terça-feira, dezembro 25, 2007

Marcão e Gatuno em: O nascimento de Jesus

Era noite, véspera de natal, a casa onde Marcão e Gatuno moram estava lotada. Crianças correndo para todo lado, hinos religiosos sendo entoados a todo momento, enquanto isso, o cachorro estava preso à coleira, próximo a sua casinha nos fundos do quintal. Normalmente, neste horário, por volta da meia-noite, ele já estava solto e a quebra desta rotina o incomodava. Ele estava inquieto, latindo o tempo inteiro como se quisesse "lembrar" aos donos da casa que já estava na hora de soltá-lo, até que a uma certa altura Gatuno passou por ali para ver o porquê daquele escândalo:

- O que está acontecendo, Marcão? Pergunta o gato.

- Até que enfim, alguém me ouviu, tá certo que esse "alguém" na verdade não é "ninguém" hahahaha...brincadeira, Gatuno. Me faz um favor, lembra o pessoal lá que já tá na hora de me soltar.

- Ih, acho que vai demorar pra alguém lembrar de você, Marcão. Responde o gato. Hoje é natal e o pessoal vai demorar pra ir embora.

- Tá e daí? Pergunta Marcão já claramente impaciente.

- E daí o quê?

- Primeiro, o que significa isso: ser natal? E depois, o que isso tem a ver com o fato de estar na hora de eu ser solto?

- Essa estupidez canina sempre me espanta, e na realidade eu já nem sei mais por quê! Vou começar de tráz pra frente então - o que tem a ver é que desde quando você é solto antes do pessoal daqui de casa ir dormir? E mais, desde quando eles te soltam quando tem alguém de fora em casa? Os convidados têm medo de você! E depois, natal é quando se comemora o nascimento do Salvador, Menino Deus, Nosso Senhor Jesus Cristo! Encerra Gatuno.

- Hum, entendi - Marcão abana a cabeça demonstrando sua concordância - então é hoje! Na realidade disso eu já sabia, só tinha me esquecido. E outra, é que aqui eu fico meio perdido quanto a algumas coisas, e as datas comemorativas são algumas dessa "coisas". E já que você tocou neste assunto, Gatuno, por que o nascimento do "Seu Senhor Jesus Cristo" é comemorado nesta data?

- Hum, não tenho muita certeza, Marcão, mas será que não é porque Jesus nasceu no dia 25 de dezembro do ano 1º? Responde Gatuno, com um sorrisinho sarcástico na fuça.

-hahaha...tapado como sempre foi. Jesus não nasceu no dia 25 de dezembro. Primeiro por que como eu já te falei antes, Jesus é um mito criado pela Igreja Católica, ou seja, nunca existiu. E como alguém que nunca existiu, poderia ter uma data fixada para o seu nascimento?

- Olha, Marcão...

- Calma, Gatuno - interrompe Marcão - já que eu tô preso aqui mesmo, vamos brincar um pouco mais. Vamos fazer de conta que o tal "Menino Deus" (como você disse), de fato existiu. Será que você pode me responder algumas perguntas:

-Claro! Manda Brasa. Responde Gatuno, demonstrando muita confiança.

- Por que 25 de dezembro? Começa Marcão.

- A Virgem Maria -responde Gatuno - recebeu a anunciação de sua gravidez no dia 25 de março. E 25 de dezembro é quando se completa os 9 meses de gestação. Próxima.

- Você tem certeza disso, Gatuno? Me parece que a celebração da anunciação a Maria é menos antiga que a celebração do Natal em dezembro. Questiona, Marcão, ceticamente.

- Tenho! Responde Gatuno, secamente.

- Ok. Por que o nascimento de Jesus tem uma data fixa, e a morte e ressurreição não?

- Como você deve saber tão bem quanto eu, Marcão, o dia do nascimento de Jesus não consta a bíblia, ficando a cargo da Tradição fixá-la. Já a Páscoa encontra previsão em Êxodo 12, 1-14. Nesta passagem Deus ordena que a Páscoa deveria ser celebrada quando houvesse a primeira lua cheia após o equinócio da primavera; ou seja, a Páscoa é ditada pelo ano lunar, que é diferente do ano solar. Então, os primeiros cristãos passaram a aguardar o primeiro domingo após a lua cheia seguinte ao equinócio da primavera para celebrar a ressurreição de Cristo.

- Agora me diz outra coisa: como Jesus poderia ter nascido em dezembro se este é um período de inverno no hemisfério norte, quando chega a nevar por aquelas bandas? Como, os pais de Jesus, poderiam viajar tranquilamente, como se diz? Além disso, a famosa (ou seria a "famigerada?) "Estrela de Belém", citada nos Evangelhos, nada mais foi do que um cometa, que foi visto por volta de abril do ano 5 ou 6 anos antes do início da atual contagem dos anos. Sem esquecer de um dado importantíssimo que os próprios Evangelhos trazem, que se refere ao fato de na época do nascimento de Jesus, não haver vaga nos "hotéis" de Belém, o que, teoricamente, foi o motivo para ele ter nascido na tal manjedoura. Ora, como poderia faltar vagas nos hotéis em pleno mês de dezembro, quando não havia qualquer comemoração especial? Se, e somente se, Jesus um dia existiu, certamente, ele nasceu em abril ou março, quando havia a comemoração da páscoa judaica, que era quando o povo seguia em direção a Jerusalém. Encerra Marcão em tom triunfante.

- Marcão, sinto dizer, mas você gastou saliva a toa, já que a data do nascimento de Jesus é o de menos. A única coisa que importa é que Jesus de fato existiu, como comprovam diversos documentos, conforme eu já te falei. Enfim, o importante para mim, e provavelmente, para todos os cristãos, é além da existência física de Jesus, a linda mensagem deixada por Ele. Rebate Gatuno.

- Hum, déjà vu...

- Tchau, Marcão. Ah, mas antes me diz: tá apertada a coleira? hahahaha...

domingo, dezembro 23, 2007

Não quer pagar imposto?




Essa discussão toda sobre a CPMF, acabou por me lembrar algo que eu aprendi nos tempos de faculdade, mais especificamente nas aulas de Direito Tributário - que nos países socialistas, o Estado, primordialmente, aufere receita de forma direta, isto é, provêm do própri0 patrimônio estatal. Assim, a carga tributária é quase inexiste, pois o Estado é financiado por sua própria atividade empresarial. Para se ter uma idéia do que isso significa, veja o exemplo de Cuba que em 2003 contava com um sistema tributário formado por 11 impostos, 3 taxas e 1 contribuição. É claro que existem exceções, neste caso a exceção é a China, porém, este país é por si só uma exceção.



Então depois disso, só me resta dizer uma coisa: não quer pagar imposto?, arrume as malas e se mude pra Cuba! hahahahaha....

sábado, dezembro 15, 2007

Acabou a CPMF

Como eu disse no post anterior, para um deputado ou senador ser a favor ou contra a prorrogação da CPMF, via de regra, depende, única e exclusivamente da posição na qual ele se encontra. Se estiver no poder, será a favor, se estiver na oposição será contra. Quer mais uma prova disso?

Em 19 de janeiro de 1999 o Senado aprovou uma prorrogação da contribuição por 36 meses, quando foi aprovado também o aumento da alíquota de 0,20% para os atuais 0,38%. Nesta votação a vitória do então presidente Fernando Henrique Cardoso foi tranquila, com 64 votos favoráveis à prorrogação contra 12. Os grandes responsáveis tanto pela prorrogação quanto pelo aumento da alíquota foram os mesmos que hoje posam de novos "pais dos pobres", dá só uma olhada:


Favoráveis

PSDB - dos 12 senadores que participaram da votação, 12 optaram por prorrogar a cobrança, aumentando a alíquota;

PFL (atual DEM): dos 23 presentes, apenas Josaphat Marinho não queria prorrogação nem aumento de alíquota;

PMDB: dos 21 presentes, somente 1 - Roberto Requião - votou contra o governo de então.

Contrários:

PT: todos os 5 senadores presentes, foram contra o tributo;

Se você quiser ver a lista completa, inclusive com os nomes de cada um, clique aqui (para assinantes do UOL ou da Folha)

Já na votação da semana passada, o que se viu foi o extremo oposto:

Contra a prorrogação:

PSDB: dos 13 habilitados a votar, todos estão neste grupo;

DEM: 14 votos contra a prorrogação em 14 possíveis:

Favoráveis à prorrogação:

PMDB (integrante da base aliada tanto na gestão tucana quanto na petista): 16 de um total de 19 habilitados;

PT: 11 em 11.

A lista completa você encontra aqui.

Bom, mas isso, como eu já disse antes aqui neste blog, pouco me importa! Só fiz esses posts tratando do tema para mostrar que político, independentemente, do partido em que esteja, normalmente, é mentiroso. Seu discurso é levado por seus próprios interesses. Agora quero falar sobre o resultado que a meu ver foi desastroso para o país.

No entanto, antes devo admitir que pessoalmente falando, o fim da CPMF é uma maravilha pra mim, pois como advogado atuante na área trabalhista, sou obrigado a suportar a contribuição quando há a realização de algum acordo judicial, e o que é pior, enfrento sérios problemas com a Receita, pois na visão dela tudo que passa pela minha conta bancária é meu, o que para alguém com a mesma profissão que a minha nem sempre é verdade. Porém, é inegável que este é um excelente tributo, uma vez que talvez, seja o único que alcança o grupo dos mais ricos do país. Além disso, o seu fim não significa queda na carga tributária, e muito menos em barateamento de produtos (só alguém extremamente ingênuo pode acreditar nesta mentira martelada pela Rede Globo). Depois da derrota o governo já deve estar se articulando para resolver o problema, isso porque eles não deverão abrir mão do dinheiro auferido por meio da contribuição, criando espaço para a criação de outra ou o que é pior, aumentando-se a alíquota dos já existentes e que podem ser feitos sem a intervenção do Legislativo.

