segunda-feira, dezembro 18, 2006

Balanço de 2006

A julgar pelos últimos posts, este blog está prestes a se transformar num daqueles "diarinhos virtuais" de menininhas de 15 anos, para isso, só está faltando escolher um template "by Máximus"! O problema é que eu devo ter sido infectado pelo vírus do narcisismo, essa doença que faz o infectado crer piamente, que existe alguém no mundo interessado em saber algo de sua vida, mas prometo que estou me tratando e logo estarei bem.
Esta será a última atualização no ano, pois a partir de hoje começam as minhas férias e apesar de não poder de sair de Curitiba, quero aproveitar esse tempo para fazer coisas totalmente diferentes das que fiz durante o ano inteiro, (inclusive, hoje em plena segunda-feira a tarde, vou ao cinema... falando nisso, os cinemas funcionam em plena segunda-feira à tarde?) por isso só estarei de volta no ano que vem.

No post anterior, basicamente, tratei de um detalhe da minha personalidade, neste, pretendo fazer um balanço do ano que está se encerrando. Bom, chega de papo furado e vamos a ele:

Entrei em 2006 formado, isso por si só foi motivo de enorme satisfação de minha parte, afinal cursar uma faculdade de Direito numa Universidade privada, para alguém com a minha condição financeira não é mole! Em várias oportunidades pensei que não chegaria ao final sem precisar trancar algum semestre, por isto, quando consegui concluir o curso sem parar nenhum período e ainda por cima, conseguindo pagar a cerimônia de formatura com baile e tudo, foi algo realmente inacreditável.

Entretanto, de nada adianta ser formado em Direito, e não passar no Exame de Ordem - que o digam vários dos meus colegas de turma - afinal de Bacharéis o mundo está cheio. Passada a euforia da formatura, veio a apreensão típica dos grandes desafios, isto porque eu não tinha certeza da minha aprovação. Para minha sorte, um dos cursos preparatórios da cidade me ofereceu uma "bolsa" para participar do seu curso específico para a prova da OAB-PR, no meu caso, esse preparatório foi decisivo para minha aprovação na segunda fase. Nesta etapa a prova é composta por 5 questões práticas e uma peça processual (petição), direcionadas a uma área do Direito, e embora eu tenha feito diversos estágios, a exceção do Núcleo de Prática Jurídica da PUC, onde atuei na área penal, nos demais escritórios nenhum deles me permitiu elaborar qualquer peça processual. Durante 3 meses devo ter feito umas 100 peças.

Até que chegou o dia da prova, mas antes disso, vale esclarecer que no ato de inscrição do Exame, é possível escolher por fazer a prova de Direito Penal, Trabalhista ou Cível, a minha opção foi pela Trabalhista. Nesta área, até o Exame anterior ao que participei, somente três peças processuais foram pedidas: petição inicial, constestação (resposta do réu) e recurso ordinário; e não é que justo no primeiro exame de 2006, a OAB-PR resolveu inovar, e nos preparou um Mandado de Segurança? Por sorte eu estava com o material adequado (isso mesmo, a prova é com consulta!) e consegui fazer o que era preciso para ser aprovado.

Entretanto, de nada adianta passar no Exame de Ordem e não ter clientes. Confesso que novamente, duvidei da minha capacidade. Como disse antes, eu fiz vários estágios e se estes, pouco serviram para me ajudar a aprender a redigir peças processuais, pelo menos serviram para mostrar que eu não sirvo para entrar num escritório formado. Por este motivo decidi me largar na selva e disputar clientela com os reis desta mesma selva. Imaginem a cena, um coelho resolve de uma hora para outra passar a comer carne, e para isso, começa a disputar as presas com leões, leopardos, hienas, entre outros. Logicamente, outra vez tudo se dificultou, no entanto, vencida uma certa dificuldade inicial, as coisas começaram a melhorar, e os clientes, aos poucos, começaram a chegar. Hoje tenho um número satisfatório, com tendência a melhorar no ano que bate à porta.

