segunda-feira, abril 09, 2007

Jesus Cristo nunca existiu?

Marcão estava sentado olhando para Gatuno, enquanto este fazia sua oração diária. Ao terminar cada oração, como se fosse uma senha de saída, o gato costuma dizer: "...em nome de Jesus, amém!"

Marcão ouviu aquilo e deu risada. O gato, como já estava acostumado com o fato do cachorro ridicularizá-lo por sua crença, nem ligou. Ao terminar a gargalhada, Marcão chamou o gato.

- Gatuno, ô Gatuno.

- Que foi? Respondeu o gato, sem demonstrar o mínimo interesse.

- Me diz uma coisa: você não se sente enganado, cada vez que se refere a esse tal Jesus? Perguntou Marcão.

- Não, claro que não! Se me sentisse já teria parado de adorá-lo! Respondeu Gatuno.

- Não entendo, Gatuno. Como você pode não se sentir enganado, mesmo sabendo que esse tal Jesus Cristo, nunca existiu? Que ele não passa de um mito criado pela Igreja Católica para enganar pobres coitados como você!!!

- Mas que papo bravo hem, Marcão?! Quem disse que Jesus nunca existiu? De onde você tira essas idéias?!!! Qual a base para você dizer isso? Pergunta Gatuno, já indignado.

- Calma, Gatuno. Uma pergunta de cada vez. Me diga uma única obra antiga, na qual seja feita alguma referência a um tal Jesus.

- Uma só?

- Uma só! Mas uma que esteja fora da Bíblia e que não tenha sido falsificada por um padreco qualquer.

- Você já ouviu falar de Flávio Josefo, Justo de Tiberíades, Filon de Alexandria, Tácito, Suetônio e Plínio, o Jovem?

- Continua previsível, Gatuno. Só te digo uma coisa: tudo o que estes autores, supostamente, falaram de Jesus, não passa de grosseira falsificação como a ciência moderna já comprovou por diversas vezes. Mas vá lá, vamos partir do princípio de que não haja falsificação, nesse caso, é impossível dizer se as referências feitas por estes autores a Chrestus, Cristo ou Jesus, dizem respeito ao Cristo da Igreja Católica, pois estes eram nomes muitos comuns na época naquela região...

- Pois é aí que você se engana, Marcão - interrompe Gatuno - compare a parte relatada, especificamente, por Suetônio, com o versículo 1 e 2 do capítulo 18, dos Atos dos Apóstolos, que está na Bíblia. Ambas as passagens falam da expulsão dos judeus pelo imperador Cláudio.

- O que nada significam! Sem contar que Suetônio, no máximo, apresenta uma pessoa chamada "Chrestus" que estava em Roma, e agora me dá uma luz aí, Gatuno: Jesus vivia em Roma?
E eu ainda não acabei! Note que os documentos relativos ao governo de Pilatos na Judéia, em momento algum relatam que alguém chamado Jesus Cristo, tenha sido preso, condenado e o que é pior, crucificado, conforme está "registrado" - registrado entre aspas, ressalta Marcão - nos evangelhos. Não seria estranho, Gatuno?, os romanos que tanto se orgulhavam do seu sistema jurídico, terem condenado alguém que o próprio soberano local, entendesse inocente?

- Como eu já disse mais de 1 milhão de vezes, Marcão, você está sendo tão dogmático quanto o mais ferrenho cristão. Jesus Cristo existiu e isso é fato! Só não vê quem não quer. E você, pelo jeito, não quer ver.

- Pelo contrário, Gatuno, eu quero ver! Além disso, não fuja do tema. Se Jesus tivesse mesmo existido, seu julgamento teria sido documentado, pelo bem organizado, Império Romano.

- Os sacerdotes judeus se encarregaram de apagar os vestígios, Marcão. Sem contar que não existem apenas os 4 quatros evangelhos bíblicos relatando a vida de Jesus. Existem outros, aos montes, como você mesmo já citou em outras conversas nossas.