Depois de conhecer o resultado 0 PT entrou em parafuso, mas analisando a postura do partido, desde sua fundação, o que se nota é que ele sempre foi oposição, suas atitudes até a chegada ao poder, sempre foram de um partido oposicionista, no intuito de deixar claro para a sociedade que o partido era "contra tudo isso aí!", agora na votação para a prorrogação da CPMF, foi a vez dos tradicionais inquilinos do poder, chutados pelo povo brasileiro em 2002, trilhar o caminho desbravado pelo tal partido dos trabalhadores. É do jogo democrático isso? Se eu disser que sim, então serei obrigado a dizer que a corrpção também é, afinal, a oposição somente se posicionou contra a prorrogação do tributo, na esperança de atrapalhar os planos de Lula fazer um sucessor nas eleições de 2010, já que o presidente está com um índice de popularidade incrivelmente alto, e com os recursos da CPMF, impedi-lo desse objetivo seria praticamente impossível. Isto é, a motivação foi tão torpe quanto a do político que aceita propina. Espero viver para ver um dia os políticos do nosso país entendendo que antes de suas desavenças politiqueiras, eles estão ali para fazer o que é melhor para o povo brasileiro, e não é acabando com um bom tributo que eles estarão beneficiando quem os colocou lá.


Com este resultado, ao contrário do que andam dizendo por aí, penso que ganha a oposição, em especial o DEMo e o PSDB, que agradam seu eleitorado. Não enxergo o PT, e muito menos Lula, como perdedores. Para estes tudo fica na mesma. Lula deverá continuar surfando em índices de popularidade inimagináveis para um presidente em segundo mandanto. Já o PT, ora, há muito tempo este já não conta com a confiança do povo brasileiro, e não vai ser isso que deverá reduzir este índice. Quem na realidade acaba perdendo, são os perdedores de sempre! Você sabem quem né?

sábado, dezembro 08, 2007

CPMF: é tudo uma questão de poder

Hoje em dia no Congresso Nacional, não se fala em outra coisa que não a CPMF. Os governistas consideram o tributo indispensável para o país, já os oposicionistas pensam de forma oposta. Percebeu que eu não me referi a este ou aquele partido político? É sempre assim: quem está no poder, invariavelmente, é a favor do aumento da carga tributária ou no mínimo de sua manutenção, enquanto que quem está fora, quer sempre reduzí-la. Não pense que isso decorre de divergência ideológica, nada disso. Esse antagonismo é fruto, meramente, da posição ocupada por cada uma das partes envolvidas.

Para que você veja como eu não estou mentindo, vou relembrar a posição de alguns dos principais envolvidos no debate a respeito da CPMF:

O senador Jorge Bornhausen é um caso típico de que ser a favor ou contra a CPMF é mera questão de estar ou não no poder. Em artigo publicado na Folha de S. Paulo de 7 de novembro de 2007, ele se mostrou contrário à prorrogação:


"Num país em que já são cobrados 64 tributos diferentes e certamente ocorre a maior desproporção entre o peso dos impostos sobre a população e a retribuição desse dinheiro em serviços e fortalecimento do Estado, a CPMF é indefensável. Seja do ponto de vista da técnica tributária, seja pela incidência perversa sobre os mais pobres, seja pelo desestímulo ao desenvolvimento -a incidência de 0,38% em todas as operações financeiras de um único evento desorganiza qualquer sistema de produção-, a CPMF não resiste a nenhuma lógica."
Interessante esta repentina preocupação com os mais pobres pelo senador catarinense, mas onde ela estava em 2002?

"O presidente nacional do PFL, o senador licenciado Jorge Bornhausen (SC), disse a interlocutores que a aprovação da CPMF (Contribuição provisória sobre Movimentação Financeira) é uma 'questão de honra' para ele. Segundo a Folha apurou, o pefelista teria completado: 'se uma parcela do partido insistir em não votar, entrego o meu cargo de presidente [do partido]'. [...] Bornhausen tem demonstrado irritação com alguns integrantes do PFL que aproveitam o momento para se vingarem do Palácio do Planalto por causa de disputas passadas."

Mas não pense você que esta incoerência é privilégio dos atuais representantes da oposição. Com Lula não é diferente. Veja o que ele disse em 1998, antes de chegar ao poder:

"Nós já tivemos brigas homéricas dentro do partido sobre a CPMF. A contribuição não é uma solução e o dinheiro arrecadado não é aplicado na saúde. [...] sou contra a CPMF."
Nem é preciso mostrar "o depois", mas vá lá:

"O presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou nesta sexta-feira como 'estupidez' a não-aprovação da prorrogação da CPMF e acusou os políticos contrários à contribuição de inveja e mesquinhez, dizendo também que há quem não goste do tributo porque ajuda a combater a sonegação. 'As pessoas sabem que a CPMF é extremamente importante para a estabilidade fiscal, para a estabilidade da economia deste país. Se fizerem estupidez, eu acho que o Brasil pagará um preço', disse Lula após visitar o arquiteto Oscar Niemeyer, no Rio de Janeiro. 'Eu acho que não pode faltar um dia.'"

Agora, justiça seja feita, o PMDB, os mensaleiros PP, PTB e PR (ex-PL), ao lado dos tucanos, tem se mostrado bastante coerentes, neste episódio. E você que não é nenhum idiota, já deve saber o porquê disso, claro. O PMDB e a bancada mensaleira, integravam a bancada governista quando a Fernando Henrique, comandava o Executivo nacional, e o PSDB está na expectativa de voltar a ocupar este posto.

Por isso, não perca seu tempo seguindo o posicionamento desta ou daquela agremiação política, pois certamente, mais cedo ou mais tarde ela irá te trair.

segunda-feira, dezembro 03, 2007

Corinthians rebaixado



Hoje o futebol brasileiro amanheceu de luto. A primeira divisão de 2008 ainda nem começou, mas já perdeu muito do seu charme, pois o Corinthians, time com a segunda maior torcida do Brasil (na realidade eu desconfio um pouco desse verdadeiro "dogma", tão repetido pela imprensa nacional, acho que o Corinthians tem a maior torcida no país) está rebaixado para a série b do campeonato brasileiro. Como disse o Juca Kfouri em seu blog, a notícia é triste, mas foi algo anunciado e merecido, afinal tudo o que a diretoria comandada por Alberto Dualib fez desde chegada da MSI não poderia ficar impune.

Depois de ser campeão em 2005, com a parceria ainda no auge, o time foi ladeira abaixo culminando com o vexame de condicionar a permanência na primeira divisão a uma derrota do Goiás para o Internacional, já que de ante-mão se sabia que vencer o Grêmio seria missão impossível. O atual elenco corintiano é lastimável, somente dois jogadores se salvam, o goleiro Felipe que demonstrou ter condições de num futuro próximo ser titular da seleção brasileira e o goleador Finazzi. Quem pôde assistir ao jogo contra o Vasco, percebeu que o time não tinha força ofensiva, sem Finazzi o gol passou a ser um objetivo quase inalcançável pelos demais jogadores.

Em todo caso, deixando de lado a humilhação da queda e analisando friamente a situação corintiana, é fácil perceber que diante do atual momento, deixar a disputa da primeira divisão era o que poderia acontecer de melhor ao clube, afinal na segunda divisão, não é necessário montar um grande time, basta ver o exemplo do Coritiba que mesmo com um time sofrível conseguiu ser campeão, ou seja, Lulinha e Dentinho poderão ser vendidos proporcionando grande retorno financeiro, permitindo o uso do dinheiro para a quitação de parte dos R$ 95 milhões em dívidas nas quais o clube encontra-se mergulhado. Sem esquecer que eles vão sair da mídia, o que fará com que a polícia federal lhes dê uma folga, além disso, certamente onde quer que o time vá jogar na série b do ano que vem, os estádios estarão sempre lotados, trazendo mais renda ao clube (isso se a renda não ficar toda para o mandante). E ao final do ano de 2008, o time poderá voltar até mais forte do que se continuasse capengando na elite do futebol.

É claro que é triste ver o buraco no qual o Corinthians caiu, mas em última análise, os grandes times brasileiros que passearam pela segunda divisão, sempre voltaram mais fortes. O Atlético-PR é o grande exemplo disso. Agora é juntar os cacos, jogar no lixo e preparar o terreno para o ano que vem, já que o título da segundona é que mínimo que a Fiel espera.

sábado, dezembro 01, 2007

A Ditadura Chavista



Amanhã o povo venezuelano vai às urnas para referendar uma micro (?) reforma na Constituição aprovada em 1999, já sob o jugo chavista. Dos 350 artigos constitucionais, 69 deverão ser alterados. Esta é uma boa oportunidade para tratar de um tema que vem suscitando diversos debates desde a ascensão de Hugo Chávez à presidência da Venezuela: seria ele um ditador? Quando do fechamento da RCTV, muitos não hesitaram em responder que sim. Naquele momento, deixei claro que se Chávez comandava um regime ditatorial, isso não seria em razão daquela medida estapafúrdia. Agora, com esta reforma constitucional, na qual o venezuelano pretende incluir a reeleição ilimitada para a presidência da república, vem à tona novamente, este mesmo debate, com algumas vozes se levantando para dizer que as tais eleições sem limites seriam suficientes para que um regime deixasse de ser democrático tornando-se uma ditadura. O que não é verdade. Na realidade, eu chego a ficar com pena de quem se utiliza de um argumento pueril como este para tentar qualificar Chávez como um ditador.


Sem dúvida alguma Chávez controla uma ditadura. Basta analisarmos algumas evidências. Porém não aceito como argumentos válidos o fato de Chávez pretender instituir reeleições indefinidas, e muito menos a não renovação da concessão da RCTV, medida esta, estapafúrdia, como eu disse, no entanto, perfeitamente legal. Reeleições sem limites até podem existir neste ou naquele país, desde que o sistema de pesos e contrapesos, esteja consolidado. Isso não existe na Venezuela é claro.


Para se falar em democracia é imprescindível que haja uma perfeita definição das relações entre o Executivo e os demais poderes, em especial o Legislativo. Na Venezuela não encontramos esta definição. No começo de 2007, o Parlamento daquele país abriu mão de seus poderes, repassando-os ao presidente, que desde então poderia governar por decreto, por ao menos 18 meses, podendo esse prazo ser prorrogado. Além disso, houve o aumento de 20 para 32 no número de ministros do mais alto Tribunal do país, com Chávez nomeando as 12 vagas criadas. Ou seja, o parlamento que já era amplamente governista, passou a ser uma figura decorativa e o Judiciário se tornou um mero apêndice do Executivo.