Porém, como não podia deixar de ser, nem tudo é motivo para felicidade! Desde 2004 eu estagio num Sindicato de trabalhadores, o problema é que esse estágio sempre esteve fora da minha atividade jurídica, ao me formar, imaginava que teria um reajuste de salário, além de passar a fazer parte do corpo jurídico da entidade; num determinado dia o presidente me chamou e disse que me daria este aumento, bem como me promoveria a advogado do Sindicato, porém, estou esperando a efetivação desta promessa até hoje, pois continuo sendo "estagiário".

Além disso, outro detalhe me incomoda, durante a faculdade, várias matérias eu detestava, mas uma, eu destestava em especial: Direito Tributário! Ocorre que agora, para minha surpresa, depois de formado, ao que parece estou me tornando advogado de um único tipo de causa, porque destes clientes que eu falei que estão começando a me procurar, 90% vem para propor um único tipo de demanda, e o que é pior, justamente na área Tributária. Pois é, assim como um rio, que tem o seu curso pré-determinado, mas que uma vez ou outra transborda-o, o rumo de nossas vidas, em certas ocasiões sai do nosso controle, e em vez de nós dizermos para onde queremos ir, é como se entrássemos num taxi e o motorista é quem nos dissesse onde deveríamos descer. Este fato de me transformar em advogado de uma ação, me deixa um tanto frustrado, pois não era isso que eu tinha em mente na época em que eu não passava de um mero acadêmico, ou seja, este quadro espero que seja alterado no próximo ano.

Enfim, como ficou claro, 2006 foi o ano das realizações profissionais, e no final das contas, acabou sendo um ano muito bom para mim, que venha 2007, e traga o casamento que por enquanto está apenas no horizonte...
Até o ano que vem pessoal, feliz natal e feliz ano novo para todos!

quarta-feira, dezembro 13, 2006

Você é normal?

Algumas pessoas ao se manifestarem sobre algum assunto têm sempre aquele pé atrás, cultivam um certo receio em desagradar seu ouvinte. A partir desta constatação, foi criada a expressão "politicamente correto", ou seja, deve-se evitar qualquer ato que possa ser, ainda que minimamente, ofensivo para determinadas pessoas ou grupos. Isso, como o Marcio demonstrou, já está sendo pregado como tática de sobrevivência no mundo corporativo. Aqueles que gostam de posar como intelectuais, mas que na verdade não passam de meros palpiteiros bem remunerados, estão espalhando que o melhor meio de alcançar o sucesso na carreira é permanecer a vida inteira sem formar a própria opinião, caso contrário ,sua vida profissional pode estar sempre em risco.

Note ainda, que grande parte das pessoas leva a vida numa constante busca por aprovação. Seus atos e suas palavras são friamente calculados para agradar. Quem tem um blog sabe bem disso. Quantos comentários são do tipo: "Gostei do seu blog" ou ainda "Nossa, você escreve muito bem"? É claro que muito provavelmente quem posta coisas deste tipo, não leu sequer uma linha do tal post maravilhoso. Mensagens deste tipo são tão maçantes que a dona de um blog que a julgar pelo seu estilo, adoraria receber comentários deste quilate, já se encheu, apagou o seu "diário virtual" e está pedindo para não deixarem este tipo de mensagem na sua caixa de comentários.

Eu detesto gente que tem essa fixação por ser aceita pela "panelinha", por isso sempre que posso tento me distinguir, fugindo desta previsibilidade.

Em se tratando de comentar em blogs, acredito nunca ter feito um que se resumisse a um elogio vazio ao texto ou ao autor, poucas vezes concordo com o que leio, muitas vezes discordo mesmo concordando, só para polemizar, outras vezes critico o autor, pois sei que ele vai ser muito elogiado pelos outros comentaristas, só para ele não tirar os pés do chão.

Enfim, eu gosto mesmo é de estar sempre "testando" a reação das pessoas ao ouvirem (ou lerem) algo inesperado. Uma vez uma colega de trabalho chegou no escritório dizendo que voltara do almoço com uma dor "estranha" no céu da boca, todos na sala se entreolharam, com um sorrizinho contido, como eu não podia perder a oportunidade soltei:

- Tem certeza que você foi almoçar?

A moça ficou furiosa, passando um bom tempo sem falar comigo.

