segunda-feira, março 26, 2007

Imprensa brasileira e o jornalismo dissertativo

Não é de hoje que tem ficado claro à população brasileira que não temos uma imprensa que cumpre seu papel de informar a sociedade de modo, totalmente, satisfatório. Como se isso não bastasse, ainda temos outro problema, a enorme maioria das publicações de nosso país, não praticam um jornalismo, meramente, informativo, no qual seu principal objetivo é expor os fatos sem emissão de juízos de valor deixando para que os destinatários da notícia o façam. Estes veículos vem trilhando outro caminho, o "jornalismo dissertativo", ou seja, em vez de mostrar à sociedade o que está acontecendo, pretendem "provar" que aquilo está acontecendo por este ou aquele motivo.

Digo isso, porque a cada dia que passa, tenho notado que os jornalistas brasileiros, paulatinamente, estão deixando de passar a notícia ao leitor/telespectador, de modo, que a informação sirva de subsídio para que estes, formem suas próprias opiniões e, como já disse, passaram a querer convencer seus destinatários que eles (os meios de comunicação) estão certos ao defenderem determinada posição.

Neste passo, atente-se para o exemplo da revista de informação semanal com maior tiragem no país. A Veja! Esta, talvez seja o principal exemplo deste tipo de jornalismo, tão disseminado pelo Brasil. Quem não se lembra da "célebre" reportagem na qual pretendia-se convencer o leitor de que Lula e parte de seus colaboradores mais próximos, tinham contas secretas em paraísos fiscais e mais tarde se revelou uma fraude completa? Ou ainda, aquela outra famigerada, reportagem que a revista indicava algumas razões para votar "não" no referendo sobre a comercialização de armas de fogo no país.

Mas não para por aí, outras revistas seguem a mesma linha editorial, como a revista CartaCapital que duas semanas atrás publicou uma reportagem tentando convencer seus leitores de que o ministro do STF, Gilmar Mendes, tem interesse na perda de eficácia da lei que pune atos de improbidade administrativa, sem falar na postura da revista que tem se comportado como se fosse uma porta-voz do atual governo.

Entretanto, cumpre ressaltar que isso não se resume ao jornalismo impresso, na televisão, esta forma de fazer jornalismo também dá seu ar da graça. No ano passado, a rede Bandeirantes em seus telejornais, produziu diversas reportagens, procurando convencer os telespectadores de que o SBT, com a Tele-Sena e a Rede Record com a Igreja Universal, trabalhavam com recursos infinitos, e por isso levavam, enorme, vantagem na "guerra" pela audiência.

Por fim, para que não pairem dúvidas sobre a lebre que estou levantando, vale esclarecer que aqui não me refiro aos articulistas, pois a estes cabe a obrigação de emitir seu parecer sobre determinado assunto, podendo justificar os motivos que o levaram àquela conclusão, direciono minha indignada crítica ao suposto jornalismo informativo mesmo, aquele cuja função precípua é levar ao público as premissas, permitindo que eles façam suas ilações com embasamento. Está claro que este jornalismo, que eu chamo de expositivo, está aos poucos, sumindo do cenário nacional, sendo esmagado pelo jornalismo dissertativo, o que é profundamente lamentável.

A foto que ilustra este post, pode ser vista no blog Imprensa Marrom.

11 comentários:

Anônimo disse...

Se cada um formar opinião, que era e sempre numa utopia será o principal objetivo da interatividade, através dos meios de comunicação existentes no Brasil, veriamos um aglomerado de profissionais tentando fazer um trabalho serio e correto em busca de ajudar as pessoas na busca de informações.
Abrçs!

http://sendizerez.blogspot.com/

Vagner Jeger Limeira de Castro disse...

Concordo plenamente e digo mais.
Essa apelação da mídia para nos convencer de algo está em tudo. Nos comerciais de TV (ex. propagandas de cerveja), nas novelas (ex. o espiritismo da globo), nos telejornais como vc acabou de mencionar, nos programas esportivos.
É uma coisa impressionante. No ano passado, o São Paulo futebol clube foi campeão brasileiro e o Internacional foi campeão mundial. Agora me pergunte qual a discussão preferida em 10 de cada 10 programas esportivos? O Corinthians e a MSI. Não tenho nada contra este time, mas isto para mim é uma prova de que o que eles querem não é transmitir a verdade, nem os fatos. Eles querem passar apenas aquilo que dá audiência. Em outras palavras, a busca pela audiência faz a mídia se "corromper".

