sexta-feira, outubro 26, 2007

O erro de Luciano Huck

Ao parar num sinaleiro da cidade de São Paulo, lá por volta do final do mês setembro*, começo de outubro, Luciano Huck, teve seu "Rolex" levado por um sujeito montado na garupa de uma moto, em seguida, num tom de desabafo, publicou um artigo na "Folha de S. Paulo", na sequência diversas vozes se levantaram comentando o artigo, algumas concordaram outras o criticaram muito.
Ao redigir o texto mais controverso dos últimos tempos, o global fez o que (guardadas as devidas proporções) qualquer um faria ao sofrer uma injustiça - extravasou sua revolta! O problema não foi a exteriorização dessa revolta (seria uma grande idiotice dizer que ele deveria agradecer aos céus, por ter perdido SÓ o relógio, como andaram dizendo por aí), seu erro foi a forma como expôs essa revolta.



A carta enviada à redação da "Folha", tem um conteúdo horroroso, lá você encontra um misto de arrogância com ignorância, regado ao mais puro fascismo. Por falar em fascismo, vou aproveitar e abrir um parêntese neste parágrafo, para dizer que no post sobre o filme "Tropa de Elite", eu afirmo não enxergar no filme qualquer apelo fascista, pois no meu entender ali há apenas a tentativa de apresentar uma realidade, em momento algum é possível dizer que os produtores referendam o comportamento do Capitão Nascimento, pelo contrário, há uma cena na qual outro comandante de outra "Tropa" (não lembro agora se de elite também, mas acho que sim), se recusa a participar de uma missão seguindo os métodos "nascimentianos". Desta forma, concluo que o fascismo está em quem assiste e vê na forma como o capitão Nascimento trata os supostos bandidos a salvação da sociedade brasileira. Por exemplo, a "Veja" mostrou ser fascista, já que na capa da edição dedicada à discussão gerada pela fita, disse que no filme "bandido é tratado como bandido", ou seja, aplaudiu os métodos nada ortodoxos da personagem de Wagner Moura; o mesmo pode-se dizer de Luciano Huck, pois no texto publicado pela "Folha", ele chamou o capitão Nascimento para começar a "discutir segurança pública de verdade".

Fechado este parêntese, volto ao tema deste post. Como já disse, após a publicação de seu desabafo, meio mundo caiu de pau em cima do homem, 50 mil reais mais pobre, vendo seu colega ser massacrado por alguns, a turma da revista "Época", decidiu socorrê-lo, saindo com uma capa na qual Luciano Huck aparece com um post-it tampando sua boca, com a pergunta: "Ele merecia ser roubado?" A capa da revista sugere que no fundo quem o critica queria que ele aceitasse a injustiça calado, além de no editorial, acusar o brasileiro de ser invejoso e incoerente. Invejoso por criticar Luciano simplesmente por ele ser rico e famoso, e incoerente por ver no assaltante uma vítima e na verdadeira vítima, um criminoso. Creio que ao abordar o tema desta forma, a "Época"pretende pôr um ponto final nas críticas direcionadas ao queridinho das "Caras" da vida, já que é impossível alguém responder "sim", à indagação estampada na capa da revista.

Obviamente Luciano não merecia ser roubado, não merecia ter uma arma apontada para sua cabeça, só um imbecil diria algo diferente disso, porém, o mesmo vale para as milhares de pessoas que enfrentam a mesma violência diariamente. Ninguém merece passar por este tipo de experiência. O erro do astro global não foi se indignar ao ter sofrido esta violência, seu erro é entender que direitos são como bens que se compram na venda da esquina, assim quem tem mais dinheiro compra mais direitos, quem tem menos dinheiro, consequentemente, compra menos direitos. A impressão que se tem é que ele achou injusto um sujeito qualquer, levar seu rolex "gratuitamente", mas ao mesmo tempo não vê nada de errado quando um policial arromba a porta de um morador da favela, mete-lhe o "saco da verdade" na cabeça, torturando-o para descobrir onde está o cara que ele está caçando. Provavelmente, na sua mente limitada, a lógica é que como o favelado não paga "uma fortuna" em impostos, não comprou o direito à sua integridade física e moral.



