura quando a fila estava enorme, três velhinhas - que não se conheciam - chegaram juntas para votar, elas vieram direto na porta da sala de aula, até aí tudo bem, porém o detalhe é que a três começaram a discutir pois nenhuma das delas queria deixar a outra entrar antes! Foi uma comédia, a mais "menina" devia ter uns 100 anos! Tá bom nem tanto, mas uns 70 tinha. Eu nem me meti na discussão, deixei a três quebrando o pau, até que num dado momento ela se voltaram contra mim, dizendo que era obrigação minha definir quem entraria primeiro.
Espero que aconteça algo parecido com isso amanhã!

O Lula agiu certo ou errado em não comparecer ao debate? Depende do ponto de vista.

Do ponto de vista do Lula e do PT, foi corretíssimo! O petista só tinha a perder. De acordo com as pesquisas mais confiáveis (somente uma pesquisa confiável destoa, a minha!) o provável futuro presidente tem quase 50% da preferência do eleitorado brasileiro, para que arriscar alguma coisa num debate como esse? Lá, ele seria bombardeado pelos demais candidatos, a HH iria trucidá-lo, e certamente ele iria fazer papel de bobo tentando explicar o inexplicável.

Agora, analisando a ausência de Lula do prisma de todo o resto da sociedade, o ato foi inaceitável, já que este candidato mais uma vez demonstrou toda sua hipocrisia, uma vez que ele sempre criticou duramente seus adversários que deixavam de participar dos debates, mas as coisas mudam...aaah se mudam... e o Lula vem provando isso dia a dia.

quarta-feira, setembro 27, 2006

Direitos do trabalhador

Este post eu fiz só para responder a um comentário deixado pela Liliane sobre o último texto deste blog.
Comentário:

"Omar não sei se o projeto desse Osmar Dias é tão ruim assim para trabalhador. Acho que lei não tem que ser boa para mim ou para o outro. Tem que ser justa. E as leis trabalhista aqui são leis sempre contra o patrão.
Liliane de Paula"

Vamos por partes:

"Omar não sei se o projeto desse Osmar Dias é tão ruim assim para trabalhador..."

Para o trabalhador empregado o projeto é péssimo, Liliane! Como todos sabem o nível de desemprego hoje no Brasil é extremamente elevado, milhões de pessoas estão desesperadas em busca de uma colocação profissional, com a aprovação de leis como essas, um empregador poderia se aproveitar deste cenário e contratar alguém para trabalhar em sua empresa deixando de pagar o 13º salário, por exemplo. Por isso este projeto é horrível para quem trabalha sob o regime celetista. Mas é claro, eu não acredito que um projeto desses seja transformado em lei. Ao menos não nestes termos, pois uma reforma trabalhista deverá acontecer.

"...Acho que lei não tem que ser boa para mim ou para o outro. Tem que ser justa. E as leis trabalhista aqui são leis sempre contra o patrão."

Liliane, a Constituição da República - que é a nossa Lei Maior, ou seja qualquer outra lei com ela incompatível não deve ter nenhum efeito - estabelece o princípio da igualdade, que no meu modo de entender, é o que mais se aproxima do conceito de justiça pregado por você. E ao contrário da opinião reinante, esta igualdade, constitucionalmente prevista, não significa tratar a todos de forma igual, mas tratar a todos de forma desigual, na exata medida dessa desigualdade. Afinal, materialmente falando, ninguém é igual a ninguém não é mesmo?

Certamente, patrões e empregados não estão em posições iguais, pelo contrário, economicamente o patrão está numa posição amplamente privilegiada, por este motivo o ordenamento jurídico concede ao empregado uma certa superioridade jurídica, objetivando deste modo, promover uma igualdade mais efetiva, como a sociedade almeja.

Por isso eu discordo de você, quando diz que "as leis trabalhistas são contra o patrão". Tendo em vista o que eu disse lá em cima, as leis trabalhistas promovem a justiça (igualdade) na sociedade, sendo portanto justas. E para encerrar, quero frisar que estas leis não são contra o patrão, pois ao garantir alguns direitos mínimos ao empregado elas demonstram ser a favor da sociedade, na qual o "patrão" está inserido.

sexta-feira, setembro 22, 2006

Análise dos principais candidatos ao governo do Paraná

O senador e atual candidato ao governo do Estado do Paraná, Osmar Dias, foi um dos secretários no primeiro governo de Roberto Requião quando este foi eleito em 1990. Nestas eleições é apoiado pelos mensaleiros do PP e do PTB. Este candidato ficou mais conhecido por ter elaborado um projeto de lei que flexibiliza os direitos trabalhistas, ou seja, na prática este projeto deverá acabar com maioria dos direitos dos trabalhadores brasileiros. Por isso eu digo - como votar em alguém com estas credenciais? Diante disso, eu fico imaginando qual seria a opinião do grande Leonel Brizola, sobre o projeto de lei deste candidato, sobre o apoio dos mensaleiros, enfim, sobre tudo que está acontecendo com o PDT paranaense.

Flávio Arns, candidato do PT foi eleito senador ao lado de Osmar Dias nas eleições de 2002, e durante estes quatro anos de legislatura não se ouviu falar em seu nome, esse é o típico candidato "copa do mundo", só aparece de quatro em quatro anos. À título de curiosidade, vale registrar que num dos debates realizados nesta campanha, o candidato ao ser indagado se ele uma vez eleito, iria utilizar-se dos mesmos métodos adotados pelo partido dele, o PT, para administrar o Paraná. O candidato petista - que mais me lembra o senador Eduardo Suplicy, aquele mesmo, pai do Supla, tal a sua aparente falta de jogo de cintura na cena política - afirmou que sim, os mesmos métodos seriam aplicados aqui. Ou seja, se este senhor for eleito, mensalões, dossiês, etc, estarão à caminho.