- O quê? Pergunta, Marcão, tentando demonstrar espanto. Quer dizer que agora estes evangelhos são válidos? Que bela contradição! Em todo caso, não importa quem esteja contando, isso não desmitifica a figura de Jesus. Não é porque a história do Papai Noel é contada por várias pessoas, em diversos locais diferentes que ela é verdadeira. Não concorda comigo? Além disso, como os sacerdotes judeus iriam destruir os documentos romanos? Você só pode estar de brincadeira, Gatuno!

- Marcão, para os cristãos, o problema da existência de Jesus Cristo diz respeito somente à fé, e não à história.

- Tá bom, Gatuno, então me prove que o seu Jesus existiu ou existe sei lá, que eu começo a adorá-lo, imediatamente. Agora, me dá licença que eu não paciência para ouvir suas pregações.

quarta-feira, abril 04, 2007

Racismo contra branco não existe?


Na última terça-feira a ministra da Secretaria Especial de Políticas para Promoção da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro, (foto) em entrevista concedida à BBC Brasil, proferiu uma das declarações mais bombásticas de todos os tempos da última semana (salve Titãs):

"BBC Brasil - E no Brasil tem racismo também de negro contra branco, como nos Estados Unidos?
Matilde Ribeiro - Eu acho natural que tenha. Mas não é na mesma dimensão que nos Estados Unidos. Não é racismo quando um negro se insurge contra um branco. Racismo é quando uma maioria econômica, política ou numérica coíbe ou veta direitos de outros. A reação de um negro de não querer conviver com um branco, ou não gostar de um branco, eu acho uma reação natural, embora eu não esteja incitando isso. Não acho que seja uma coisa boa. Mas é natural que aconteça, porque quem foi açoitado a vida inteira não tem obrigação de gostar de quem o açoitou."
Para ler a íntegra da entrevista acesse o site da BBC Brasil.

Certamente, a ministra falou o que não devia no lugar errado. Ela fala que não é racismo quando um negro se insurge contra um branco, entendo que este é o ponto no qual ela mais se equivoca durante toda a entrevista, digo isso pois o que eu entendo como racismo é a simples discriminação de alguém com base na raça - aqui não pretendo entrar na discussão da inexistência de raças humanas, conforme a comunidade científica mundial já demonstrou - sem importar se quem o faz é branco, negro, ou qualquer outra cor.
Ao proferir estas palavras a impessão que fica é que a nossa ministra não dirige a pasta voltada para garantir a igualdade racial, como o próprio nome indica, e sim para evidenciar uma pressuposta superioridade negra sobre as demais, o que é uma posição inaceitável, levando-se em consideração que estamos falando de uma ministra de Estado.

segunda-feira, abril 02, 2007

A "nova" fidelidade partidária

Terça-feira passada, o Tribunal Superior Eleitoral ao responder a um questionamento, em tese, feito pelo DEM (ex-PFL) com base no artigo 23, XII, do Código Eleitoral, proferiu uma manifestação sem precedentes na história da democracia brasileira. O tribunal provou que a tão propalada reforma política, ao menos no que se refere a questão da fidelidade partidária, não é tão imprescindível quanto se comenta.
Depois de ter a notícia pela televisão, fui dar uma lida na lei 9.096/95, conhecida como "lei dos partidos políticos" e lá estava a regra na qual o relator da consulta, Cesar Asfor Rocha, baseou seu entendimento:

"Art. 26 - Perde automaticamente a função ou cargo que exerça, na respectiva Casa Legislativa, em virtude da proporção partidária, o parlamentar que deixar o partido sob cuja legenda tenha sido eleito."

Diante disso, resta evidenciado que a manifestação do TSE, foi perfeita, ao menos no aspecto infra-constitucional. Por isso que eu não consigo entender como uma regra tão clara como esta, foi negligenciada por tanto tempo.

Após uma simples e singela leitura do dispositivo legal supra, é possível concluir que o parlamentar que se elege graças ao quociente eleitoral partidário, não pode deixar a facção política, sob pena de perda do mandato. Na atual composição da Câmara Federal, dos 513 eleitos apenas 31 alcançaram o feito, por si próprio, ou seja, apenas esses 31, podem trocar de legenda sem receio de perder o cargo.