Pouco tempo atrás, acredito chegado o mais longe até hoje neste caminho perigoso; uma amiga virtual, num chat do Orkut disse estar se sentido mal porque o namorado terminara o relacionamento que eles mantinham (ou outra coisa do tipo), eu tinha certeza que todos ali iriam procurar consolá-la, com aquele velho papo de sempre, "Você é boa demais para ele" ou "Ele deve ser homossexual" (no que não fui desmentido), porém, eu queria fugir do lugar comum e logo disse:

- Será que ele desistiu de continuar com você por você ser uma pessoa insuportável?

Pelo que percebi ela não gostou muito, mas não teve a mesma atitude daquela minha colega.

Pessoas como eu podem ser consideradas excêntricas, entretanto, como já foi divulgado pela revista Época "aqueles que conseguem seguir o próprio caminho vivem muito melhor", além de concluir que "os excêntricos [são] mais seguros, menos estressados e mais felizes. Por isso, tendiam a viver mais." Isto significa que irei viver muito.

domingo, dezembro 10, 2006

Cláusula de barreira e sua inconstitucionalidade


Em decisão unânime, o Supremo Tribunal Federal julgou inconstitucional a controversa "cláusula de barreira" ou eufemisticamente falando, "cláusula de desempenho", (caso você que está lendo este post queira maiores detalhes sobre o que é esta cláusula, sugiro uma visita ao blog do Dorian, que lá ele explica os pontos básicos do instituto).

O STF sempre foi muito criticado nos meios jurídicos e acadêmicos, em razão de alguns julgamentos serem decididos por questões políticas, deixando de lado a análise jurídica, entretanto, em relação ao julgamento da cláusula de barreira, as críticas estão invertidas, pois alguns "especialistas" têm, equivocadamente, alegado que o Tribunal deveria ter realizado um julgamento político e não jurídico.

Os deputados dos partidos maiores ao se unirem para aprovar esta lei, claramente inconstitucional, pretendiam consolidar a posição hegemônica destes partidos maiores, calando as vozes dissonantes da minoria, ou seja, este "muro" que pretendia impedir o pleno funcionamento de partidos menores não passa de uma tentativa de elitizar o Congresso Nacional. Talvez os idealizadores desta, imaginem que o Parlamento deva ser dividido em classes, assim como a sociedade. Para justificar a aprovação desta norma, membros dos grandes partidos passaram a disseminar, por todos os cantos, que a culpa da totalidade dos males políticos da nação recai sobre os chamados partidos nanicos, passando a identificar a expressão "partido pequeno" a "partido de aluguel". Entretanto, está provado que uma coisa nada tem a ver com a outra, afinal o PP alcançou o desempenho necessário, e como todos sabem faz parte da "bancada mensaleira". Outro belo exemplo, atende pelo nome de PMDB - o maior partido do Brasil - este sempre fez parte da base de apoio do governo FHC, e agora "loca" seus préstimos ao governo Lula, ou seja, mesmo os partidos grandes, podem ser enquadrados como partidos de aluguel.


Um Estado que se auto-qualifica como "democrático de Direito" não pode se utilizar de leis infra-constitucionais para desrespeitar direitos das minorias, como o de existir ou de se manifestar nas discussões sobre os destinos da sociedade, por exemplo. Ressaltando que democracia não se restringe a um mero governo da maioria, é bem mais que isso. A verdadeira democracia não deve se converter numa tirania da pretensa maioria contra a minoria. Isto significa que não existe nada de democrático em deixar que os partidos que representem as minorias sociais morram por inanição, pois a cláusula de barreira apesar de não matar os pequenos partidos, os condena ao desaparecimento.

Vale lembrar que a Constituição da República possibilita que a minoria de hoje tenha condições de vir a se tornar a maioria de amanhã, por esta razão, não se admite que uma lei ordinária venha e altere este quadro. Por tudo isto, o julgamento do Supremo foi corretíssimo.


Por fim, resta salientar que a decisão do STF foi uma das mais sensatas dos últimos anos, agora para confirmar que vivemos novos tempos neste órgão, só falta uma decisão favorável a interrupção de gestações de fetos anencéfalos.

quinta-feira, dezembro 07, 2006

Constantino se converteu ao cristianismo? Ora, caia na real!