Outra evidência de que existe uma ditadura em solo venezuelano é a inexistência de oposição. Uma das regras mais elementares em qualquer regime democrático é a que diz que deve haver a garantia da existência de oposição parlamentar. Assim, a decisão tomada pela maioria, acaba se tornando até mesmo, mais legítima posto que garante à minoria o direito de se manifestar dentro das regras existentes. Em que pese uma pequena divergência quanto a esta mais recente reforma constitucional, não é segredo pra ninguém que o parlamento venezuelano é 100% "bolivariano".

Diante disso, ainda resta alguma dúvida que temos um vizinho ditador? Creio que não!

domingo, novembro 25, 2007

Hoje é dia da Beyoncé, transporte coletivo de Curitiba e, novamente, Coritiba


Ontem, sábado, 3 coisas me chamaram a atenção, neste post vou falar, rapidamente, sobre cada uma delas.

Fui fazer a manutenção do meu aparelho ortodôntico, para chegar no consultório do dentista fui de ônibus...ou melhor, fui na "lata de sardinha! Dizem que o transporte coletivo de Curitiba é exemplo para o mundo, disso eu nem duvido, mas certamente esse exemplo curitibano se deve mais à incompetência dos adversários do que por eficiência mesmo.

Foi preciso esperar passar 2 ônibus para que eu pudesse entrar somente no 3º, de tão lotado que estava aquele ponto, e mesmo assim, fui daqui de perto de casa até o ponto em que desci, totalmente, espremido. Mas, não foi exatamente isso que me chamou atenção, até porque não há novidade nenhuma aí, ao menos não pra mim, já que para voltar do trabalho em pleno horário de pico é normal esperar meia hora, quarenta minutos por um mísero ônibus, que quando chega faz com que o pessoal se veja obrigado a entrar de qualquer jeito, pois o próximo é só daqui a sabe-se lá quanto tempo.

O que me chamou a atenção é que não é de hoje que o transporte coletivo das grandes cidades está falido, não é de hoje que nós da "classe menos favorecida", somos obrigados a enfrentar estes problemas, e ninguém diz que este transporte está em crise!, não vejo as grandes emissoras de tv montar guarda nos terminais de ônibus para mostrar o caos que é pegar um ônibus para ir trabalhar. Não vejo um ministro seja lá de qual pasta for, conceder entrevista coletiva para apresentar "soluções", de longo e muito menos de prazo. E por quê? A resposta é simples, você já deve imaginar qual é...

Beyoncé

O segundo ponto que quero tratar aqui diz respeito a essas novas divas do pop mundial. Certamente, você já deve ter ouvido falar de Beyoncé (a da foto), Rihana, Fergie, quem mais?, Britney Spears, Christina Aguilera, (espero ter escrito tudo certo!) entre outras. Fala a verdade: você acha que alguma delas canta mesmo? Pessoalmente, penso que nenhuma delas cante o suficiente para ter a badalação que têm. E porque tem essa badalação então? Caso você não saiba a resposta, assista a 1 clipe de qualquer uma dessas que eu citei, especialmente se você for homem! Ontem no consultório do dentista estava passando um DVD com os clipes da Beyoncé, isso por si só foi suficiente para cair a ficha. Fui até "obrigado" a fechar o livro que eu estava lendo, a mulher é perfeita, mas não canta nada, aliás, essas pseudo-cantoras, não cantam nada, a maior qualidade delas é mostrar o belo corpo que possuem, sempre fazendo a dança do acasalamento, claro. Desse jeito, quem se importa com a música? E aí está o motivo para os paparazzi não as deixarem em paz.

Por isso eu pergunto: o que seria dessas cantoras se nunca tivesse existido a MTV?

Coritiba

Finalmente, o Coritiba confirmou a conquista do título da série B do Campeonato Brasileiro, sua torcida foi à loucura, comemorando a conquista de 1 título nacional que não ganhavam há 22 anos. O jogo foi emocionante, mas se o Santa Cruz não estivesse rebaixado para a 3ª divisão, creio que o título teria ido para Minas.

E agora a pergunta última pergunta do dia - quanto tempo o Coxa vai levar até voltar para o seu lugar?

sexta-feira, novembro 16, 2007

Resultado da enquete sobre a descriminalização do uso de drogas

Esta enquete chegou ao fim. Ufa! E ao contrário do resultado da anterior - sobre a descriminalização do aborto - nesta enquete o resultado foi mais folgado. A maioria (102 votos ou 56,35%) dos participantes entende que sim, o uso de drogas deve ser descriminalizado, enquanto que 79 votos ou 43,65% do total, entendem que não, drogas devem continuar sendo crime.

Pessoalmente, entendo que criminalizar o uso de drogas é inconstitucional, mas isso fica para o próximo post.

domingo, novembro 11, 2007

Pra que ficar rico?

Ontem fui obrigado a assistir uma daquelas palestras "super interessantes" de auto-ajuda. Durante as quase 8 horas o palestrante deve ter falado um monte de baboseiras (você não estava achando que eu fiquei o tempo inteiro atento, né? Claro que eu dormi durante 99% do tempo e no 1% restante aproveitei pra "viajar nas asas da imaginação"). Só sei que o cara mostrou um vídeo do Daniel Godri (o único momento interessante) e no final das contas só serviu para eu descobrir que não foi o Pedro Bial quem criou aquela coisa do "Filtro Solar", ele só traduziu e colocou a voz dele (cara-de-pau!, me enganou por tanto tempo). O problema foi a hora que o professor me fez uma pergunta e eu não tinha a menor noção do que ele estava falando, pra responder devo ter falado tanta besteira que depois disso ele não me perguntou mais nada.

Mas e daí? Por que estou falando isso? Lembra ali quando eu falei que durante 1% do tempo da palestra aproveitei para viajar?, então, durante uma dessas viagens, me perguntei o porquê da maioria das pessoas que eu conheço terem como principal objetivo de vida acumular muito dinheiro.

Há algum tempo atrás escrevi um post sobre as cotas raciais no Brasil, lá eu falei que em nosso país, o maior problema não é o preconceito racial, (embora não negue que exista, em menor grau) e sim o preconceito social. Acredito que um negro pobre é tão discriminado quanto um branco pobre, enquanto que um negro rico é tão bajulado quanto um branco rico. Faço essa citação pois foi aí que encontrei a resposta.

Creio que na realidade, se for feita uma pesquisa perguntando qual o maior bem de uma pessoa, entre as respostas mais votadas certamente vamos encontrar o respeito social, que, via de regra, é conquistado com muito suor, porém, pode ser comprado também. Digo isso porque nessa sociedade capitalista na qual estamos inseridos, só existe uma verdade: o dinheiro! Quando a criança nasce os pais logo sonham em vê-la bem sucedida, em outras palavras, sonham em vê-la rica. Quando se diz que fulano de tal se deu bem na vida, na verdade o que se está querendo dizer é que o tal fulano ganhou dinheiro suficiente para viver com fartura. Isso significa que a sociedade brasileira sempre vê aqueles membros ricos com olhos benevolentes, os ricos são admirados, invejados, enfim, respeitados. Um pobre até pode ter algumas características pessoais que façam as pessoas mais próximas o respeitarem, mas um rico é sempre respeitado, em qualquer lugar onde for, e não apenas no seu restrito círculo social.

Assim a conclusão que eu acabei chegando quanto à pergunta inicial é que o dinheiro além de proporcionar uma vida estável, em última análise serve para que o dono "compre" o respeito de seus amigos, colegas, familiares e principalmente, de quem ele nunca viu na vida, e é por isso que a grande maioria das pessoas passa a vida inteira sonhando em ter muita grana, esquecendo-se, muitas vezes, até de viver a vida que têm.

domingo, novembro 04, 2007

E o Coxa se juntou aos bons...




...na esperança de ser um deles...será assim tão simples?

Com uma campanha excelente, o Coritiba Foot ball Club, volta à primeira divisão de onde foi chutado em 2005. Apesar de um início titubeante, algo natural para um time em formação, o clube conquistou a vaga antecipadamente, dando ainda, toda a pinta de que o retorno será com o título. A campanha deste ano empolgou a torcida coxa-branca que em boa parte dos jogos, lotou o estádio Couto Pereira, proporcionando festas lindas, até a campanha "Fora, Gionédis" (presidente do clube) foi de certo modo esquecida. Ontem com a confirmação da vaga, 10% da população curitibana foi à loucura, buzinaços foi o que mais se viu. Mesmo eu sendo torcedor do Atlético Paranaense, sou obrigado a reconhecer a qualidade do elenco alvi-verde, que demonstrou ser, de longe, o mais qualificado da série B, provando que o Coritiba é um verdadeiro gigante para esta divisão. Mas agora uma pergunta permeia minha mente: por que trocar este sonho por um pesadelo na primeira divisão?

Na série B, como eu disse, o Coritiba é um gigante. Sabe aquele aluno da segunda série que já repetiu 3 ou 4 vezes o mesmo ano, e é maior que os outros alunos por isso bate em todos os colegas de sala? Este é o Coritiba na segunda divisão! Subindo para a primeira, o time vai deixar de lado essa condição de "grande" para assumir o papel de "pequeno", vai trocar festa por velório, diretores sendo carregados por diretores sendo ameaçados, jogadores ovacionados por jogadores desesperados, enfim, na série A ele será tratado como um cachorro sem dono, que todo mundo mete o pé. Veja o exemplo do Santa Cruz, no ano passado, ou o América este ano. Ambos vieram, deram uma passeada pela elite do futebol brasileiro e voltaram (ou no mínimo, estão com as passagens compradas) para o seu lugar. Trocaram a empolgação de suas torcidas, que lotavam os estádios por dias de horror, estádios vazios de seus próprios torcedores, ameaças aos jogadores e à diretoria, depredação do patrimônio do clube, entre outros pontos negativos. O mesmo deverá acontecer com o Alvi-Verde do Alto da Glória, que na primeira divisão não deverá passar de mais um, cujo único objetivo é fugir da degola, assim como o Paraná Clube já vem sendo há diversos anos.

Eu sou atleticano, e como tal, poderia não falar nada, pois com o Coxa na mesma divisão do Rubro-Negro, 6 pontos estão garantidos para o ano que vem, porém, antes de ser atleticano sou paranaense, e me sinto na obrigação de alertar a diretoria coxa-branca. Lembram-se do pesadelo de 2005? Derrota em cima de derrota, estádios vazios, torcida xingando, pedindo a cabeça de jogadores e diretores? Lembram-se quando teve início a campanha "Fora Gionédis"? Então, por que trocar alegria por tristeza?