* Este blog anda com cheiro de naftalina, admito, já que nos últimos tempos, só tem tratado de assuntos velhos, mas é que eu estou com o tempo livre cada vez mais reduzido, por isso, por gentileza, faça de conta que o debate sobre o assalto de Luciano Huck teve início ontem ou anteontem, no máximo.

domingo, outubro 21, 2007

Pedágio Tucano X Pedágio Petista

Fala a verdade: não é divertido ouvir o que um daqueles torcedores de futebol fanáticos tem a dizer de vez em quando? Para esses torcedores ser coerente é achar tudo que vem do seu time o melhor do mundo e o que vem do time rival, seja o que for, imprestável. E é isso que faz de um torcedor típico um ser hilário por natureza. Você nunca vai ver um típico torcedor do Atlético-PR dizer que o Alex (Soneca) - aquele que jogou no Palmeiras, Seleção e que hoje atua na Turquia - é um grande jogador. Por outro lado também não deverá ouvir um coxa-branca (torcedor do Coritiba, rival do Atlético-PR) elogiando o Ferreira, principal nome do atual elenco rubro-negro. Invertendo o dito popular - seria trágico se não fosse cômico. Torcedor é assim mesmo, o dia que passar a ser racional ou coerente, perde a graça.

Mas e o que dizer de quem transporta o mesmo raciocínio para o âmbito político? Lamentável para dizer o mínimo! Neste post quero chamar a atenção para isso. A forma, apaixonada, como alguns setores da sociedade, especialmente aqueles ligados ao tucanato, tem se comportado diante da iniciativa do atual governo federal de repassar à inicitiva privada a administração de alguns trechos de estradas pelo Brasil. Em vez de analisar a conveniência, a legalidade entre outros aspectos da medida, ficam naquele lenga-lenga infantil: "Rá, xeque-mate, o PT demonizou tanto as privatizações e agora privatiza. São hipócritas!".

Até o meu amigo blogueiro, Dorian, caiu nessa cilada:

"São esses desencontros entre o discurso e a prática, a distorção da realidade e as meias-verdades que fazem do governo Lula esse ser amorfo que aí está. O governo tem que ter um discurso linear. Ou é a favor ou contra as privatizações. Não dá é criticar quem faz e fazer o mesmo como se estivesse reiventando a roda."


O detalhe é que nada disso importa, não é de hoje que Lula abandonou (?) a ideologia de esquerda (??) e abraçou o neo-liberalismo, deste modo, hoje em dia não faz sentido ficar acusando Lula e sua trupe de "amorfos", como o Dorian fez, por eles terem criticado algo que estava na mesma cartilha pela qual rezam agora. É preciso analisar os atos em si, se são convenientes ou não. Se forem, aplausos, se não forem, pau!

No entanto, é preciso esclarecer que, ao contrário do que a cúpula petista vem defendendo, houve sim privatização, concessão é um ato tão privatizante quanto uma venda pura e simples, já que privatização é o gênero, do qual a concessão e venda são algumas das espécies. É preciso deixar isto bem claro, pois quando uma empresa pública, por exemplo, é privatizada, o Estado deixa de controlá-la, se limitando a fiscalizar suas atividades, enquanto que a gestão do negócio passa a ser da iniciativa privada em definitivo, e não foi este o caso das rodovias, uma vez que o governo não vendeu patrimônio público, a partir de agora a iniciativa privada terá o direito de cobrar o pedágio por 25 anos, nos trechos licitados, em troca fica acertado que a empresa vencedora deverá investir em algumas benfeitorias.