A conversão do Imperador romano Constantino é considerado o fato mais emblemático na história do Cristianismo, depois dos relatos bíblicos. Como decorrência desta "conversão" em 313, ele assinou um decreto, conhecido como "Edito de Milão" ou "Edito da Tolerância", no qual a religião surgida a partir dos ensinamentos de Jesus Cristo deixou para trás os tempos de clandestinidade no Império Romano, (porém o reconhecimento como a religião oficial do Império só viria a acontecer mais tarde, com Teodósio). Além disso, a promulgação do Edito serviu como ponta-pé inicial para a Igreja de Roma, aos poucos, alcançar a primazia religiosa que sustenta até hoje.

A explicação oficial para esta, suposta, conversão é que na noite anterior à uma das inúmeras batalhas empreendidas pelo exército dirigido por Constantino, este teria sonhado com uma cruz, na qual havia a seguinte inscrição:

"Sob este símbolo vencerás!"

Na manhã seguinte, ele ordenou que fosse pintada uma cruz em todos os escudos da soldadesca e a batalha resultou numa esmagadora vitória do seu exército. A partir daquele momento, Constantino, passou a se confessar cristão. Sendo esta a razão, inclusive, para a cruz ter se tornado o símbolo do cristianismo.

Entretanto, a despeito deste relato, não me convenço que houve uma conversão sincera. Me parece que Constantino enxergou no cristianismo um meio de consolidar seu poder, já que após a vitória na citada batalha, ele se convertera no único soberano do lado ocidental do Império e os cristãos formavam o único grupo que não o via como seu Senhor Supremo.

Sem esquecer que grande parte dos cristãos daquela época, preferiam a morte, a ter de participar de rituais não-cristãos, muitos pagando com a própria vida por tamanha "desfaçatez". Esses "mártires", como ficaram conhecidos, morriam por amor à sua causa, o que certamente deixava os integrantes do alto comando romano, bem como o próprio Constantino, perplexos diante de tamanho nível de entrega.

Vale ressaltar ainda que um antigo historiador chamado Políbios, certa vez, ao analisar as crenças gregas e romanas, ao final concluiu que os romanos tendiam a praticar menos iniquidades que os gregos, pois acreditavam na existência do inferno.

Diante destes fatos, Constantino como grande estrategista, provavelmente, entendeu que uma vez controlando esta religião, teria sob suas ordens um excelente contingente humano. Isto é, o Cristianismo, lhe seria muito útil, ainda que sinceramente não acreditasse nele.

Enfim, a "conversão" de Constantino, provavelmente não ocorreu - lembrando que seu batismo se deu apenas em seu leito de morte - ele apenas enxergou na crescente religião um instrumento para unir um Império que já dava sinais de desgaste.

segunda-feira, dezembro 04, 2006

O que fazer com a Xuxa?


Esta provavelmente é a pergunta que os diretores da Rede Globo devem se fazer todos os dias. Afinal ela não consegue mais fazer um programa infantil aceitável e o que é pior, não sabe conduzir algo que fuja deste formato.

É inegável que há algum tempo atrás, Xuxa viveu momentos gloriosos, entretanto, atualmente parece estar presa a este passado. O atual programa apresentado por ela não passa de uma mera cópia, do antigo "Xou da Xuxa" dos anos 80/90 e como toda cópia, é inferior ao original. Já ficou claro que a criançada está saturada da personagem "Xuxa" e não a suporta mais. Talvez o maior erro dela, foi ter voltado a apresentar um programa infantil, quando seu outro programa, em tese adolescente, merecidamente, naufragou. Ela deveria ter tido a capacidade de interpretar isso como o último suspiro de sua personagem e se retirado com dignidade.

Certamente, a diretoria global, também sente como se refém fosse deste passado, pois mesmo sabendo que ela não tem nada mais a oferecer nesta área, não têm força moral para tirá-la da grade de programação, além de não se arriscarem a produzir um programa diferente, pois sabem que o resultado seria constrangedor.

Apesar disso tudo que foi dito aqui, ela aparenta não aceitar esta realidade, talvez por padecer da "Síndrome de Peter Pan"! Enfim, como se costuma dizer: Envelhecer é inevitável, amadurecer é opcional! Ao que me parece, Xuxa envelheceu, mas optou por não amadurecer.