Por tudo isso, quero alertar a diretoria do Coritiba para que pense no que eu expus aqui, e mesmo conseguindo a vaga para retornar à elite, provavelmente, com o título da competição, peça para permanecer na série B, onde vocês dão de cinta na maioria dos competidores, a não ser que prefiram que a torcida os arranque de onde vocês estão, pois não restam dúvidas que na primeira divisão as derrotas irão se acumular e o destino será a volta imediata para o seu lugar, na segunda divisão. Enfim, é preciso ter em mente que na principal divisão do futebol brasileiro, não há espaço para time pequeno como o nosso "co-irmão". Pensem nisso!

sexta-feira, outubro 26, 2007

O erro de Luciano Huck

Ao parar num sinaleiro da cidade de São Paulo, lá por volta do final do mês setembro*, começo de outubro, Luciano Huck, teve seu "Rolex" levado por um sujeito montado na garupa de uma moto, em seguida, num tom de desabafo, publicou um artigo na "Folha de S. Paulo", na sequência diversas vozes se levantaram comentando o artigo, algumas concordaram outras o criticaram muito.
Ao redigir o texto mais controverso dos últimos tempos, o global fez o que (guardadas as devidas proporções) qualquer um faria ao sofrer uma injustiça - extravasou sua revolta! O problema não foi a exteriorização dessa revolta (seria uma grande idiotice dizer que ele deveria agradecer aos céus, por ter perdido SÓ o relógio, como andaram dizendo por aí), seu erro foi a forma como expôs essa revolta.



A carta enviada à redação da "Folha", tem um conteúdo horroroso, lá você encontra um misto de arrogância com ignorância, regado ao mais puro fascismo. Por falar em fascismo, vou aproveitar e abrir um parêntese neste parágrafo, para dizer que no post sobre o filme "Tropa de Elite", eu afirmo não enxergar no filme qualquer apelo fascista, pois no meu entender ali há apenas a tentativa de apresentar uma realidade, em momento algum é possível dizer que os produtores referendam o comportamento do Capitão Nascimento, pelo contrário, há uma cena na qual outro comandante de outra "Tropa" (não lembro agora se de elite também, mas acho que sim), se recusa a participar de uma missão seguindo os métodos "nascimentianos". Desta forma, concluo que o fascismo está em quem assiste e vê na forma como o capitão Nascimento trata os supostos bandidos a salvação da sociedade brasileira. Por exemplo, a "Veja" mostrou ser fascista, já que na capa da edição dedicada à discussão gerada pela fita, disse que no filme "bandido é tratado como bandido", ou seja, aplaudiu os métodos nada ortodoxos da personagem de Wagner Moura; o mesmo pode-se dizer de Luciano Huck, pois no texto publicado pela "Folha", ele chamou o capitão Nascimento para começar a "discutir segurança pública de verdade".

Fechado este parêntese, volto ao tema deste post. Como já disse, após a publicação de seu desabafo, meio mundo caiu de pau em cima do homem, 50 mil reais mais pobre, vendo seu colega ser massacrado por alguns, a turma da revista "Época", decidiu socorrê-lo, saindo com uma capa na qual Luciano Huck aparece com um post-it tampando sua boca, com a pergunta: "Ele merecia ser roubado?" A capa da revista sugere que no fundo quem o critica queria que ele aceitasse a injustiça calado, além de no editorial, acusar o brasileiro de ser invejoso e incoerente. Invejoso por criticar Luciano simplesmente por ele ser rico e famoso, e incoerente por ver no assaltante uma vítima e na verdadeira vítima, um criminoso. Creio que ao abordar o tema desta forma, a "Época"pretende pôr um ponto final nas críticas direcionadas ao queridinho das "Caras" da vida, já que é impossível alguém responder "sim", à indagação estampada na capa da revista.

Obviamente Luciano não merecia ser roubado, não merecia ter uma arma apontada para sua cabeça, só um imbecil diria algo diferente disso, porém, o mesmo vale para as milhares de pessoas que enfrentam a mesma violência diariamente. Ninguém merece passar por este tipo de experiência. O erro do astro global não foi se indignar ao ter sofrido esta violência, seu erro é entender que direitos são como bens que se compram na venda da esquina, assim quem tem mais dinheiro compra mais direitos, quem tem menos dinheiro, consequentemente, compra menos direitos. A impressão que se tem é que ele achou injusto um sujeito qualquer, levar seu rolex "gratuitamente", mas ao mesmo tempo não vê nada de errado quando um policial arromba a porta de um morador da favela, mete-lhe o "saco da verdade" na cabeça, torturando-o para descobrir onde está o cara que ele está caçando. Provavelmente, na sua mente limitada, a lógica é que como o favelado não paga "uma fortuna" em impostos, não comprou o direito à sua integridade física e moral.



* Este blog anda com cheiro de naftalina, admito, já que nos últimos tempos, só tem tratado de assuntos velhos, mas é que eu estou com o tempo livre cada vez mais reduzido, por isso, por gentileza, faça de conta que o debate sobre o assalto de Luciano Huck teve início ontem ou anteontem, no máximo.

domingo, outubro 21, 2007

Pedágio Tucano X Pedágio Petista

Fala a verdade: não é divertido ouvir o que um daqueles torcedores de futebol fanáticos tem a dizer de vez em quando? Para esses torcedores ser coerente é achar tudo que vem do seu time o melhor do mundo e o que vem do time rival, seja o que for, imprestável. E é isso que faz de um torcedor típico um ser hilário por natureza. Você nunca vai ver um típico torcedor do Atlético-PR dizer que o Alex (Soneca) - aquele que jogou no Palmeiras, Seleção e que hoje atua na Turquia - é um grande jogador. Por outro lado também não deverá ouvir um coxa-branca (torcedor do Coritiba, rival do Atlético-PR) elogiando o Ferreira, principal nome do atual elenco rubro-negro. Invertendo o dito popular - seria trágico se não fosse cômico. Torcedor é assim mesmo, o dia que passar a ser racional ou coerente, perde a graça.

Mas e o que dizer de quem transporta o mesmo raciocínio para o âmbito político? Lamentável para dizer o mínimo! Neste post quero chamar a atenção para isso. A forma, apaixonada, como alguns setores da sociedade, especialmente aqueles ligados ao tucanato, tem se comportado diante da iniciativa do atual governo federal de repassar à inicitiva privada a administração de alguns trechos de estradas pelo Brasil. Em vez de analisar a conveniência, a legalidade entre outros aspectos da medida, ficam naquele lenga-lenga infantil: "Rá, xeque-mate, o PT demonizou tanto as privatizações e agora privatiza. São hipócritas!".

Até o meu amigo blogueiro, Dorian, caiu nessa cilada:

"São esses desencontros entre o discurso e a prática, a distorção da realidade e as meias-verdades que fazem do governo Lula esse ser amorfo que aí está. O governo tem que ter um discurso linear. Ou é a favor ou contra as privatizações. Não dá é criticar quem faz e fazer o mesmo como se estivesse reiventando a roda."


O detalhe é que nada disso importa, não é de hoje que Lula abandonou (?) a ideologia de esquerda (??) e abraçou o neo-liberalismo, deste modo, hoje em dia não faz sentido ficar acusando Lula e sua trupe de "amorfos", como o Dorian fez, por eles terem criticado algo que estava na mesma cartilha pela qual rezam agora. É preciso analisar os atos em si, se são convenientes ou não. Se forem, aplausos, se não forem, pau!

No entanto, é preciso esclarecer que, ao contrário do que a cúpula petista vem defendendo, houve sim privatização, concessão é um ato tão privatizante quanto uma venda pura e simples, já que privatização é o gênero, do qual a concessão e venda são algumas das espécies. É preciso deixar isto bem claro, pois quando uma empresa pública, por exemplo, é privatizada, o Estado deixa de controlá-la, se limitando a fiscalizar suas atividades, enquanto que a gestão do negócio passa a ser da iniciativa privada em definitivo, e não foi este o caso das rodovias, uma vez que o governo não vendeu patrimônio público, a partir de agora a iniciativa privada terá o direito de cobrar o pedágio por 25 anos, nos trechos licitados, em troca fica acertado que a empresa vencedora deverá investir em algumas benfeitorias.

Feito este esclarecimento, vale comparar o modelo de concessão petista com o modelo tucano: o atual governo, decidiu que não iria cobrar nada pela chamada outorga, como bem esclareceu o Dorian, ganharia a empresa que se propusesse a cobrar o menor pedágio, porém, ao contrário do que muita gente desinformada anda espalhando por aí, a empresa não adquiriu o direito de cobrar determinada quantia (bem inferior ao que se cobra atualmente, diga-se de passagem), sem qualquer contraprestação, junto com o direito de cobrar o pedágio, assumiu o dever de investir na revitalização das estradas, em certos casos, assumiu inclusive a obrigação de fazer a duplicação da rodovia, por isso se você leu ou ouviu em algum lugar que as rodovias em pouco tempo estarão em frangalhos, duvide, pois como se trata de concessão, se a empresa vencedora não cumprir as previsões contratuais o governo poderá retomar o controle das rodovias.

Já no modelo adotado pelo PSDB em São Paulo, houve a cobrança da outorga, ganhou quem ofereceu o maior valor, o que acabou elevando o preço final dos pedágios. Qual o melhor modelo? Até agora, sem dúvida alguma é o petista, mas dizer que este se revelará como o melhor em todos os sentidos, por enquanto é impossível. Só o tempo trará esta resposta. Quem quer que se arrisque dizer hoje, que um é superior ao outro, corre o risco de ser desmentido pela história.

Outro ponto que deixa os tucanos de cabelo em pé, é que mais uma vez eles estão se sentindo lesados, já foi assim com a estabilidade econômica. Nos últimos meses de FHC na presidência, o mercado internacional prevendo a vitória de Lula nas eleições, começou a se alvoroçar, temendo a quebra de contratos, deixando o país numa situação quase insustentável. Após a vitória do petista, ao perceberem que nada mudaria, o trem voltou aos trilhos e Lula começou a alardear que a economia se estabilizou graças a um gerenciamento competente da "herança maldita", o que todos sabem ser uma grande mentira, o país estabilizou em razão de Lula ter demonstrado que nada mudaria com sua chegada ao Planalto, e só. Se fosse colocado um espantalho na cadeira da presidência o resultado teria sido o mesmo.

