quinta-feira, março 13, 2008

Quem quer a guerra mesmo?


Não é de hoje que eu considero a "Veja" o principal ícone do que chamo de "jornalismo dissertativo", ou seja, do jornalismo que não se preocupa em informar o leitor/telespectador/ouvinte, e sim o que deseja convencê-los de uma verdade. É o maior ícone, mas não é a única a agir desta maneira, CartaCapital, trilha o mesmo caminho. Este jornalismo, é aquele no qual a cúpula diretora decide qual tese, determinada reportagem irá defender, em seguida, põe os jornalistas para escrever, naquele estilo tão bem conhecido por quem se dedica a defender teses, isto é, ressaltando tudo aquilo que as corroboram e omitindo o resto.

Volto a bater na tecla do "jornalismo dissertativo", depois de ler a reportagem de capa da Veja da semana passada. Na capa desta edição está estampada a seguinte afirmativa: América Latina / Feras Radicais / Seu objetivo é evitar a derrota dos terroristas das FARC e criar um clima de guerra no continente."

Na reportagem a tese defendida é que Hugo Chávez, Rafael Corrêa e cia. estão doidinhos para haver uma guerra no continente. Para comprovar que estão certos, despejam no colo dos leitores, argumentos fracos e sem consistência, facilmente refutáveis. Por isso, inicialmente, pensei em demonstrar a fragilidade de cada pseudo-verdade apresentada, no entanto, depois de ler o que Thomas Shannon, subsecretário do Departamento de Estado americano para a América Latina, disse à BBCBrasil em sua versão on-line, mudei de idéia. Penso que vou economizar o meu e o seu tempo, só trazendo uma frase do norte-americano, Vamos a ela:

''O grau de compromisso que os vizinhos da Colômbia demonstrarem em auxiliá-la a se proteger e a combater ameaças contra o seu Estado democrático será determinante para que a Colômbia não viole a fronteira de seus vizinhos."

Note, que o norte-americano não se acanha em falar em nome do governo de Álvaro Uribe [foto]. Mas isso agora não vem ao caso, o que me chamou a atenção, pois joga por terra a tese da Veja, é que ele afirma, textualmente, que a manutenção da paz no continente depende dos países vizinhos à Colômbia, se estes seguirem a cartilha ditada por Uribe, estamos a salvo, se não, a guerra será deflagrada. Isto vale para Venezuela, Equador, Peru e até mesmo para o Brasil, pois como eu disse no post anterior, as FARC costumam cruzar nossa fronteira também. E quem decide se a cartilha está sendo seguida direitinho? Bogotá, claro! Ou melhor, Washington, claro. Não penso que os EUA seriam loucos de atacar o Brasil, não por nossa força militar, pois esta é uma piada, mas pelo status político ocupado por nosso país.

Agora, fica claro que se Chávez e cia., não são flor que se cheire, dizer que eles são os responsáveis pelo estado de quase beligerância que se instalou no continente no começo do mês é, no mínimo, irresponsabilidade. Não são eles que estão dispostos a desestabilizar a América do Sul, quem está seguindo neste sentido é a turma que age a soldo dos EUA, que armados até os dentes, querem exibir seus brinquedinhos novos, e de quebra riscar do mapa essa figura ambígua chamada Hugo Chávez, pois uma guerra entre Colômbia e Venezuela é tudo que os norte-americanos sonham para esmagar o venezuelano.

Um comentário:

Cássio Augusto disse...

Precisa ainda responder quem quer a guerra??? hehe