sábado, setembro 16, 2006

Podemos ser felizes?

Não sei o que tem acontecido, mas nos últimos tempos, falar sobre felicidade tem se tornado lugar comum, inclusive, estão sendo lançados vários livros sobre esse assunto, e este post é mais uma tentativa de abordar este tema tão espinhoso.
Ao tratar deste assunto, uma pergunta não pode ficar sem resposta:
É possível ao ser humano alcançar essa tal felicidade?
Antes de qualquer coisa vale dizer, à título de curiosidade, que a ciência afirma que pessoas com mais atividade no córtex frontal esquerdo de seus cérebros apresentam-se menos sujeitas a ansiedade e mais preparadas para se recuperar de experiências negativas, sendo portanto, mais propensas a serem felizes.
Dois dos maiores filósofos cristãos, São Tomás de Aquino e Santo Agostinho, respondendo a esta pergunta diziam, cada um a sua maneira, que a única forma de se alcançar a felicidade seria no encontro com Deus. Aqui, não pretendo entrar no mérito religioso do tema.
Eu entendo que não é possível falar sobre felicidade sem falar sobre o sentido da vida. Como bem disse Pascal:
"Todos os homens procuram ser felizes; isso não tem exceção... E esse é o motivo de todas as ações de todos os homens, inclusive dos que vão se enforcar..."
O ser humano só tem um objetivo na vida - encontrar a felicidade, e exatamente este é o sentido de nossa existência. Ocorre que ninguém sabe ao certo o que é essa tal felicidade. O discípulo de Platão, Aristóteles, em seu livro Ética a Nicômaco, conceituou este estado como uma:

"certa atividade da alma realizada em conformidade com a virtude".

Já um outro filósofo, chamado Epicuro, afirmava que a felicidade estaria no prazer contínuo. Talvez até seja isso mesmo, entretanto, se for isso, eu digo sem medo de errar que nunca existiu alguém realmente feliz!
A meu ver a felicidade está intimamente ligada à liberdade, certamente quanto mais livre alguém for, mais condições esta pessoa tem de ser feliz. Mas cabe esclarecer que embora a liberdade seja importante, não é suficiente, até porque a busca pela felicidade nunca deve chegar ao fim, pois o homem precisa de uma motivação para continuar vivendo. E uma vez encontrada esta, qual seria a razão para alguém permanecer vivo?
Diante disso, me parece que ao contrário da opinião geralmente aceita, o suicída é o único apto a encontrar a felicidade plena, já que o sujeito que decide acabar com a própria vida, espera com esse ato, ser feliz e - torno a repetir, que aqui desconsidero toda e qualquer doutrina religiosa - alcança.
Portanto, respondendo a pergunta do título, podemos ser felizes sim, porém a felicidade é um estado da alma inalcancável por qualquer pessoa que não esteja disposta a acabar com a própria vida.

8 comentários:

Amália disse...

nossa, muito bom o texto...
eu acho q a felicidade é relativa.cada um é feliz de um jeito...e se fóssemos felizes todo o tempo a vida seria uma monotonia só...os momentos tristes estão aí justamente pra q nós possamos valorizar os felizes...
e sobre alguém q tenta se matar, eu n concordo q eles buscam a felicidade.na minha concepção, eles já desistiram de procurá-la...ouvi uma frase uma vez q achei muito boa sobre isso: "quando alguém comete o suícidio, na verdade, ela não quer morrer.ela quer viver mas acha que não tem capacidade para isso"...
muito bom seu post...bjinhos =)

ps:ah, a foto no meu blog é da britney spears mesmo...ela mudou um bocado mesmo hehehe

marcos disse...

Meu caro, você está trabalhando com a Lógica. Só que você não foi razoável.

Cuidado. Vivemos em tempos irracionais. Você pode estar dando origem a uma onda de suicídios. Não creio ser esta a sua intenção. Não?

ChickØ Martins disse...

Pra mim, a questão maior é o pq d queremos ser sempre felizes...

Tipo, quem disse q a nossa missão em vida é ser feliz? por que acreditar nisso?

Somos incompletos...isso é fato. Mas, também é obvio nosso poder, a qualquer momento, de mudar a escolha de qual elemento nos faz completo...

Uns escolhem a felicidade, outros o dinheiro, outros o poder...

Anônimo disse...

eu sei q mtos de vcs vao dizer q eu sou louco ou coisa parecida

mas só pq eu sou paranóico n qer dizer q "eles" n estejam me seguindo..

e tnho dito!

Anônimo disse...

ah felicidade é algo que se busca e se conquista!

Desculpe a ausencia, mas adorei o post sobre os 10 mais, fiqui muito feliz por nos indicar! agradecida!


bjinhos

Anônimo disse...

Ah, Omar, também devo discordar de você. Como disse o Caco, você foi muito lógico e acho que, nesse caso, os silogismos não funcionam...

As ações de todos os homens podem buscar a felicidade, mas isso não quer dizer que ela é alcançada...

E, uma vez feliz com determinada situação, sempre existirão outros casos onde a felicidade deve ser conseguida.

Quanto ao seu comentário, talvez seja parte de um processo de amadurecimento, mas temo que não, afinal, nem todos passam por isso...

beijos!

Reverendo R. disse...
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Reverendo R. disse...

Olá! Retribuindo a simpática visita que o atleticano fez ao blog desse gremista fervoroso, comentarei teu texto.

Caro Omar,
há um problema de princípio no texto. Pressupões já dado de antemão essa coisa que tomamos por felicidade.

No sentido aqui exposto, trata-se de uma entidade metafísica que busca-se alcançar - dando consistência ontológica a um sentimento.

Citaste Aristóteles e ele postulou em sua formulação da lógica a idéia de télos, isso é, finalidade, e teu texto aponta para o sentido pela representação de fim.

Colocar a pergunta já pressupõe a vislumbração do sentido tomado, por isso deve-se ter cuidado. Ora, qual o sentido da vida? Há finalidade nela mesma? Se sim, como a aprendo? É uma discussão que deveria ser feita anteriormente e não vejo saída que não seja metafísica.

Pascal é contemporâneo de Descartes e a visão dessa época é muito influenciada pelo Aristotelismo. A idéia de natureza-máquina é o paradigma, e máquinas tem finalidades: eis o embuste.

Epicuro, da Antigüidade tardia, cria no prazer como felicidade; mas bem entendido: o minímo do prazer é a ausência de desprazer. O que muda bastante a visão no foco epicurista.

A virtude para Aristóteles relacionando-se com a felicidade parece que é mais um hiperativo ético do que algo que diz respeito à felicidade. Seja lá o que isso for.

A tua pergunta sobre por que manter-se vivo já que alcançada a felicidade continua dentro da metafísica da felicidade. Ora, chega-se a ela como chega-se ao bem platônico. Troque felicidade por revelação divina que o sentido, aqui, não se altera.

Se a existência é vista na sua absurdidade - como Sartre expõe na sua Naúsea - é mais absurdo procurar sentido e finalidade em nós mesmos. Ou alguém aqui acha que faria falta se não existisse? O mundo estaria muito bem sem.

Por fim, que tipo de felicidade um suicída pode ter?

Já que quando se está morto já não se está consciente, não estando-se consciente, não pode-se saber sobre nada, nem sobre estar morto.

Citando Epicuro: "quando somos, a morte não é, e quando a morte é, nós não somos."

Abraços e até alguma outra hora!