Certamente, este foi apenas o ponta-pé inicial para uma discussão que deverá se arrastar por anos e anos. Entretanto, é preciso dizer que esta regra me parece ferir o artigo 55 da Constituição da República, e como já foi dito em diversas ocasiões, nenhuma lei ordinária deve sobreviver quando em confronto com a "lei" Maior de um Estado. Por isto, se partidos como o DEM resolverem recuperar seus mandatos perdidos, o artigo 26 da citada lei, poderá vir a ser declarado inconstitucional pelo STF, atirando o dispositivo para fora do Ordenamento Jurídico vigente, restabelecendo a sistema anteriormente aplicado na prática.

Além disso, cabe lembrar também, que na remotíssima hipótese do STF confirmar o entendimento do TSE, dentro de pouco tempo, as Casas parlamentares deverão aprovar uma lei alterando a regra. Sempre lembrando que a base governista conta com ampla maioria nas duas Casas.

Ainda sobre esta decisão, tenho ouvido muita gente comentando que o ato do Judiciário, representa uma quebra no princípio proposto, modernamente, por Montesquieu. Não penso dessa forma! Na separação de poderes realizada pela Constituição ficou acertado que ao Legislativo, entre outras atribuições, cumpria elaborar as leis, e ao Judiciário cabia, interpretar estas leis. Ora, o TSE não criou regra nenhuma, e sim, limitou-se a interpretar uma lei que já existia.
Enfim, como eu já disse, não creio que esta regra dure muito tempo, porém, ao menos serviu para mostrar que estão certos aqueles que dizem que no Brasil, algumas leis "pegam", enquanto outras, embora formal e materialmente corretas, não "pegam".

segunda-feira, março 26, 2007

Imprensa brasileira e o jornalismo dissertativo

Não é de hoje que tem ficado claro à população brasileira que não temos uma imprensa que cumpre seu papel de informar a sociedade de modo, totalmente, satisfatório. Como se isso não bastasse, ainda temos outro problema, a enorme maioria das publicações de nosso país, não praticam um jornalismo, meramente, informativo, no qual seu principal objetivo é expor os fatos sem emissão de juízos de valor deixando para que os destinatários da notícia o façam. Estes veículos vem trilhando outro caminho, o "jornalismo dissertativo", ou seja, em vez de mostrar à sociedade o que está acontecendo, pretendem "provar" que aquilo está acontecendo por este ou aquele motivo.

Digo isso, porque a cada dia que passa, tenho notado que os jornalistas brasileiros, paulatinamente, estão deixando de passar a notícia ao leitor/telespectador, de modo, que a informação sirva de subsídio para que estes, formem suas próprias opiniões e, como já disse, passaram a querer convencer seus destinatários que eles (os meios de comunicação) estão certos ao defenderem determinada posição.

Neste passo, atente-se para o exemplo da revista de informação semanal com maior tiragem no país. A Veja! Esta, talvez seja o principal exemplo deste tipo de jornalismo, tão disseminado pelo Brasil. Quem não se lembra da "célebre" reportagem na qual pretendia-se convencer o leitor de que Lula e parte de seus colaboradores mais próximos, tinham contas secretas em paraísos fiscais e mais tarde se revelou uma fraude completa? Ou ainda, aquela outra famigerada, reportagem que a revista indicava algumas razões para votar "não" no referendo sobre a comercialização de armas de fogo no país.

Mas não para por aí, outras revistas seguem a mesma linha editorial, como a revista CartaCapital que duas semanas atrás publicou uma reportagem tentando convencer seus leitores de que o ministro do STF, Gilmar Mendes, tem interesse na perda de eficácia da lei que pune atos de improbidade administrativa, sem falar na postura da revista que tem se comportado como se fosse uma porta-voz do atual governo.