Agora, novamente alguns setores se sentem lesados já que o PT resolveu invadir a praia tucana, mostrando ao país que existe um meio de deixar o pedágio barato. E qual foi a reação do tucanato? Bater na tecla da hipocrisia petista, tática que já deveria ter sido esquecida há muito tempo.

A conclusão que eu chego diante de tudo isso, é que a torcida organizada chamada "elite brasileira" não suporta Lula, e por isso não importa o que ele faça, deve ser criticado; mas essa má vontade não decorre do fato de ele ser de esquerda, ou melhor, por ele um dia ter aparentado ser de esquerda (já que segundo o próprio, de esquerda ele nunca foi) e sim por ele ser de direita sem nunca ter feito parte deles.

domingo, outubro 14, 2007

Tropa de Elite, chegou a minha vez

"Não gosto de armas! Elas são ruins, matam pessoas!
Matam pessoas??!! Vamos ver então - coloca uma arma sobre a mesa - mate alguém! Vamos, arminha, seja boazinha!
Viu só?! Armas não matam ninguém, pessoas matam. Pessoas são ruins."

Esta é uma reprodução, mais ou menos fidedigna (transcrevo de memória) de um diálogo travado numa série animada do canal de tv americano Fox, chamada "American Daddy". Mais tarde volto a ela.

Finalmente fui assistir ao hit do momento: Tropa de Elite!, e antes de entrar na polêmica que se criou em torno da fita, devo dizer que como entretenimento, o filme é excelente. Foge daquele maniqueísmo insuportável, tão presente nas casas brasileiras, com as novelas que pipocam em quase todas as emissoras do país. A história consegue ser bem realista na medida em que ninguém é totalmente bonzinho ou totalmente malvado, exatamente, como somos todos nós na vida real. O capitão Nascimento, é o narrador e o personagem principal, porém, nem de longe pode ser considerado o mocinho ou herói da trama. Ele, ao longo da história, alterna momentos de extrema brutalidade, como na cena em que esfrega a cara de um suposto estudante no corpo ensanguentado de um sujeito há pouco abatido pela tropa, com outras que poderiam ser consideradas cenas típicas do "homem de bem", como quando ele está tentando trocar as fraldas de seu filho recém nascido. O mesmo valendo para o Baiano, principal "vilão" na história. Isso, por si só, já é mais do que suficiente para este filme entrar na minha lista dos melhores que já pude assistir.

Mas, voltando do cinema, um ponto de interrogação ficou cravado na minha testa: não consigo entender o motivo que levou certos setores sociais a rotular o filme de "fachista", como diria Diogo Mainardi. Acredito que alguns foram levados a fazer tal afirmação, em razão de uma análise superficial do enredo. Tá certo que há evidente desrespeito aos direitos humanos mais básicos, de um modo que a direita se delicia, já que os afetados integram a classe social inferior, no entanto, também há a acusação de que a classe média é hipócrita quando organiza passeatas pela paz ou escreve artigos raivosos em jornais de grande circulação, somente quando a violência a atinge, sem esquecer da acusação de que as ONGs, criadas pela elite contam com fins meramente eleitoreiros ou sexuais, além de servirem para que seus criadores as usem para auto-promoção, como no caso do apresentador Luciano Huck. Diante disso, ficou pra mim a pergunta: será o filme ao mesmo tempo de direita e de esquerda?, será isso, um sinal de indecisão do diretor? Ao final concluí que não! O filme, apesar de - numa análise superficial, como eu disse - em certos momentos, aparentar pregar a instituição de um estado de exceção para combater o tráfico, no frigir dos ovos, apenas pretende mostrar uma realidade, num tom até certo ponto documental, e é aí que entra o diálogo inicial.

Afirmei lá em cima que o filme em si, não me parece ser fascista ou comunista, de direita ou de esquerda, não creio ser esta a abordagem pretendida pelos produtores, o problema é que quem assiste ao filme, ao contrário, pode não o fazer com a mesma isenção, o que me levar a crer que muito provavelmente certos setores da sociedade em pouco tempo deverão transformar a fita num exemplo de como deve ser o comportamento do Estado no combate à criminalidade (em especial, contra os que roubam rolex por aí), exatamente como já vem acontecendo. Pegue-se o exemplo de Luciano Huck, um dos mais famosos representantes da elite brasileira, que na maior tranquilidade, pede para o capitão Nascimento vir resolver o problema da segurança pública no país, já que na visão limitada do global, somente ele - ou alguém que seguisse sua cartilha - poderia resolver a questão.

Então, de agora em diante, não se espante se na próxima manifestação da turma dos cansados for entoada a principal canção de todas as tropas de elite, Brasil a dentro: "Tropa de Elite, osso duro de roer, pega um pega geral, também vai pegar vocêê!" Além de saírem por aí, numa demonstração de burrice, pedindo o capitão Nascimento na cadeira da presidência da República. E não se diga que isso será culpa do diretor, José Padilha, que teria dirigido um filme fascista, pois a culpa será de quem assiste o filme que numa prova ainda maior de burrice, consegue ver no capitão Nascimento um herói, em vez de um sujeito envolvido num drama pessoal, pelo qual vários policiais devem passar também.

segunda-feira, outubro 08, 2007

As contradições do vejista Reinaldo Azevedo

Deste post em diante, sempre que me referir ao jornalista Reinaldo Azevedo, o farei pelo seu apelido mais carinhoso - Boto! Por que Boto? Eis a explicação do próprio:



"Não é um apelido, mas poderia ser, considerando como se formam os apelidos. Pra que tanto mistério, bobão? Eu mesmo digo por que no vídeo gravado aí do lado: é porque eu tenho dois buracos na cabeça decorrentes da extração de dois tumores: um deles bem no cocuruto, onde os botos têm um “respiro”. Ponho o chapéu — no dia-a-dia, um boné de “mano” da periferia, hehe — para não deixar os outros constrangidos."



Se você está aí pensando que ridicularizar alguém por um defeito físico é um baita desrespeito e já começou a me xingar por isso, quero dizer que eu até concordaria com você, se este alguém em questão não atendesse pelo nome de Reinaldo Azevedo. Digo isso porque num de seus posts, como de costume, ele estava metralhando seus "inimigos", até que a uma certa altura, disse que os acreanos estavam errados por se sentirem ofendidos com uma suposta brincadeira do "comediante" Diogo Mainardi (um dos melhores do Brasil, arriscaria dizer), quando afirmou que se Evo Morales quisesse poderia devolver o cavalo, que segundo o boliviano, foi dado em troca do território do Acre. No máximo a população daquele Estado poderia espinafrar os paulistas, mas nunca entender essa "brincadeira" como ofensiva. Então, seguindo a lógica reinaldiana, ou melhor, botiana, como ele e sua claque adoram ridicularizar, inclusive por defeitos físicos, todos aqueles que fazem ou dizem algo que não agrade seus olhos ou ouvidos, de hoje em diante neste blog, não existe mais Reinaldo Azevedo e sim, "O Boto"!

Feita esta explanação inicial, falta dizer que o Boto deve estar ficando caduco, só pode! Nos últimos tempos tem exagerado nas contradições. Não sei se isso se deve ao fato de ele escrever muito, ou por escrever de madrugada, sei lá!, só sei que as contradições tem crescido exponencialmente, neste post vou trazer apenas dois exemplos, dentre outros que poderiam ser trazidos.

No primeiro, ao comentar um levantamento feito pela ONG "Article 19", no qual constatou-se que no Brasil tramitam atualmente em torno de 3.133 processos contra jornalistas, num país em que os principais grupos de comunicação contam com um total de 3.327 profissionais desta área, o que pode significar um recorde mundial, afirmou:
"É a democracia dos bacanas, fruto do clima de pega-pra-capar com o qual o petismo tenta silenciar a mídia." [Pelo jeito só petistas sabem o caminho das pedras] "Qual o caminho que os valentes escolheram? A judicialização do embate democrático, ainda que, muitas vezes, as ações sejam absurdas. Mas, claro, elas tomam nosso tempo, nosso dinheiro, nossa paciência — mesmo quando vencemos. [...] Ninguém é tão rápido em recorrer à Justiça para defender a sua “honra” quanto a pessoa sem honra nenhuma. Além da velha safadeza, há também um ingrediente novo na praça — novo no Brasil, onde tudo chega meio tarde: a patrulha politicamente correta. Sempre há uma minoria organizada enchendo o seu saco, como afirmei no vídeo que gravei ao lado para a VEJA.com, porque se sente agravada até por uma piada. Evo Morales diz que a Bolívia deu o Acre para o Brasil em troca de um cavalo velho (é mentira, claro)? Vai Diogo Mainardi e brinca: devolve o cavalo e pega de volta o Acre. Pronto: lá vem um pequeno exército de acreanos para protestar. No que me diz respeito, estou dando de presente títulos que conferem aos não-paulistas a licença para esculhambar São Paulo. Mas exijo o meu direito de falar mal do Brasil, dos políticos brasileiros, da minha própria impaciência, até dos coleguinhas...Essa mania de levar tudo para a Justiça é só mais uma demonstração de intolerância. é evidente, constitui mais uma maneira de tentar tolher o debate."

A citação acabou ficando meio longa porque eu quis aproveitar e trazer o comentário dele a respeito da piada do Diogo Mainardi sobre o Acre. Viu como o Diogão tem talento pra ser palhaço? O cara deveria ser contratado pela Globo pra ver se aquela porcaria do "Zorra Total" melhora um pouco!!

Agora perceba a contradição na qual o Boto incorre, quando comenta o texto do rapper Ferréz, publicado pela "Folha de S. Paulo", após o desabafo de Luciano Huck:

"Seu texto lhe vai gerar alguma conseqüência legal? Duvido."

Acho que a indiganação com o texto do rapper tirou a capacidade do Boto raciocinar, fazendo-o esquecer do que já tinha escrito. De acordo com o vejista, quando um jornalista é processado, temos uma afronta a democracia, porém, quando um não-jornalista diz algo inaceitável (na ótica botiana, claro!) ele deve ser processado e condenado, de preferência, preso. Jornalistas têm imunidade para dizer o que bem entenderem, enquanto que os não-jornalistas devem se recolher em sua insignificância limitando-se a ler o que os imunes falam e escrevem. Ora, ora, pense mais antes de escrever, Boto, já tá ficando feio pra você e pra Veja.