Feito este esclarecimento, vale comparar o modelo de concessão petista com o modelo tucano: o atual governo, decidiu que não iria cobrar nada pela chamada outorga, como bem esclareceu o Dorian, ganharia a empresa que se propusesse a cobrar o menor pedágio, porém, ao contrário do que muita gente desinformada anda espalhando por aí, a empresa não adquiriu o direito de cobrar determinada quantia (bem inferior ao que se cobra atualmente, diga-se de passagem), sem qualquer contraprestação, junto com o direito de cobrar o pedágio, assumiu o dever de investir na revitalização das estradas, em certos casos, assumiu inclusive a obrigação de fazer a duplicação da rodovia, por isso se você leu ou ouviu em algum lugar que as rodovias em pouco tempo estarão em frangalhos, duvide, pois como se trata de concessão, se a empresa vencedora não cumprir as previsões contratuais o governo poderá retomar o controle das rodovias.

Já no modelo adotado pelo PSDB em São Paulo, houve a cobrança da outorga, ganhou quem ofereceu o maior valor, o que acabou elevando o preço final dos pedágios. Qual o melhor modelo? Até agora, sem dúvida alguma é o petista, mas dizer que este se revelará como o melhor em todos os sentidos, por enquanto é impossível. Só o tempo trará esta resposta. Quem quer que se arrisque dizer hoje, que um é superior ao outro, corre o risco de ser desmentido pela história.

Outro ponto que deixa os tucanos de cabelo em pé, é que mais uma vez eles estão se sentindo lesados, já foi assim com a estabilidade econômica. Nos últimos meses de FHC na presidência, o mercado internacional prevendo a vitória de Lula nas eleições, começou a se alvoroçar, temendo a quebra de contratos, deixando o país numa situação quase insustentável. Após a vitória do petista, ao perceberem que nada mudaria, o trem voltou aos trilhos e Lula começou a alardear que a economia se estabilizou graças a um gerenciamento competente da "herança maldita", o que todos sabem ser uma grande mentira, o país estabilizou em razão de Lula ter demonstrado que nada mudaria com sua chegada ao Planalto, e só. Se fosse colocado um espantalho na cadeira da presidência o resultado teria sido o mesmo.

Agora, novamente alguns setores se sentem lesados já que o PT resolveu invadir a praia tucana, mostrando ao país que existe um meio de deixar o pedágio barato. E qual foi a reação do tucanato? Bater na tecla da hipocrisia petista, tática que já deveria ter sido esquecida há muito tempo.

A conclusão que eu chego diante de tudo isso, é que a torcida organizada chamada "elite brasileira" não suporta Lula, e por isso não importa o que ele faça, deve ser criticado; mas essa má vontade não decorre do fato de ele ser de esquerda, ou melhor, por ele um dia ter aparentado ser de esquerda (já que segundo o próprio, de esquerda ele nunca foi) e sim por ele ser de direita sem nunca ter feito parte deles.

domingo, outubro 14, 2007

Tropa de Elite, chegou a minha vez

"Não gosto de armas! Elas são ruins, matam pessoas!
Matam pessoas??!! Vamos ver então - coloca uma arma sobre a mesa - mate alguém! Vamos, arminha, seja boazinha!
Viu só?! Armas não matam ninguém, pessoas matam. Pessoas são ruins."

Esta é uma reprodução, mais ou menos fidedigna (transcrevo de memória) de um diálogo travado numa série animada do canal de tv americano Fox, chamada "American Daddy". Mais tarde volto a ela.

Finalmente fui assistir ao hit do momento: Tropa de Elite!, e antes de entrar na polêmica que se criou em torno da fita, devo dizer que como entretenimento, o filme é excelente. Foge daquele maniqueísmo insuportável, tão presente nas casas brasileiras, com as novelas que pipocam em quase todas as emissoras do país. A história consegue ser bem realista na medida em que ninguém é totalmente bonzinho ou totalmente malvado, exatamente, como somos todos nós na vida real. O capitão Nascimento, é o narrador e o personagem principal, porém, nem de longe pode ser considerado o mocinho ou herói da trama. Ele, ao longo da história, alterna momentos de extrema brutalidade, como na cena em que esfrega a cara de um suposto estudante no corpo ensanguentado de um sujeito há pouco abatido pela tropa, com outras que poderiam ser consideradas cenas típicas do "homem de bem", como quando ele está tentando trocar as fraldas de seu filho recém nascido. O mesmo valendo para o Baiano, principal "vilão" na história. Isso, por si só, já é mais do que suficiente para este filme entrar na minha lista dos melhores que já pude assistir.