Entretanto, cumpre ressaltar que isso não se resume ao jornalismo impresso, na televisão, esta forma de fazer jornalismo também dá seu ar da graça. No ano passado, a rede Bandeirantes em seus telejornais, produziu diversas reportagens, procurando convencer os telespectadores de que o SBT, com a Tele-Sena e a Rede Record com a Igreja Universal, trabalhavam com recursos infinitos, e por isso levavam, enorme, vantagem na "guerra" pela audiência.

Por fim, para que não pairem dúvidas sobre a lebre que estou levantando, vale esclarecer que aqui não me refiro aos articulistas, pois a estes cabe a obrigação de emitir seu parecer sobre determinado assunto, podendo justificar os motivos que o levaram àquela conclusão, direciono minha indignada crítica ao suposto jornalismo informativo mesmo, aquele cuja função precípua é levar ao público as premissas, permitindo que eles façam suas ilações com embasamento. Está claro que este jornalismo, que eu chamo de expositivo, está aos poucos, sumindo do cenário nacional, sendo esmagado pelo jornalismo dissertativo, o que é profundamente lamentável.

A foto que ilustra este post, pode ser vista no blog Imprensa Marrom.

quarta-feira, março 21, 2007

Hugo Chávez, persona non grata no Paraná

A minha amiga blogueira Mary, me chamou a atenção para proposição apresentada pelo deputado estadual Ney Leprevost, aprovada pela Assembléia Legistiva do Paraná, na qual declara-se o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, persona non grata no Estado. O deputado afirma que tomou esta iniciativa por considerar o venezuelano um verdadeiro ditador. Aqui não pretendo entrar no mérito do grande equívoco cometido pelo parlamentar, que aparentemente desconhece o significado da palavra "ditador".
Tudo leva a crer, que a base aliada do governador ainda não se recuperou da ressaca pós carnaval, pois isto é um golpe bem no "queixo" do mandatário maior do Executivo paranaense, já que Hugo Chávez é um ídolo do inquilino do Palácio Iguaçu (sede do governo paranaense) que há pouco tempo teve seu contrato de locação renovado, e um belo exemplo a ser seguido.
Fico imaginando a revolta de Requião e o quanto os deputados aliados devem ter ouvido do "chefe". Como eu já disse, nosso governador ficou numa tremenda saia justa agora, já que ambos nutrem grande e mútua simpatia, até porque entre os dois personagens existe muito em comum. E agora fica a pergunta: Requião não vai mais poder convidar seu ídolo para passar uns dias em sua casa? Isso significa que se acontecer de Hugo Chávez voltar a pisar em solo paranaense ele será preso? Claro que a moção não significa isso, mas em todo caso, deve ter sido suficiente para deixar o Requião bufando de raiva!

quinta-feira, março 15, 2007

Reduzir a maioridade penal resolve? II

Hoje este post tem uma idéia diferente, mas não inédita! Quando tratei da questão do rebaixamento da maioridade penal, entre os comentários muito bem feitos por alguns leitores, um deles me chamou a atenção. A manifestação do meu colega blogueiro, André Descharth. Vamos ao comentário:

"Quero ressaltar que a maioria dos crimes cometidos no rj são cometidos ou possuem a participação de um "dimenor"CONCORDO QUE NÃO HAVERÁ UMA DIMINUIÇÃO DOS CRIMES , MAS HAVERÁ UMA PUNIÇÃO.O qu não pode continuar é um elemento de 17 anos cometer inumeras atrocidades e ser protegido de ser punido por um Estatuto mal feito,por uma lei mal formulada.Se está errada a lei ,que a mudem.me diga qual é o país do mundo cuja população carcerária ao termino de sua pena sai ressociabilizado!!!Não há , não existe um percentual digno de entusiasmo.Não confundir o sociopata, o criminoso convicto, o assassino natural de uma torpe natureza cruel, com o ladrão esfaimado e desesperado.jUIZ SERVE PARA JULGAR.e DEVERIA JULGAR DE ACORDO COM OS ATENUANTES."