Agora a segunda contradição:

Na grande maioria de seus posts, o Boto se dedica esculhambar a esquerda, num deles escreveu o seguinte:


"Por que o comunismo é nefasto, entre tantos outros defeitos? Porque despreza, ignora ou esmaga as conquistas da civilização. Ele, sim, é genuinamente reacionário. Faz a história humana caminhar para trás. Pegue-se o caso da União Soviética. Em três décadas de consolidação do socialismo, matou-se mais gente do que o que se conhecia da sangrenta história russa (para ficar na república mais importante) até ali. E por quê? Para se construir qual homem?"


Concordo, a história soviética, especialmente durante o governo stalinista é, inaceitavelmente, sangrenta. Sendo assim, se o Boto, acha inaceitável que quem detenha o poder o exerça matando seus inimigos, seria lógico imaginar que isso valesse para qualquer ocasião, certo? Não para o Boto:



"Menosprezar a elite branca virou ‘cult’ e ‘engajado’”
Excelente o que escreve Dora Kramer na sua coluna de hoje no Estadão: É preocupante a reação de ira provocada pelo artigo (ótimo, na forma e no conteúdo) do apresentador Luciano Huck, publicado semana passada na Folha de S. Paulo e ampliado na entrevista “amarela” da Veja desta semana."
E o que disse Luciano Huck no tal texto "ótimo na forma e no conteúdo"? Entre outras baboseiras disse que agora que ele, Luciano Huck, foi mais uma vítima da insegurança pública provocada pela inércia tucana na administração paulista, era hora de discutir o tema de verdade, como sugestão, indica o nome do capitão Nascimento para resolver.


O capitão Nascimento (em outra oportunidade entro de cabeça no debate gerado pelo filme), não hesita em eliminar traficantes, isto é, na concepção do apresentador global, no que é aplaudido pelo Boto, política de segurança pública significa matar, sumariamente, todos os possíveis inimigos da elite, em especial os ladrões de rolex.


Boto, Boto, presta atenção no que você anda expondo para deleite de sua claque!!!!


O Boto não é idiota, pelo contrário, é muito esperto, isso ninguém pode negar. Por isso, eu penso que ou ele está ficando caduco mesmo ou é um desonesto intelectual. Se você puder, peço por gentileza, que me ajude a descobrir onde ele mente (se é que mente!), desde já agradeço.

sexta-feira, outubro 05, 2007

Os ministros do STF querem ser capa da Veja, mas sem se comprometer



Foi preciso quase 9 horas de debates para que o Supremo Tribunal Federal, por 8 votos a 3, definisse a questão da fidelidade partidária. A decisão foi no sentido esperado, o mandato de deputados e vereadores (a regra não vale para senadores e chefes do Poder Executivo, portanto) pertence ao partido. Decisão até aí, corajosa, embora insustentável do ponto de vista jurídico. O problema é que a coragem da maioria dos ministros parou neste ponto. Falo isso porque, segundo o Supremo, a "nova" regra passou a valer a partir de 27 de março de 2007, que foi quando o Tribunal Superior Eleitoral respondeu ao questionamento formulado pelo Dem(o) acerca da matéria. Assim, todos os deputados (em torno de 30) que trocaram de partido antes deste marco, tiveram suas condutas amparadas judicialmente.

Terminado o primeiro round, nesta luta que ainda deve ir longe, dois pontos me chamam a atenção. O primeiro eu já havia tratado,
lá atrás quando o TSE afirmou que o mandato pertence ao partido, no primeiro post que escrevi sobre o tema. O artigo 26 da lei dos partidos políticos é claramente inconstitucional, já que fere o artigo 55 da Constituição da República, onde estão elencadas as hipóteses de perda do mandato político, e lá não há qualquer referência a perda do mandato por troca de partido. No entanto, acredito que o motivo para o STF não ter atentado para esta flagrante inconstitucionalidade é que as decisões foram proferidas em mandados de segurança, ação na qual não deve haver este tipo de discussão.

O segundo ponto - e aqui sim, não há desculpa plausível - que merece ser salientado se refere à data de validade da regra. Seria de se esperar que todos os deputados da atual legislatura eleitos graças ao quoeficiente eleitoral - ou seja, aqueles que se elegem independentemente desta conta não sofrem a mesma limitação, frise-se bem! - que saíram de um partido ingressando em outro, deveriam perder seus mandatos, porém, não foi esse o caminho trilhado. Para a Suprema Côrte, a renúncia tácita (não-automática, diga-se) somente ocorre para os parlamentares que trocaram de legenda depois da resposta do TSE, isso significa que na Câmara dos Deputados, apenas 18 deputados podem perder o mandato. Isto é um absurdo! Quer dizer então que no Brasil as leis por mais que tenham passado por todo o procedimento previsto pela Constituição, começam a vigorar somente depois que o Judiciário as chancela? Ora, senhores ministros, deixem as piadas para um Ary Toledo da vida. A lei já existia antes da resposta do TSE, que até mesmo por não ter legitimidade para tal, não estava criando regra alguma. Desta forma, a lei deveria estar valendo desde a sua publicação, que foi muito antes de 27 de março.

É por essas e outras que a Justiça brasileira está cada dia mais desacreditada. Agora é esperar pelas cenas do próximo capítulo, pois o Congresso, provavelmente, não irá aceitar isso sem se movimentar no sentido contrário.

terça-feira, outubro 02, 2007

Olavo teve o final que mereceu!


Consegui alcançar o nível mais baixo da escala da minha degradação moral! Tudo por conta do quê? O casamento. Antes de me casar eu não assistia novela, hoje quando chego em casa minha esposa já está assistindo a das 6, depois começa a das 7, uma pausa para o único jornal (olha qual noticiário se tornou a minha única fonte de informação diária!!!) que me permitem assistir, depois dá-lhe mais novela. Não aguento mais, tô ficando até mais burro. Pra se ter uma idéia do ponto a que cheguei, na semana passada me peguei apostando* com a minha esposa quem seria o assassino da Thaís. É ou não é uma prova cabal de que os meus neurônios entraram em colapso?

Antigamente - parece que é muito tempo né? Mas não é tanto assim não, são exatos 7 meses atrás - até 1 dia antes do meu casamento, eu me vangloriava de não assistir um capítulo sequer de qualquer novela, de qualquer canal, enquanto que hoje...eu sei o nome de todos os personagens, sei que a Beatriz enganou o Dante pra separá-lo da esposa e pelo menos até agora, conseguiu ficar com o senhor ex-"Marílio Gabrielo"; sei que o Olavo foi quem matou a gêmea má e acabou morto (um final bem "original" para um vilão de novela, aliás, parabéns ao autor, que parece ter lido um dos meus posts).

Agora graças a Deus, acabou a "Paraíso Tropical", e seria mais "graças a Deus" ainda se não começasse outra no seu lugar, com uma agravante: a Band está lançando mais uma novela e a minha esposa já falou que quer assistir, ou seja, nem o Jornal Nacional eu vou ter como assistir mais...é o fim!

Ontem vendo as peripécias do Antônio Fagundes de bigode, sem mais nem menos comecei a ouvir uma marcha fúnebre, perguntei à minha esposa se ela estava ouvindo, ela disse que não e só agora consigo entender do que se trata - são os meu neurônios, que estão cometendo suicídio coletivo, não aguentam mais acompanhar o lenga-lenga típico das novelas brasileiras e os que sobram organizam o velório dos mais corajosos.

* Pra variar, perdi a aposta. Eu imaginei que o assassino não era o Olavo, pois seria óbvio demais, então apostei no Bruno Gagliasso e na Beth Goulart. Ela apostou no Olavo e na Marion. Malditos autores sem imaginação.

Ah, mais uma coisa. Fiquei me perguntando o por que um ator da qualidade de um Wagner Moura aceita queimar o filme atuando numa novela global? A resposta que me vem a mente é uma só: maldito capitalismo!

segunda-feira, setembro 24, 2007

Cacciola e o erro do Ministro Marco Aurélio


Há algum tempo o Ministro Marco Aurélio Melo, vem sendo o responsável por gerar os sentimentos mais contraditórios na imprensa brasileira. Quando o TSE decidiu que o deputado perderia o mandato ao deixar o partido pelo qual foi eleito, chegaram perto de considerá-lo um semi-deus, agora em função de sua atuação no caso do banqueiro fujão, a imprensa se lembrou até que ele é primo do ex-presidente Fernando Collor de Melo, e que este foi quem o indicou para o posto de ministro do STF.

Sinceramente, eu penso que o Ministro, talvez seja um visionário, uma mente à frente de seu tempo, quem sabe daqui a uns 20 ou 30 anos, alguém diga: "Pô, e não é que o cara tava certo?!!! - vai saber! O problema é que hoje, ele é mais conhecido como o "Ministro Voto Vencido", já que via de regra, os demais membros do Supremo o deixam falando sozinho.

Um detalhe que não se pode negar é que Marco Aurélio, adora declarações bombásticas, daquelas que a imprensa passa dias e mais dias repercutindo, o que faz dele o Ministro mais pop em atividade no país. O mais recente motivo de perplexidade midiática refere-se ao caso "Salvatore Cacciola", no qual o Ministro pop, atuou decisivamente lá atrás quando concedeu liberdade ao banqueiro, permitindo assim que este fugisse para a Itália de onde nunca poderia ser extraditado, já que tem cidadania italiana. E agora, com a prisão de Cacciola, o mínimo que se esperava do Ministro se penitenciasse, que pedisse perdão de joelhos por ter libertado o então, quando não foi isso que aconteceu, ele não se arrependeu, pelo contrário, arrogantemente, na visão de alguns jornalistas, afirmou que voltaria a conceder a liberdade a Cacciola. Ora, Ministro, mas que blasfêmia!!!! Paulo Henrique Amorim no seu "Conversa Afiada" está bufando de raiva. Chegou até a encaminhar uma carta à presidente do Supremo, Ministra Ellen Grace, indagando sobre a capacidade tanto emocional quanto intelectual de Marco Aurélio, para ocupar uma das cadeiras no STF. É ou não é de matar de rir?, é por essas e outras que eu concordo com o Mino Carta quando ele diz que temos uma das piores imprensas do mundo.