Mas, voltando do cinema, um ponto de interrogação ficou cravado na minha testa: não consigo entender o motivo que levou certos setores sociais a rotular o filme de "fachista", como diria Diogo Mainardi. Acredito que alguns foram levados a fazer tal afirmação, em razão de uma análise superficial do enredo. Tá certo que há evidente desrespeito aos direitos humanos mais básicos, de um modo que a direita se delicia, já que os afetados integram a classe social inferior, no entanto, também há a acusação de que a classe média é hipócrita quando organiza passeatas pela paz ou escreve artigos raivosos em jornais de grande circulação, somente quando a violência a atinge, sem esquecer da acusação de que as ONGs, criadas pela elite contam com fins meramente eleitoreiros ou sexuais, além de servirem para que seus criadores as usem para auto-promoção, como no caso do apresentador Luciano Huck. Diante disso, ficou pra mim a pergunta: será o filme ao mesmo tempo de direita e de esquerda?, será isso, um sinal de indecisão do diretor? Ao final concluí que não! O filme, apesar de - numa análise superficial, como eu disse - em certos momentos, aparentar pregar a instituição de um estado de exceção para combater o tráfico, no frigir dos ovos, apenas pretende mostrar uma realidade, num tom até certo ponto documental, e é aí que entra o diálogo inicial.

Afirmei lá em cima que o filme em si, não me parece ser fascista ou comunista, de direita ou de esquerda, não creio ser esta a abordagem pretendida pelos produtores, o problema é que quem assiste ao filme, ao contrário, pode não o fazer com a mesma isenção, o que me levar a crer que muito provavelmente certos setores da sociedade em pouco tempo deverão transformar a fita num exemplo de como deve ser o comportamento do Estado no combate à criminalidade (em especial, contra os que roubam rolex por aí), exatamente como já vem acontecendo. Pegue-se o exemplo de Luciano Huck, um dos mais famosos representantes da elite brasileira, que na maior tranquilidade, pede para o capitão Nascimento vir resolver o problema da segurança pública no país, já que na visão limitada do global, somente ele - ou alguém que seguisse sua cartilha - poderia resolver a questão.

Então, de agora em diante, não se espante se na próxima manifestação da turma dos cansados for entoada a principal canção de todas as tropas de elite, Brasil a dentro: "Tropa de Elite, osso duro de roer, pega um pega geral, também vai pegar vocêê!" Além de saírem por aí, numa demonstração de burrice, pedindo o capitão Nascimento na cadeira da presidência da República. E não se diga que isso será culpa do diretor, José Padilha, que teria dirigido um filme fascista, pois a culpa será de quem assiste o filme que numa prova ainda maior de burrice, consegue ver no capitão Nascimento um herói, em vez de um sujeito envolvido num drama pessoal, pelo qual vários policiais devem passar também.

segunda-feira, outubro 08, 2007

As contradições do vejista Reinaldo Azevedo

Deste post em diante, sempre que me referir ao jornalista Reinaldo Azevedo, o farei pelo seu apelido mais carinhoso - Boto! Por que Boto? Eis a explicação do próprio:



"Não é um apelido, mas poderia ser, considerando como se formam os apelidos. Pra que tanto mistério, bobão? Eu mesmo digo por que no vídeo gravado aí do lado: é porque eu tenho dois buracos na cabeça decorrentes da extração de dois tumores: um deles bem no cocuruto, onde os botos têm um “respiro”. Ponho o chapéu — no dia-a-dia, um boné de “mano” da periferia, hehe — para não deixar os outros constrangidos."