De início, notei uma certa ira nas palavras do André, imaginei até que ele pudesse ter sido assaltado ou algo do tipo por um menor, mas revendo algumas manifestações dele em outras ocasiões, me dei conta que, talvez, esta seja a forma de ele se expressar, não tendo qualquer relação com ira ou qualquer outro sentimento pessoal.

Bom, trantado do comentário escrito por ele, para facilitar a minha análise, irei dividi-lo:

Quero ressaltar que a maioria dos crimes cometidos no rj são cometidos ou possuem a participação de um "dimenor [...]”

A maioria dos crimes são cometidos por inimputáveis? Não sei de onde o André tirou este dado. Gostaria que ele me apresentasse a fonte para essa afirmação tão categórica, pois não tenho a menor idéia de onde isso pode ter surgido. Se você puder, André, depois me indica qual a pesquisa que serviu de base para você, porque a informação que eu tenho é bem outra.

O qu não pode continuar é um elemento de 17 anos cometer inumeras atrocidades e ser protegido de ser punido por um Estatuto mal feito,por uma lei mal formulada.Se está errada a lei ,que a mudem.”

Cabe esclarecer algo que a mídia tem apresentado de forma meio distorcida, e talvez por isso o André tenha se equivocado. Não é o Estatuto da Criança e do Adolescente que deixa o menor impune, assim como não é o Código Penal que deixa os criminosos sem punição! Você que está lendo este post, tenha certeza de uma coisa: se o Estado brasileiro não fosse tomado pela corrupção, as leis penais não precisariam passar por tantas e casuísticas alterações.
No que se refere especificamente ao ECA, o menor submetido à disciplina regulada por esta lei, via de regra, é tratado de forma tão ou mais severa que o adulto submetido ao CP, por exemplo: o menor pode ficar em regime de internato por até 3 anos, sem direito a progressões, enquanto o adulto para ficar tanto tempo segregado, deverá ser condenado a 18 anos de reclusão, pois ao receber esta pena, quando completar 1/6 poderá progredir para o regime semi-aberto e como no Brasil, mais uma vez por inércia do Estado, não existem vagas suficientes para os presos submetidos a esta modalidade de cumprimento de pena, o condenado passa do regime fechado direto para o aberto. Ou seja, está claro que o ECA é rigoroso o suficiente, e ao menos nessa parte não precisa ser alterado

CONCORDO QUE NÃO HAVERÁ UMA DIMINUIÇÃO DOS CRIMES , MAS HAVERÁ UMA PUNIÇÃO.

Meus ouvidos chegaram a doer aqui por conta dessa elevação no seu tom de voz, mas agora já passou e eu posso falar alguma coisa sobre isso. Estas suas palavras, André, evidenciam que você, pouco ou nada sabe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente. Mas não fique chateado, que a culpa disso não é sua, e sim da grande mídia que em vez de informar, como seria de se esperar, na verdade mais desinforma a população. Digo isto, pois ao contrário do que você e grande parte das pessoas pensam, o menor de 18 anos não fica totalmente sossegado ao cometer um ato infracional. Ele não comete o ato e sai dando “tchauzinho” para a polícia, promotor ou juiz. Como foi demonstrado acima, o menor de idade é punido sim.
Mas além disso, um detalhe deve ser destacado. A pena de prisão não existe apenas para tirar o criminoso do meio social. Em tese, a pena cumpre dupla função: punição e ressocialização. Porém, como você mesmo fez questão de frisar, André, nos presídios brasileiros, esta segunda função nunca é atingida então, por que jogar um adolescente - que tem mais possibilidade de ser recuperado - no meio da bandidagem constituída? Acho que a punição como um fim em si mesma, não é o melhor caminho.

"Não confundir o sociopata, o criminoso convicto, o assassino natural de uma torpe natureza cruel, com o ladrão esfaimado e desesperado.jUIZ SERVE PARA JULGAR.e DEVERIA JULGAR DE ACORDO COM OS ATENUANTES."