Como votar em Roberto Requião? Um sujeito mentiroso e bravateiro. Nas eleições de 1990 foi o Ferreirinha, em 2002 foi o pedágio, as 200 mil casas populares, o seguro em favor dos agricultores entre outras diversas promessas que ao ser eleito foram convenientemente esquecidas. Um candidato que conta com a memória curta da população para se eleger, na minha opinião, não merece o voto dessa mesma população.

Antes de falar deste candidato vale fazer uma referência ao atual candidato à presidência Eymael (Ei ei Eymael, o democrata cristão) que num dos primeiros programas eleitorais da safra atual, disse que o seu projeto era chegar ao poder. Ao que me parece, para Rubens Bueno a idéia é a mesma. O candidato do PPS é a prova de que o fisiologismo prevalece no final! Antonio Gramsci, grande filósofo socialista, certa vez disse que a política pode ser dividida em "grande política" e "pequena política", aquela defende os interesses da nação como um todo, procurando desenvolver o país na sua universalidade, enquanto que a "pequena política" é aquela política de corredor, o famoso "toma lá, dá cá", em outras palavras o fisiologismo político, prática na qual o PMDB é mestre. No caso deste candidato, ao se aliançar com o PFL, ex-partido de Jaime Lerner, e atual do Cassio "Caixa 2" Taniguchi, demonstra que o único objetivo é chegar ao poder, isto é, a pequena política superou a grande política.

Para quem não sabe o PPS surgiu na esteira do fim do comunismo, alguns integrantes do Partido Comunista Brasileiro concluíiram que não valia a pena continuar num partido comunista quando os maiores pilares deste sistema de governo não existiam mais, e criaram a sigla.
Enquanto isso, o PFL surgiu quando o antigo PDS, atual PP, escolheu Paulo Maluf para concorrer contra Tancredo Neves na primeira eleição para presidente pós ditadura. Alguns integrantes insatifeitos com a escolha criaram este partido. Ocorre que o PDS era a antiga Arena, partido símbolo da ditadura militar, que tomou o poder porque temia que os comunistas o fizessem quando Jânio Quadros renunciou, i.e., eram inimigos do comunismo, por extensão do PPS! Mas, pelo jeito, para chegar ao poder Rubens Bueno aceita apoio até do diabo se for preciso. O problema é que uma vez eleito, o "diabo" vai querer a parte dele no acordo.

quinta-feira, setembro 21, 2006

O PT é o verdadeiro partido revolucionário brasileiro!

Política

No início dos anos 80, com a ditadura perdendo sua força no país, é criado o Partido dos Trabalhadores, o qual surgia fundado na idéia de que o trato com a coisa pública poderia ser diferente, os políticos poderiam ser diferentes, ou seja, o modo de fazer política poderia ser diferente! No início de sua vida o PT apresentou-se à sociedade com uma declaração em favor do socialismo. Ainda em 1990, foi aprovado um documento cujo nome era "Socialismo petista", nesta manifestação novamente o PT definia sua luta por uma ordem socialista fundada na socialização dos grandes meios de produção e na socialização do poder. Esta opção foi tomada quando seus militantes ainda estavam em êxtase pelos 47% dos votos conquistados no segundo turno da eleição vencida por Fernando Collor.

Linda história, não? Entretanto, aos poucos as coisas começaram a mudar, e num dado momento, mais precisamente em 2002, o partido dá uma guinada à direita, ao redigir a fatídica "Carta ao povo brasileiro". Nesta carta foi dito que uma vez no poder a ordem de comando seria “não romper contratos”. Ou seja, começou-se a fase da política fisiológica, aquelas de corredor mesmo, na qual visa-se o poder pelo poder.

Depois de chegar ao poder, com mensalões, sanguessugas, e agora com essa história de compra de dossiês por assessores próximos a Lula, nós pessoas comuns, num primeiro momento poderíamos pensar que estamos diante da mais pura demonstração de que o PT é um partido de mentirosos. Mas será isso mesmo? É isso sim! Contudo, se é isso mesmo, a quem eles mentem? Eu respondo que é ao povo brasileiro. E qual seria essa mentira? Há algum tempo atrás eu acreditava que a mentira era se dizer de esquerda quando na verdade seriam todos de direita, no entanto agora mudei de opinião. Tenho certeza de que o PT é um partido revolucionário, e a mentira é se dizer de direita quando na verdade são totalmente de esquerda.

Ora, com o fim da ditadura o povo brasileiro comprou a idéia propagada pela Rede Globo de que o modelo norte-americano seria o ideal para ser aplicado em nosso país, diante disso, Lula e seus correligionários concluíram que a melhor forma de provar que o capitalismo não nos serve, seria infiltrar-se no meio dele e escancarar todos os seus podres de dentro para fora, fazendo com que a sociedade se enojasse dos políticos e da política burguesa, e passasse a enxergar no rompimento total com a ordem vigente, isto é numa revolução socialista, a única forma de acabar com os desmandos da política atual.

Digo isto porque esta é a única explicação que eu vejo para todos esses escândalos que tem acontecido no país desde a chegada ao poder dos petistas, e é por isso que eu digo que o PT é o partido mais comprometido com a causa revolucionária que já existiu no Brasil.