Se você está aí pensando que ridicularizar alguém por um defeito físico é um baita desrespeito e já começou a me xingar por isso, quero dizer que eu até concordaria com você, se este alguém em questão não atendesse pelo nome de Reinaldo Azevedo. Digo isso porque num de seus posts, como de costume, ele estava metralhando seus "inimigos", até que a uma certa altura, disse que os acreanos estavam errados por se sentirem ofendidos com uma suposta brincadeira do "comediante" Diogo Mainardi (um dos melhores do Brasil, arriscaria dizer), quando afirmou que se Evo Morales quisesse poderia devolver o cavalo, que segundo o boliviano, foi dado em troca do território do Acre. No máximo a população daquele Estado poderia espinafrar os paulistas, mas nunca entender essa "brincadeira" como ofensiva. Então, seguindo a lógica reinaldiana, ou melhor, botiana, como ele e sua claque adoram ridicularizar, inclusive por defeitos físicos, todos aqueles que fazem ou dizem algo que não agrade seus olhos ou ouvidos, de hoje em diante neste blog, não existe mais Reinaldo Azevedo e sim, "O Boto"!

Feita esta explanação inicial, falta dizer que o Boto deve estar ficando caduco, só pode! Nos últimos tempos tem exagerado nas contradições. Não sei se isso se deve ao fato de ele escrever muito, ou por escrever de madrugada, sei lá!, só sei que as contradições tem crescido exponencialmente, neste post vou trazer apenas dois exemplos, dentre outros que poderiam ser trazidos.

No primeiro, ao comentar um levantamento feito pela ONG "Article 19", no qual constatou-se que no Brasil tramitam atualmente em torno de 3.133 processos contra jornalistas, num país em que os principais grupos de comunicação contam com um total de 3.327 profissionais desta área, o que pode significar um recorde mundial, afirmou:
"É a democracia dos bacanas, fruto do clima de pega-pra-capar com o qual o petismo tenta silenciar a mídia." [Pelo jeito só petistas sabem o caminho das pedras] "Qual o caminho que os valentes escolheram? A judicialização do embate democrático, ainda que, muitas vezes, as ações sejam absurdas. Mas, claro, elas tomam nosso tempo, nosso dinheiro, nossa paciência — mesmo quando vencemos. [...] Ninguém é tão rápido em recorrer à Justiça para defender a sua “honra” quanto a pessoa sem honra nenhuma. Além da velha safadeza, há também um ingrediente novo na praça — novo no Brasil, onde tudo chega meio tarde: a patrulha politicamente correta. Sempre há uma minoria organizada enchendo o seu saco, como afirmei no vídeo que gravei ao lado para a VEJA.com, porque se sente agravada até por uma piada. Evo Morales diz que a Bolívia deu o Acre para o Brasil em troca de um cavalo velho (é mentira, claro)? Vai Diogo Mainardi e brinca: devolve o cavalo e pega de volta o Acre. Pronto: lá vem um pequeno exército de acreanos para protestar. No que me diz respeito, estou dando de presente títulos que conferem aos não-paulistas a licença para esculhambar São Paulo. Mas exijo o meu direito de falar mal do Brasil, dos políticos brasileiros, da minha própria impaciência, até dos coleguinhas...Essa mania de levar tudo para a Justiça é só mais uma demonstração de intolerância. é evidente, constitui mais uma maneira de tentar tolher o debate."

A citação acabou ficando meio longa porque eu quis aproveitar e trazer o comentário dele a respeito da piada do Diogo Mainardi sobre o Acre. Viu como o Diogão tem talento pra ser palhaço? O cara deveria ser contratado pela Globo pra ver se aquela porcaria do "Zorra Total" melhora um pouco!!

Agora perceba a contradição na qual o Boto incorre, quando comenta o texto do rapper Ferréz, publicado pela "Folha de S. Paulo", após o desabafo de Luciano Huck:

"Seu texto lhe vai gerar alguma conseqüência legal? Duvido."