Sobre esta parte do comentário, vale esclarecer que a grande maioria dos crimes dolosos contra a vida não tem a participação de menores, e que cerca de 85% dos atos infracionais cometidos por inimputáveis penais pelo critério biológico, atentam contra o patrimônio ou se referem ao tráfico de drogas, e apenas 15% restante evidenciam um desvio de caráter. Isto, por si só, reflete o atual estágio social em que nos encontramos, no qual uma pequena parcela da população concentra grande parte da riqueza nacional, enquanto a outra imensa parcela populacional vive em condições sub-humanas. Isto é, a grande maioria dos "crimes" cometidos por adolescentes, são produto da evidente desigualdade social existente em nosso país e não de distúrbios mentais. No entanto, veja-se o exemplo daquele outro crime rumoroso, cometido por diversos indivíduos, entre eles um adolescente, conhecido como Xampinha. O menor está preso até hoje, e a punição dele se baseou no ECA. Por que ele está preso ainda? Porque ficou comprovado que ele é um sociopata, para usar uma expressão empregada pelo André. Então, resta evidenciado que o ECA, se tem falhas, estas pouco atingem o tratamento dado aos atos infracionais.

segunda-feira, março 12, 2007

Bush o lobo em pele de lobo mesmo

...e assim nosso querido Senhor da Guerra foi embora com o sentimento de dever cumprido! Não entendeu nada? Vamos começar pelo começo então.

Essa visita do presidente norte-americano ao Brasil em nada muda nossa realidade atual ou mesmo, a curto prazo. Esteja certo de uma coisa: essa nem era a intenção dos envolvidos! Uma viagem presidencial, via de regra, tem um peso apenas simbólico. E essa, do chefe da polícia do mundo é mais um excelente exemplo disso.

Pela versão oficial, Bush, veio ao Brasil tratar do etanol, que é um combustível menos poluente do que os derivados do petróleo. Ou seja, de uma hora para outra, o pequeno cowboy texano se transformou num verdadeiro ativista do GreenPeace. Acho meio estranho isso, em todo caso, uma certeza eu tenho: ao Brasil, nada acresecenta esta visita presidencial, pois em se tratando de etanol, o nosso principal interesse é que os americanos derrubem a sobre-taxa aplicada aos produtos brasileiros quando estes, ingressam no mercado consumidor daquele país, e isso, o Bushinho deixou bem claro que não é com ele. Ora, então para que ele veio aqui?

A meu ver a real intenção de George Bush ao nos visitar foi atingir o seu principal inimigo nas Américas, Hugo Chávez Frias. Chávez, por incrível que pareça, conseguiu incomodar os Estados Unidos. Ainda não chegou a ser um incômodo assustador, mas o suficiente para o "homem mais poderoso do mundo" - como a imprensa nacional, insistentemente, se referiu ao norte-americano - prestar atenção ao que está acontendo aqui deste lado do globo.

O presidente venezuelano, impulsionado pelos petrodólares, tem tido relativo sucesso no comando do 5º maior produtor de petróleo do mundo. Afinal, a Venezuela vem tendo um crescimento econômico impressionante, como se isso não bastasse, outros países da vizinhança elegeram presidentes alinhados ideologicamente a Chávez, como por exemplo, na Bolívia que hoje conta com Evo Morales como seu mandatário maior. Ao analisar estes fatos, a luz amarela foi acendida no gabinete presidencial dos nossos irmãos do norte. Diante disso, os estrategistas norte-americanos, passaram a maquinar uma forma de minar o maior trunfo chavista. E é aí que entra o álcool, o Brasil e Lula. Em primeiro plano, Bush veio fortalecer o seu amigo, tentando tirar o foco de Chávez, para fazer o mundo acreditar que o verdadeiro líder sulamericano fala português e não espanhol.
Atente-se ainda para o fato de que o petróleo, sendo o principal, senão único, produto venezuelano com relevância no comércio mundial, e o álcool - saudade dos meus tempos de escola e das aulas de química orgânica - a mais eficiente alternativa aos combustíveis fósseis, ao final descobrimos o que Bush quer: mandar um recado ao espalhafatoso, Chávez, para que este não esqueça que a América é o quintal dos EUA e a qualquer momento eles podem vir tomar posse do que lhes pertence, bem como mostrar que eles estão dispostos a reduzir sua dependência do petróleo, e consequentemente, de Chávez. Por isso, eu digo que para o Brasil presença dessa figura tão odiada mundo a fora, em nada nos ajuda.

