Não é de hoje que tem ficado claro à população brasileira que não temos uma imprensa que cumpre seu papel de informar a sociedade de modo, totalmente, satisfatório. Como se isso não bastasse, ainda temos outro problema, a enorme maioria das publicações de nosso país, não praticam um jornalismo, meramente, informativo, no qual seu principal objetivo é expor os fatos sem emissão de juízos de valor deixando para que os destinatários da notícia o façam. Estes veículos vem trilhando outro caminho, o "jornalismo dissertativo", ou seja, em vez de mostrar à sociedade o que está acontecendo, pretendem "provar" que aquilo está acontecendo por este ou aquele motivo.
Digo isso, porque a cada dia que passa, tenho notado que os jornalistas brasileiros, paulatinamente, estão deixando de passar a notícia ao leitor/telespectador, de modo, que a informação sirva de subsídio para que estes, formem suas próprias opiniões e, como já disse, passaram a querer convencer seus destinatários que eles (os meios de comunicação) estão certos ao defenderem determinada posição.
Neste passo, atente-se para o exemplo da revista de informação semanal com maior tiragem no país. A Veja! Esta, talvez seja o principal exemplo deste tipo de jornalismo, tão disseminado pelo Brasil. Quem não se lembra da "célebre" reportagem na qual pretendia-se convencer o leitor de que Lula e parte de seus colaboradores mais próximos, tinham contas secretas em paraísos fiscais e mais tarde se revelou uma fraude completa? Ou ainda, aquela outra famigerada, reportagem que a revista indicava algumas razões para votar "não" no referendo sobre a comercialização de armas de fogo no país.
Mas não para por aí, outras revistas seguem a mesma linha editorial, como a revista CartaCapital que duas semanas atrás publicou uma reportagem tentando convencer seus leitores de que o ministro do STF, Gilmar Mendes, tem interesse na perda de eficácia da lei que pune atos de improbidade administrativa, sem falar na postura da revista que tem se comportado como se fosse uma porta-voz do atual governo.
Entretanto, cumpre ressaltar que isso não se resume ao jornalismo impresso, na televisão, esta forma de fazer jornalismo também dá seu ar da graça. No ano passado, a rede Bandeirantes em seus telejornais, produziu diversas reportagens, procurando convencer os telespectadores de que o SBT, com a Tele-Sena e a Rede Record com a Igreja Universal, trabalhavam com recursos infinitos, e por isso levavam, enorme, vantagem na "guerra" pela audiência.
Por fim, para que não pairem dúvidas sobre a lebre que estou levantando, vale esclarecer que aqui não me refiro aos articulistas, pois a estes cabe a obrigação de emitir seu parecer sobre determinado assunto, podendo justificar os motivos que o levaram àquela conclusão, direciono minha indignada crítica ao suposto jornalismo informativo mesmo, aquele cuja função precípua é levar ao público as premissas, permitindo que eles façam suas ilações com embasamento. Está claro que este jornalismo, que eu chamo de expositivo, está aos poucos, sumindo do cenário nacional, sendo esmagado pelo jornalismo dissertativo, o que é profundamente lamentável.
A foto que ilustra este post, pode ser vista no blog Imprensa Marrom.