Neste caso, a imprensa nacional, em momento algum pretendeu analisar, friamente, a justificativa usada pelo Ministro para dizer que sua decisão estaria incorreta, se limitaram a questionar sua sanidade mental. Marco Aurélio se equivoca, é verdade, entretanto, seu equívoco não é suficiente para modificar a decisão, leia o que ele disse:

Enquanto a culpa não está formada, mediante um título do qual não caiba mais recurso, o acusado tem o direito — que eu aponto como natural — que é o direito de fugir para evitar uma glosa que seria precipitada”

Percebeu alguma coisa errada? Direito de fugir?! Se o acusado tem o direito de fugir, então o Estado tem o dever de respeitar este direito. Todo direito, seja subjetivo ou potestativo (a diferença entre ambos é o dever jurídico, presente no primeiro e ausente no segundo) deve ser respeitado, podendo haver, inclusive, interferência estatal em caso de desrespeito. Eu tenho direito à liberdade, se algum particular viola este direito meu, tenho o direito de recorrer à Justiça para fazer cessar tal violação. Se é direito do acusado fugir, então o Estado não poderia impedi-lo. Porém, como você deve ter percebido, o problema na frase do Ministro é mais de ordem terminológica do que jurídica, digo isto porque a fuga de um acusado, penalmente falando, não é seu direito, mas também não constitui crime algum, em termos jurídicos é irrelevante, enfim, é um nada! O ser humano, instintivamente, foge de tudo que lhe seja desagradável, não seria lógico criar um ilícito penal, prevendo uma pena qualquer ao indivíduo que tenta evitar algo que vai de encontro a este instinto, cabe ao Estado - e aí está a razão que me leva a entender que não há de se falar em "direito natural de fuga" - impedir que o acusado obtenha sucesso ao agir movido por este instinto.

A lei penal somente autoriza a prisão de quem ainda não foi julgado de forma definitiva, em casos especialíssimos, e o mero risco de fuga não é um desses casos, ou então o que é exceção - prisão antes da condenação definitiva - passaria a condição de regra, pois como já disse, qualquer acusado seria um fugitivo em potencial, portanto a partir do momento que houvesse o indiciamento lá na fase do inquérito policial, já deveria haver uma prisão.

No caso Cacciola, o erro não foi do Ministro que liberou o banqueiro, e sim do Executivo que não impediu a fuga. Mas isso não importa, afinal é mais fácil ver o que está na superfície, do que o que está por baixo, não é mesmo?

quinta-feira, setembro 13, 2007

A lista da vergonha


Desde que eu fiquei sabendo da palhaçada patrocinada pelos nossos digníssimos senadores da República no dia de ontem, ao absolverem o amante da repórter da Globo, uma pergunta povoa minha mente: quem são esses 40 palhaços responsáveis por uma das maiores vergonhas já vistas na história do Brasil?, e mais, quem são os que escondem a cara e não assumem sua posição "pró-roubalheiros"? Como eu já estou no clima das especulações, resolvi tentar elaborar uma lista, com o nome destes tristes personagens.

Obviamente, é impossível termos a certeza de quem votou no quê, porém, é possível ter uma idéia. Acredito que dos 17 representantes do "Demo", 16 votaram pela cassação, Edison Lobão é um dos lacaios de José Sarney. Entre os tucanos, dos 13, 12 queriam cassá-lo, e o 13º, senador João Tenório, deve ter sido um dos que se abstiveram. O único representante do PSol, José Nery, sem dúvida votou contra o presidente do Congresso. Renato Casagrande, do PSB, foi um dos relatores a pedir a cassação de Renan no Conselho de Ética, então não votaria contra seu próprio parecer. Estes votos, eu tenho quase certeza que estão certos, neste caso, teríamos até agora 30, faltam 5. E a partir de agora entramos num terreno pantanoso.

A senadora, Patrícia Saboya, outra representante do PSB, participou da reunião na qual líderes de diversos partidos decidiram sabotar todas as convocações feitas pelo quase cassado, então, a menos que ela seja muito cara de pau (o que também não é nada impossível) deve ter sido voto contra Renan, 31. Jarbas Vasconcelos do PMDB, esteve presente na mesma reunião ao lado de Patrícia Saboya, além de ter se manifestado favorável a cassação, 32. Garibaldi Alves, outro senador pelo PMDB, havia antes da votação, supostamente, declarado seu voto pela cassação, com ele poderemos ter chegado ao 33º voto. Os de número 34 e 35, poderiam ser dos senadores Jeferson Peres que votou pela contra Renan no Conselho de Ética e Osmar Dias, ambos do PDT, neste último caso, o irmão deste, Álvaro Dias senador pelo PSDB, declarou publicamente que Calheiros deveria ser cassado, e os dois na maioria das vezes têm opiniões muito parecidas.

Com isso aqui está a lista dos possíveis salvadores da pele de Renan Calheiros:

Demo

Edison [sic] Lobão;

PCdoB

Inácio Abreu;

PDT

Cristóvam Buarque (votei nele nas últimas eleições);

João Durval;

PMDB

Almeida Lima;

Geraldo Mesquita Junior;

Gerson Camata;

Gilvam Borges;

José Maranhão;

José Sarney;

Leomar Quintanilha;

Mão Santa;

Neuto de Conto;

Paulo Duque;

Renan Calheiros;

Romero Jucá;

Roseana Sarney;

Valdir Raupp;

Valter Pereira;

Wellington Salgado de Oliveira;

PP

Francisco Dorneles;

PR

Expedito Junior;

João Ribeiro;

Magno Malta;

PRB

Marcelo Crivella;

PSB

Antônio Carlos Valadares;

PT

Delcídio Amaral;

Fátima Cleide;

Flávio Arns (paranaense);

Ideli Salvatti;

Paulo Paim;

Serys Slhessarenko;

Sibá Machado;

Tião Viana;

PTB

Epitácio Cafeteira;

Euclydes Mello (esse lembra alguém);

Gim Argello;

João Vicente Claudino;

Mozarildo Cavalcanti;

Sérgio Zambiazi.

Nesta lista, encontram-se os 40 senadores, que devem ter livrado a cara do alagoano.

Aloísio Mercadante do PT, foi o único até agora a assumir sua indecisão, por isso não apareceu na lista. João Tenório do PSDB, como eu disse, deve ter sido outro dos indecisos. Pedro Simon, se não votou pela cassação, deve ter se eximido da responsabilidade, o mesmo valendo para os petistas Augusto Botelho, Eduardo Suplicy e João Pedro, que votaram pela cassação no Conselho de Ética, e no voto secreto, tudo indica que resolveram se alojar, confortavelmente, em cima do muro.

Enfim, quer votando pela não cassação, quer se omitindo, estes são os 46 parlamentares que, sem a menor vergonha na cara, devem - que fique bem claro isso - ter salvado a pele de Renan Calheiros. Lembre-se deles.

quarta-feira, setembro 12, 2007

Entrei bem...

Hoje é um daqueles dias prá mim! Errei o palpite no julgamento Renan Calheiros, que foi absolvido por 40 votos contra 35. Isso significa que nunca irei ganhar na Mega-Sena. E prá completar meu dia ruim, acabei de ficar sabendo que um dos meus clientes se mudou prá local incerto e não sabido. Foi embora me devendo boa parte dos honorários contratados. Não tá fácil, mas o jeito é tocar a vida do jeito que dá...

Renan Calheiros será cassado!


Hoje é um daqueles dias propícios para palpitar, não tenho dúvidas que você irá encontrar palpites e mais palpites em dezenas de blogs, jornais, televisão e rádios, Brasil a dentro - e por falar em palpite, isso me lembrou uma folha de "conselhos" que está colada em tudo quanto é parede aqui onde eu trabalho, com frases que tanto agradam algumas pessoas, como por exemplo, "se não veio ajudar, não atrapalhe!", ou "se não faz melhor não critique!", mas a que mais se aplica a este post é esta: "Se não lhe foi perguntado, não de [sic] palpite!", se aplica porque irei solenemente desrespeitá-la. Neste post, quero dar o meu palpite sobre o julgamento do presidente do Senado, Renan Calheiros.


Feita esta pequena introdução, cabe dizer também, que hoje certamente, é o dia mais importante na carreira política do - por enquanto - senador e presidente do Senado, Renan Calheiros. Sua situação está extremamente complicada, hoje é o dia em que ele terá seu comportamento, tanto público quanto privado, julgado. Se a votação fosse aberta assim como foi quando da cassação do mandato do ex-presidente e atual senador por Alagoas, Fernando Collor de Melo, diria sem medo de errar que Renan já era, mas como será secreta, qualquer opinião sobre o resultado final da votação tende a ser mero palpite.


Vou analisar a questão, levando em consideração cada bancada no Senado, no que for possível. No PMDB, partido do próprio Renan Calheiros e que conta que conta com a maior bancada na Casa, 19 representantes, os senadores Garibaldi Alves e Jarbas Vasconcelos já abriram o voto, ao menos oficialmente, irão votar pela cassação de Renan. Pedro Simon, certa vez, pediu em plenário que Renan, renunciasse ao cargo de presidente, então, creio que seu voto seja pela cassação também.

O "Demo" com 17 senadores e o PSDB com 13, devem votar em bloco contra Renan. No caso dos tucanos a exceção poderá ser o senador por Alagoas, João Tenório, grande amigo do peemedebista. José Nery, senador pelo PSol do Pará, obviamente, vota pela cassação, então nesta conta já temos 24 votos. O PDT tem quatro senadores, acredito que todos estão contra Renan também. O PSB conta com 3, um deles é Renato Casagrande, um dos dois relatores no Conselho de Ética que pediram a cassação, então, a lógica é que os 3, sigam o voto do relator. Os demais partidos, como os mensaleiros, PR, PP, PTB, não deverão votar em bloco, no PT por exemplo, entendo que a maioria está ao lado de Renan, porém, votos contrários poderão ser obtidos, como o de Eduardo Suplicy.


Enfim, aposto na cassação de Renan Calheiros, por uma margem apertada. Não acredito em mais 42 ou 43 votos neste sentido. Agora vou aguardar, se eu acertar, hoje mesmo vou apostar na Mega-Sena...e nada de entregar o bilhete para o meu patrão guardar.

domingo, setembro 09, 2007

O aborto deve ser descriminalizado, mas como?

