sexta-feira, maio 05, 2006

Formador de opinião é o alvo nas campanhas eleitorais

Política

* Por Marco Iten

Toda campanha minimamente planejada objetiva atingir o chamado "formador de opinião". Considera-se oportuno incorporar ao grupo de apoiadores de qualquer candidatura a força de comunicação e o amplo leque de relacionamentos pessoais e profissionais que o tal "formador" parece deter, como um capital político pessoal, e cuja meta consiste em absorver seu prestígio e receber, de sua credibilidade, os votos que parecem estar agregados a estes. O processo político brasileiro, no entanto, falha duas vezes quando o planejamento de campanhas eleitorais dedica-se a conquistar esse importante instrumento de conceituação e divulgação de campanhas políticas e seus candidatos.

A primeira grande falha está na incapacidade prática dos partidos políticos em identificar essas lideranças - tradicionais ou potenciais. Não existem partidos políticos com vida, com inserção na sociedade, com canais abertos para a participação sincera dos diferentes segmentos da sociedade. Pessoas interessadas na militância partidária e na construção de carreiras políticas não encontram acesso fácil ao ingresso e à ascensão na hierarquia partidária. Os partidos são feudos, máquinas de uso de pessoas ou grupos. Verdadeiros "business" para a comercialização de legendas, tráfico de influência, canal para benefício próprio.

Da mesma forma, os partidos políticos se escondem, são agremiações que se fecham como se seus dirigentes necessitassem do anonimato para a preservação de seu "status quo". O pensamento político comum que reina impede ou refuta o ingresso de lideranças que possam gerar algum grau de risco desta hegemonia no "negócio da política". A segunda grande falha está na interpretação sobre o "formador de opinião", que se baseia no incorreto aproveitamento do conceito publicitário de formador de opinião. Na publicidade, o formador de opinião é definido como o indivíduo com poder de renda, de consumo e de instrução, requisitos que o colocam como alvo para as diferentes abordagens com o intuito de fazê-lo consumidor de toda sorte de produtos e serviços.

Essa conceituação mercadológica foi erroneamente absorvida pela classe política - e nem poderia ser diferente, tendo em vista que o marketing político foi invadido por publicitários sedentos por contas milionárias - contas publicitárias e contas bancárias... Formador de opinião, para o bom Marketing Político, não é aquele personagem com alto poder de consumo, mas aquele indivíduo com alto grau de percepção de sua realidade e alto grau de mobilização social - num clube, numa sala de aula, numa favela, num movimento social. Veremos o quadro partidário e político brasileiro evoluir - também no sentido moral - quando os partidos forem verdadeiramente abertos e democráticos, quando o processo eleitoral receber a força do voluntariado e da sociedade civil e, é claro, quando os partidos políticos e seus candidatos tiverem a consciência de que os eleitores já não desejam pirotecnia política e publicitária - mas apenas campanhas eleitorais honestas, planejadas e afinadas com o pensamento do cidadão comum.

Marco Iten atua há mais de 25 anos no planejamento e execução de campanhas eleitorais e é autor dos livros de Marketing Político 'Eleição - Vença a sua!' e 'Eleição de Deputados'.

Extraído do site: www.deleon.com.br

3 comentários:

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