Era madrugada, Marcão estava deitado em sua casinha, quando ouve um ruído, ele se levante imediatamente e dispara na direção do barulho. Chegando lá, depara-se com um sujeito que acabara de pular dentro do quintal da casa, o cachorro gruda na coxa do sujeito, ficando ali por "muitas horas" (ao menos no ponto de vista do assaltante), ao final arranca-lhe uma lasca de carne que sai regada a muito sangue. O rapaz grita de dor, acordando toda a vizinhança. A ambulância é chamada e o invasor é levado. Na manhã seguinte, quando os ânimos descontraem, Gatuno vai conversar com seu colega:
- Por que você fez aquilo na perna do cara? Você não deveria ter feito isso, Marcão! Afirma o gato.
- Não deveria por quê? Pergunta Marcão, em tom desafiador.
- Isso é imoral! Você viu como ficou a perna dele. Pensa na dor que ele deve ter sentido. Pode ter certeza que a Moral Divina reprova, violentamente, este seu ato!
- Eu simplesmente agi conforme manda minha natureza, Gatuno. Além disso, eu tenho a minha própria Moral, até porque, para existir uma "Moral Divina" é preciso haver um "Deus". Responde Marcão, com uma ponta de ironia.
- Marcão, a moral só tem razão de existir se Deus existir. Como afirma Dostoiévski, falando pela boca de seu personagem, Ivan Karamazov: "Se Deus não existe, então tudo é permitido."
- Gatuno, você está misturando Moral com Religião. Se é assim, então como você explica o fato de alguns ateus se submeterem a princípios morais, tão rígidos quanto muitos teístas?
- Essas pessoas, obviamente, são influenciadas pelos adeptos da Moral Divina. Até porque, Marcão, assim como leis jurídicas precisam de um legislador que as crie, a Moral requer igualmente, uma fonte última de moralidade. Isto é, os valores morais, para terem autoridade, devem possuir uma origem exterior aos indivíduos cujo comportamento, pretende regular.
- Por que você fez aquilo na perna do cara? Você não deveria ter feito isso, Marcão! Afirma o gato.
- Não deveria por quê? Pergunta Marcão, em tom desafiador.
- Isso é imoral! Você viu como ficou a perna dele. Pensa na dor que ele deve ter sentido. Pode ter certeza que a Moral Divina reprova, violentamente, este seu ato!
- Eu simplesmente agi conforme manda minha natureza, Gatuno. Além disso, eu tenho a minha própria Moral, até porque, para existir uma "Moral Divina" é preciso haver um "Deus". Responde Marcão, com uma ponta de ironia.
- Marcão, a moral só tem razão de existir se Deus existir. Como afirma Dostoiévski, falando pela boca de seu personagem, Ivan Karamazov: "Se Deus não existe, então tudo é permitido."
- Gatuno, você está misturando Moral com Religião. Se é assim, então como você explica o fato de alguns ateus se submeterem a princípios morais, tão rígidos quanto muitos teístas?
- Essas pessoas, obviamente, são influenciadas pelos adeptos da Moral Divina. Até porque, Marcão, assim como leis jurídicas precisam de um legislador que as crie, a Moral requer igualmente, uma fonte última de moralidade. Isto é, os valores morais, para terem autoridade, devem possuir uma origem exterior aos indivíduos cujo comportamento, pretende regular.
- Você, está confundindo as coisas - responde Marcão - os valores morais são internos e bem mais profundos que o teísmo jamais sonhou alcançar. Já Deus, é uma questão separada e externa, em momento algum eles se entrecruzam.
- Marcão, não tente enganar a si próprio. Lembre-se que você tem o conhecimento, portanto, quando chegar perante Ele - neste momento, Gatuno aponta para o céu - ninguém poderá alegar ignorância invencível em sua defesa.
- Não sabe o que dizer, Gatuno?
- Levar uma vida Moral somente se explica - complementa Gatuno - se efetivamente existir um Deus e uma vida após a morte. Isto é, somente se houver um Deus apto a julgar os atos praticados na Terra é que poderemos ter a certeza de que uma vida virtuosa poderá ser também proveitosa. Isso significa que se Deus não existir, como você apaixonadamente defende, quem se conduzir de modo errado não será punido, o bem não será recompensado. Diante disto, qual será o benefício de alguém levar uma vida correta, no sentido Moral da palavra, se no final teremos apenas o fim da consciência? O apóstolo Paulo demonstra com maestria que se não existe vida além do túmulo, correto estão os hedonistas. Outra coisa, qual seria a fonte dos preceitos morais, senão Deus? Deus é o início e o fim de tudo, Marcão, inclusive da Moral.
- Papo furado! Não existe Deus ou qualquer ente supernatural na base da moralidade. Os códigos morais são alcançados de modo consensual, graças à orientação das regras inatas e empíricas do próprio povo a que se destinam. A Moral pode ser explicada de modo biológico, é inata, a evolução dotou todos nós* da capacidade de distinguir, intuitivamente, o que é certo do que é errado. A Moral, na forma como a conhecemos, nos foi imposta por nossos genes, para nos obrigar a cooperar. Enfim, como eu disse, não existe fundamento externo para a Moral...
- Pelo que você diz, nós seríamos bons por natureza, entretanto, veja em Lucas que Jesus diz que nós somos maus, derrubando sua tese por completo. Entenda que a noção de certo e errado inerente à todos nós, não pode ser explicada de modo biológico e muito menos pela experiência.
- "Marcão, vem cá Marcãozinho". Era a dona da casa, interrompendo a conversa para recompensar o cachorro por sua bravura naquela madrugada.
* Marcão e Gatuno imaginam estar no mesmo nível dos seres humanos, por isso em momento algum se excluem deste debate Moral, entretanto, neste ponto ambos estão equivocados, pois as regras morais regulam tão-somente o comportamento humano.
4 comentários:
A moral está a-fundada na indiferença do homem.
A imoral é base desse excesso de regras.
Omar vi no orkut seu endereço mas vc trocou a pelo o e ñ entra. Eu desconfiei e deu certo verifique.
Muito enteressante seu blog continue postando suas idéias.
ê omar! faz tempo que não comento por aqui..
bah.. eu sou agnóstica.. não acredito muito que a religião possa mudar as condutas éticas de uma pessoa mas acho que pode-se, perfeitamente, ter uma sociedade moralmente estável sem religião. penso que esta é dispensável na questão da moral.
posso estar errada, lógico... já que nem me aprofundo muito em estudos desse tipo, mas é o que penso. ^^
beijos, guri
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