Bush veio deu o seu recado, obrigou Lula a descer do muro no qual o brasileiro já construíra uma bela morada, deixou a elite brasileira empolgada com a esperança de dias melhores, e de quebra, ainda deixou o seu inimigo com a pulga atrás da orelha, e assim nosso querido Senhor da Guerra foi embora com o sentimento de dever cumprido!

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Enquanto isso, do outro lado da fronteira...Chávez puxa uma vaia ao presidente mal-vindo...e esse é o principal quadro da esquerda do século XXI...definitivamente acabou!!!

quinta-feira, março 08, 2007

Como eu blogo

Recebi uma missão do meu amigo blogueiro Márcio Pimenta. Ele me perguntou, por meio de uma daquelas correntes, como eu blogo. Vou ser sincero, eu não sou muito fã dessas correntes, mas dessa eu gostei - mais por saber como outros blogueiros interessantes "trabalham" - por isso aceitei a ordem.
Antes, quero dizer que eu fico até com vergonha de dizer como eu blogo, depois de ler os posts do Catatau, a Poliane, o Paulo Villela e até mesmo o Márcio. Levando em conta a seriedade com que eles tratam dessa arte, eu, em nada me pareço com eles.

A idéia do tema

A primeira parte é escolher o tema do próximo post. Até hoje, exceto por uma única vez - cujo resultado não foi nada agradável por sinal - eu nunca sentei na frente do micro sem ter a idéia do assunto a ser tratado. Porém, cabe esclarecer que apesar de escolher o tema antes de pensar em escrever, eu nunca parei para escolher um! Não costumo ficar pensando no próximo post, se fizesse isso, talvez já tivesse deixado de blogar, geralmente eu "tropeço" nas idéias. Elas surgem de uma hora para a outra. O principal lugar são os ônibus. Quando estou indo ou voltando do trabalho elas começam a surgir, muitas delas, diria até que a maioria, acabo esquecendo, as que eu consigo guardar na mente são as que você pode ler aqui.
Muitas vezes, as idéias surgem de outros blogs, de algum livro que eu esteja lendo, de algum jornal, de conversas com amigos, e claro, dos papos que vão surgindo dentro de algum ônibus.

A hora de escrever

Eu tento atualizar o blog duas vezes por semana, mas nem sempre cumpro esse cronograma, algumas vezes posto menos, outras mais. O que não é nada bom, já que acaba impedindo que o leitor crie um hábito de ler o blog.
Quase sempre, quando chego a sentar na cadeira para escrever, o post já está pronto na minha cabeça, quando isso não acontece e primeiro sento para depois pensar no que escrever o resultado não é muito bom.
Como se trata de um blog opinativo, e nem sempre essas minhas opiniões estão fundadas em constatações científicas, então não nem sempre perco muito tempo pensando no que escrever, eu apenas passo para a tela branca o que já está pronto na minha cabeça. Creio que no máximo em 20 minutos o texto está pronto, só há uma demora maior quando eu trago alguma explicação, por exemplo, o post que talvez tenha levado mais tempo para terminar foi o da história do Acre, pois eu tive de fazer uma pesquisa rápida.
Vale dizer ainda, que quando criei este blog a proposta era que este fosse uma espécie de coluna, na qual eu iria expôr a minha opinião, no entanto, já no primeiro post, a idéia foi, totalmente, esquecida e eu acabei fazendo uma dissertação, ou seja, eu não sou muito regrado não.
Um último detalhe que deve ser destacado, é que muitas vezes eu tenho uma certa pressa em terminar os posts que nem sem encontram uma explicação racional.
Enfim, como você deve ter notado, não sou muito metódico na hora de lidar com isto aqui não.
Passando adiante, quero saber como blogam a Dani, a Eloisa e o Fabiano.