Vagner Jeger

http://blogoeublogastu.blogspot.com/

Cássio Augusto disse...

Cara... tem um programa na TV Câmara que se chama "Comitê de Imprensa" muito bom por sinal... e em diversas entrevistas com jornalistas têm-se chegado à seguinte conclusão: o jornalismo impresso está perdido diante da dinâmica da Internet... os sites de notícias e Blogs dão a notícia em tempo real... então os jornais do dia seguinte estão "atrasados"... logo... os jornais e revistas estariam com os dias contados??? Assim... eles buscam novas fórmulas de jornalismo... mas ainda estão muito perdidos!!!

Diego Moretto disse...

Bom, é bem prudente falar disso. leio Veja toda semana e mais doq provado q a revista tenta de uma forma, manipular a opinião do leitor. Quem tem uma mente um pouco fraca, lendo tais matérias, acabam cedendo...
Na televisão nem se fala, é ate raro eu assistir a algum jornal, só o Jornal da Globo mesmo, que não perco. Acho que o único q se salva de fazer um jornalismo direto (direto ate demais) é o Folha de São Paulo. Agora não me vem mais nenhum na mente. Infelizmente esta ruim mesmo a situação no jornalismo brasileiro, Bom, é isso. Adorei o post. Grande abraço!!!

Dorian disse...

Omar,
A imprensa é um negócio. Tem que gerar receita, lucro e atrair anunciantes. A situação atual do jornalismo é apenas consequência.

Legalmente Celle disse...

hahahahahahaha SIM! Terei que chamar o Diogo Mainardi de ídolo, se você gosta de atribuir esse tipo de nome a EXEMPLO, rs
Adoooooorooo uma polêmica, mas nada gratuito, construtivo, quem sabe! Não esquecerei de você, é só deixar seu cartão na recepção e...
;)
Bjussssssssss

Legalmente Celle disse...

hahahahahaha tem gente que não dá créditos à própria sorte! Já falei, deixe seu cartão...Ou vai me dizer q vc ainda n fez um?! tsc tsc tsc hein...E vê se tb n esquece de mim, pq o caso certamente será de grandes proporções, bolada na certa! rs
Bjussssssss

Vagner Jeger Limeira de Castro disse...

Olá Omar, tudo bem?

Estou passando por aqui só pra te dar uma sugestão. Vai nesse endereço aqui

http://www.feedbutton.com/

Onde tem Create my feed button, vc digita a URL do teu blog e clica em
Make my feed button. Pronto! Daí é só colocar o código HTML do Botão
gerado, que já vai apontar para o enderço do seu blog. Isto serve para quem tiver interesse acrescentar o seu blog na página personalizada do Google ou mesmo
no Google Reader, por exemplo. Mas evidentemente existem diversos outras empresas que também oferecem este recurso (Yahoo, Aol). Assim a pessoa pode facilmente acompanhar o dia-a-dia do seu blog favorito. Na verdade facilita a navegação. Eu recomendo!!

Um abraço

André Martins disse...

Aqui em Brasília então, a gente nem sabe no que acreditar (ou melhor, sabe, se correr atrás)! É um tal de deputado comprar jornal...

Lilian Barbosa disse...

É fato que o jornalismo "informativo" (que conforme você explicitou, tornou-se dissertativo) encontra-se altamente tendencioso. E busca "manipular" pelos diversos veículos de comunicação. O que preocupa é que muitos não têm a noção do que é verdade ou uma mera imposição de verdades.
Só se informa o que é conveniente informar para o benefício de alguns. Simples: o jogo de interesses encontra-se cada vez mais presente. E, se for possível convencer grande parte da população de algo que pode ser favorável a apenas uma pequena parcela das pessoas, torna-se tudo mais fácil. Infelizmente, nem todos possuem um senso crítico e são facilmente influenciados pela mídia e suas ideologias.

Obs: Muito interessante o seu blog. Boas colocações, fundamentações. Parabéns pelo blog. Visitarei mais vezes.

Paulo Fernando disse...

Meu caro, em qualquer experimento, atuação ou atitude na vida, a imparcialidade não existe. Não há como evitarmos o confronto direto com a cultura, sentimentos, reãções e muitas outras coisas que eclodem num único eu.

Abraços