Atualmente, a legislação brasileira, mais especificamente o Código Penal, em seu artigo 128, incisos I e II, autoriza o abortamento em somente duas hipóteses: risco de morte para a gestante e quando a gravidez decorrer de estupro. Em qualquer outra situação, a gestante e/ou os demais envolvidos, podem responder por crime. Entretanto, ante o atual estágio de desenvolvimento científico humano, estas penalizações não mais se sustentam. Por isto, o ideal é estabelecer que somente deve responder criminalmente pelo crime de estupro, quem o efetive sem o consentimento da gestante. Isto é, sempre que a mulher, livremente, tomar a decisão de interromper a gravidez, ninguém deveria ser punido.

No Brasil e, acredito, na maioria dos países do mundo, grande parte da população, graças ao poder da Religião, entende que a vida tem início na concepção, já que é neste momento que o "sopro Divino" alcançaria o nascituro, sendo assim, desde então ele passa a ter o direito à vida. Por conta deste entendimento, a grande maioria dos seguidores do Cristianismo, (que é a religião que eu conheço alguns pontos básicos) acham que o Estado deve coibir o abortamento, pois do contrário, haverá grave afronta a Deus (me refiro aqui, especialmente, ao Deus cristão), ora, esta justificativa é a mais fraca para alguém utilizar quando quiser se posicionar contra a descriminalização da prática abortiva, digo isto, pois dois argumentos são suficientes para destruí-la, vamos a eles - em primeiro lugar o Estado brasileiro e a maioria dos Estados ao redor do globo, são laicos, ou seja, leigos, neutros em relação à religião, o que impede a adoção de uma doutrina religiosa, seja ela qual for, como fundamento para a criminalização de condutas. O outro argumento e este fala diretamente aos cristãos, é o que disse Jesus em Mateus 22, 21, Marcos 12, 17 e Lucas 20,25, onde está claro que o próprio fundador do Cristianismo defendia a separação do Estado da Religião. Por conta desta passagem bíblica, nada impede que um verdadeiro cristão, seja favorável a descriminalização do aborto. Lembrando que descriminalização significa liberdade! Liberdade para abortar e liberdade até mesmpo para não abortar. Quem, por motivação religiosa, entender que o abortamento é pecado, poderá optar por levar a gestação adiante.

Superado este primeiro argumento, vamos em frente, enfrentar agora o único que realmente tem condições de impedir a descriminalização.

A Constiuição da República estabelece em seu artigo 5º que todos os brasileiros e estrangeiros residentes no Brasil têm direito à vida, contudo, em parte alguma desta mesma Constituição, encontramos a fixação do início da vida. Diante da omissão constitucional os detratores do aborto invocam o Pacto de San José da Costa Rica para dizer que o início se dá na concepção:

Artigo 4º - Direito à vida
1. Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua vida. Esse direito deve ser protegido pela lei e, em geral, desde o momento da concepção. Ninguém pode ser privado da vida arbitrariamente.

Como em nosso país, os tratados internacionais sobre direitos humanos, desde que aprovados nas duas Casas do Congresso, são considerados emendas à Constituição, alguns ingênuos, auto-denominados "pró-vida", bradam que a Lei Máxima do Brasil por meio de uma cláusula pétrea (impossível de ser modificada), adota o entendimento de que a vida tem início na concepção. Errado! Quem defende tal posicionamento, não está atentando para a expressão "em geral" contida na redação do artigo 4º do Pacto. Este "em geral" quer significar que não havendo previsão em contrário, a vida tem início na concepção, havendo, a vida tem início quando a lei interna de cada país signatário definir. Deste modo, afasta-se a existência de qualquer impedimento constitucional para a descriminalização do abortamento.

O Código Civil, vigente desde 1º de janeiro de 2003, em seu artigo 2º traz a seguinte previsão:

Art. 2º - A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.

Ao comentar a segunda parte do dispositivo acima, algumas pessoas, via de regra, defensores do aborto, inexplicavelmente, alegam que o legislador põe a salvo somente os direitos patrimoniais do nascituro, nada mais falso! Os direitos patrimoniais somente vão existir no nascimento com vida, pois se o feto não alcançar este estágio, não há de se falar em direitos patrimoniais. Então, que direitos são estes afinal? Os personalíssimos, tais como o direito à vida.

Deste modo, entendo que a melhor forma de se garantir o direito à prática do aborto, sem precisar fazer qualquer alteração no Código Penal é alterando o citado artigo do Código Civil, declarando expressamente, que a vida terá começado no início da atividade cerebral, já que é exatamente o final desta atividade, o marco final da vida humana. O detalhe é que neste caso, teríamos um novo problema: quando esta atividade tem início? Segundo a revista "Superinteressante", na edição nº219 de novembro de 2005, alguns cientistas afirmam que a atividade cerebral tem início na 8ª semana, outros na 20ª, então para solucionar a controvérsia seria preciso invocar o benefício da dúvida, fazendo com que a lei brasileira preveja a 8ª semana de gravidez, como marco inicial da vida humana, assim, todas as mulheres que desejassem, poderiam interromper sua gestação até esta data, adequando a legislação brasileira à realidade dos nossos tempos.

quarta-feira, setembro 05, 2007

Diálogo inusitado!

Via e-mail, o Fulano* entrou em contato comigo, para me fazer algumas perguntas que eu nunca pensei que alguém faria. Achei o que ele me perguntou tão estranho, que foi impossível não cair na gargalhada, dê uma lida:


"From: 'Fulano [...]' [...] Subject: olá Date: Sat, 01
Sep 2007 21:22:21 -0300

Olá tudo bem ? Você é escritor??? autor de livro?? Posso te adicionar? abraços Fulano


[...] Subject: RE: olá Date: Mon, 03 Sep 2007 14:49:21
-0300

Olá, Fulano, tudo bem? Na realidade não sou nada disso, embora pretenda escrever alguma coisa voltada para a área jurídica.
Pode me adicionar sim, e não me leve a mal, mas quem é você e de onde me conhece?

Opa Tudo bem???! Descupa eu não me apresentar direito rssss..... Sou professor Assistente Mestre concursado da universidade do estado [censurado a pedido do autor] e estou escrevendo uma novela (pelo menos tentando), e encontrei o seu blog falando sobre novela!!! Você tem algum contato de alguém que também esteja escrevendo uma??? Sabe quanto que uma emissora de tv (record, globo, SBT) paga por uma novela??? Tenho algumas dúvidas quanto a forma da estrutura dos capítulos e descrição das falas ou a forma para a apresentação para a emissora...entende. Um grande abraços. Fulano [...]"


Certamente, o Fulano, não atentou para a categoria na qual está arquivado o post "Quero virar escritor de novela", por isso quero aproveitar e esclarecer que eu não conheço ninguém de dentro das emissoras que atualmente veiculam novelas no país, o post nada mais é que uma brincadeira sobre as que passam nas tvs brasileiras hoje em dia.

Na realidade, só te peço uma coisa, Fulano: já que você está escrevendo uma novela, não siga nenhum dos conselhos que estão no post! Pode ter certeza que os telespectadores lhe serão muito gratos.

* O Fulano não gostou nada de ver o nome dele aparecendo neste post, por isso, educadamente, pediu para que eu o retirasse, atendendo ao seu pedido foi o que eu fiz. Assim, se você já viu o nome do autor da "consulta", trate de esquecer imediatamente.

sexta-feira, agosto 31, 2007

Dia do Blog, dia de indicações

Hoje é o "Blog Day" dia em que os blogueiros pensam que são "gente", neste dia eles esquecem o quanto a sociedade os despreza e inflam o peito para gritar: "Eu tenho um blog, mereço e exijo respeito!" - Como parte das comemorações deste dia tão importante, há muito foi criado mais um "mimi" para rolar pela blogosfera. Esta é a segunda vez que participo, no ano passado os membros da "Eu tenho um blog", uma comunidade do Orkut combinaram indicar 5 ou 10 blogs da própria comunidade, entre os melhores que por ali apareciam, este ano faço diferente, e indico 5 blogs excelentes; porém, entre estes não irei trazer nenhum da minha lista de links pois como todos que aparecem por aqui de vez em quando sabem, todos os blogs dali são bons, se não o fossem certamente não estariam. Também não vou indicar nenhum dos famosões, porque estes não precisam de mais publicidade e, por fim, não serão indicados os mesmos que já o foram no ano passado. Então vamos à lista:

Um país chamado Uati: Blog totalmente diferente do que você, geralmente, irá encontrar. Nele o autor se propõe a mostrar o que acontece nos bastidores de uma das maiores instituições financeiras do país, sempre de uma forma bem humorada, vale a leitura.

Blog da Lizzie: A Lizzie já teve tantos blogs que eu até já me perdi, este é mais um deles e dentro da temática proposta é excelente. Se você gosta de ler o quotidiano de alguém sob o ponto de vista bem melancólico, esta é a sua praia.

Garoto Falido: Este que chegou a ser eleito o melhor blog no 3º concurso realizado na comunidade "Eu tenho um blog", o problema é que atualmente me parece que o Igres deixou de atualizá-lo, mas ainda tem muito coisa boa.

Grandes Pérolas do Orkut: Antigamente as besteiras nós falávamos ou fazíamos por aí, ficavam restritas ao nosso grupo social que poderia ser mais ou menos reduzido, hoje com a popularização da internet as besteiras podem ser motivos de riso no mundo inteiro, e este blog se dedica a selecionar os melhores piores momentos, protagonizados pelos membros do Orkut. Diversão garantida.


Opinião Futebol Clube
: Bom blog sobre futebol que, logicamente, só irá agradar quem gosta do tema. Não deixa nada a desejar em relação aos pesos-pesados do meio. Se você gosta de futebol e quer ler algo diferente do que a grande mídia oferece, sugiro este.

Esta é a minha lista, tentei ser o mais plural possível. Só senti falta de bons blogs jurídicos, pois além do blog do dr. José Luiz de Oliveira Almeida, que está na minha lista de links e já foi citado em outra oportunidade, não encontro algo nessa linha que mereça ser mencionado. Espero que alguém do meio jurídico se dê conta disso e invista nesta nova (nem tão nova assim!) ferramenta virtual.

Veja também as indicações do ano passado: "Melhores blogs da 'Eu tenho um blog'".