segunda-feira, junho 04, 2007

Robin Hood, herói ou bandido?

Ninguém sabe ao certo se a figura de Robin Hood é histórica ou meramente lendária. A Wikipédia traz um artigo dizendo que segundo relatos, o nome real de Robin Hood, poderia ser Robert Hood ou Robert Foliot. Na primeira hipótese, "Robin Hood" teria se refugiado numa floresta após ter ajudado alguns nobres que decidiram se rebelar contra a política abusiva de impostos levada adiante pelo príncipe João Sem Terra, o mesmo a quem foi imposta a famosa Magna Carta, no segundo caso, sustenta-se que Robin Hood era um lorde que decidiu usar esta alcunha para esconder a sua verdadeira identidade numa sociedade violenta.

Independentemente da versão que se dê mais crédito, em todas elas, Robin Hood sempre é retratado como um ladrão bondoso, que se preocupava com o sofrimento da camada mais carente da população que vivia na Inglaterra dos séculos XI/XII, por isso roubava dos ricos para em seguida dar aos pobres. Em outras palavras: um herói! Será isso mesmo?

Partindo do princípio de que Robin Hood é uma figura histórica e que sua atividade mais relevante consistia em tirar dinheiro de quem tinha para dar a quem, supostamente, não tinha, ainda assim de forma alguma pode-se dizer que se trata de um herói. Esta possível generosidade tão propalada por todos os cantos, por certo não seria motivada por sua enorme bondade de coração. Tratava-se de puro interesse, já que a melhor forma de garantir que os moradores de um local não denunciem um bandido é este procurar ganhar a simpatia dos nativos. Pois o silêncio obtido pela política do medo pode ser violado pelo anonimato.

Conquistar a simpatia dos moradores locais é o melhor meio de garantir uma vida mais segura a quem comete qualquer tipo de delito. No Brasil, Lampião seguiu esta cartilha tão bem que chegou a ser chamado pelo "The New York Times" de "Robin Hood da caatinga". Aqui em Curitiba, semana passada, moradores de um bairro controlado por um grande traficante, tentaram impedir que a Polícia Militar o prendesse, chegando inclusive, a enfrentar os policiais que entraram no local para prender o criminoso. No Rio de Janeiro, os traficantes costumam bancar festas, tratamentos médicos, entre outras benesses para a população local. Em todos estes casos, a população além de respeitar os bandidos pelo medo, são agradecidos pelas supostas bondades praticadas por eles.


Por isso, penso que se Robin Hood realmente existiu, nada tinha de herói, não passando de um bandido esperto, que viveu numa época na qual o Estado, personificado na figura Rei João Sem Terra, era muito odiado e por isso muita gente acabou ficando ao seu lado, como ficaria ao lado de quem se atrevesse a enfrentar o soberano. Se há algo a se reconhecer na pessoa de Robin Hood, talvez seja sua inteligência de ter sido o precursor desta prática de conquistar a simpatia dos moradores de um determinado local, trazendo estes para o seu lado para que não o denunciem, e só.

5 comentários:

Uilians Uilson disse...

Só estou escrevendo para dizer que coloquei o Formador de Opinião entre os meus preferidos. Confira no Palavras Certas http://certas.blogspot.com

Um abraço e sucesso!

Uilians Uilson Santos

Diego Moretto disse...

A síndrome Robin Hood é bem escancarada entre os traficantes nas favelas. Uma vez, assisti aos extras do filme Cidade de Deus, que contém um documentário bem interessante, e mostra um entrevistador que faz a seguinte pergunta: "O que vc(o morador) pensa a respeito dos traficantes?
MORADOR: Aqui na favela, eles funcionam como os seguranças, os médicos, os prefeitos, e tudo o mais.

Bom, caro amigo, nem sei o que dizer. Este povo é esquecido pelo Estado... não vanglorizo os traficantes não, mas se eles tomam tais atitudes num lugar onde a ajuda sempre chega tardia, é certo que os moradores terão ao menos agradecimentos por esses bandidos. É um realidade cruel. abs!

Anônimo disse...

Omar aqui em Cuiabá MT, os moradores fizeram bingo para pagar o advogado do marginal "protetor" de um bairro, onde eu moro a prefeitura não passe de um cabide empregatorial, aqui ainda se pratica o coronelismo em tempo de eleição. Eu nunca tinha parado para analizar este lado do Robin Hood, mas vc tem razão. Na verdade o bandido bonzinho não existe, senão ele seria o papai noel e este tb não passe de lenda. Abçs

Omar disse...

Uilians,

Obrigado e abraços.

Diego

Bem isso mesmo.

Rosa

Essa de fazer bingo é boa!! hahaha... mas como o Diego falou, isso é até dá p/ entender, afinal os moradores do seu bairro se sentem mais protegidos com este bandido solto do que preso.
Mas me diz uma coisa, Rosa: você participou do bingo?

Anônimo disse...

Eu não moro em Cuiabá, mas em uma cidadezinha perto, e passei bem longe deste bingo (rsrs),