Acho que a indiganação com o texto do rapper tirou a capacidade do Boto raciocinar, fazendo-o esquecer do que já tinha escrito. De acordo com o vejista, quando um jornalista é processado, temos uma afronta a democracia, porém, quando um não-jornalista diz algo inaceitável (na ótica botiana, claro!) ele deve ser processado e condenado, de preferência, preso. Jornalistas têm imunidade para dizer o que bem entenderem, enquanto que os não-jornalistas devem se recolher em sua insignificância limitando-se a ler o que os imunes falam e escrevem. Ora, ora, pense mais antes de escrever, Boto, já tá ficando feio pra você e pra Veja.

Agora a segunda contradição:

Na grande maioria de seus posts, o Boto se dedica esculhambar a esquerda, num deles escreveu o seguinte:


"Por que o comunismo é nefasto, entre tantos outros defeitos? Porque despreza, ignora ou esmaga as conquistas da civilização. Ele, sim, é genuinamente reacionário. Faz a história humana caminhar para trás. Pegue-se o caso da União Soviética. Em três décadas de consolidação do socialismo, matou-se mais gente do que o que se conhecia da sangrenta história russa (para ficar na república mais importante) até ali. E por quê? Para se construir qual homem?"


Concordo, a história soviética, especialmente durante o governo stalinista é, inaceitavelmente, sangrenta. Sendo assim, se o Boto, acha inaceitável que quem detenha o poder o exerça matando seus inimigos, seria lógico imaginar que isso valesse para qualquer ocasião, certo? Não para o Boto:



"Menosprezar a elite branca virou ‘cult’ e ‘engajado’”
Excelente o que escreve Dora Kramer na sua coluna de hoje no Estadão: É preocupante a reação de ira provocada pelo artigo (ótimo, na forma e no conteúdo) do apresentador Luciano Huck, publicado semana passada na Folha de S. Paulo e ampliado na entrevista “amarela” da Veja desta semana."
E o que disse Luciano Huck no tal texto "ótimo na forma e no conteúdo"? Entre outras baboseiras disse que agora que ele, Luciano Huck, foi mais uma vítima da insegurança pública provocada pela inércia tucana na administração paulista, era hora de discutir o tema de verdade, como sugestão, indica o nome do capitão Nascimento para resolver.


O capitão Nascimento (em outra oportunidade entro de cabeça no debate gerado pelo filme), não hesita em eliminar traficantes, isto é, na concepção do apresentador global, no que é aplaudido pelo Boto, política de segurança pública significa matar, sumariamente, todos os possíveis inimigos da elite, em especial os ladrões de rolex.


Boto, Boto, presta atenção no que você anda expondo para deleite de sua claque!!!!


O Boto não é idiota, pelo contrário, é muito esperto, isso ninguém pode negar. Por isso, eu penso que ou ele está ficando caduco mesmo ou é um desonesto intelectual. Se você puder, peço por gentileza, que me ajude a descobrir onde ele mente (se é que mente!), desde já agradeço.

sexta-feira, outubro 05, 2007

Os ministros do STF querem ser capa da Veja, mas sem se comprometer



Foi preciso quase 9 horas de debates para que o Supremo Tribunal Federal, por 8 votos a 3, definisse a questão da fidelidade partidária. A decisão foi no sentido esperado, o mandato de deputados e vereadores (a regra não vale para senadores e chefes do Poder Executivo, portanto) pertence ao partido. Decisão até aí, corajosa, embora insustentável do ponto de vista jurídico. O problema é que a coragem da maioria dos ministros parou neste ponto. Falo isso porque, segundo o Supremo, a "nova" regra passou a valer a partir de 27 de março de 2007, que foi quando o Tribunal Superior Eleitoral respondeu ao questionamento formulado pelo Dem(o) acerca da matéria. Assim, todos os deputados (em torno de 30) que trocaram de partido antes deste marco, tiveram suas condutas amparadas judicialmente.

Terminado o primeiro round, nesta luta que ainda deve ir longe, dois pontos me chamam a atenção. O primeiro eu já havia tratado,
lá atrás quando o TSE afirmou que o mandato pertence ao partido, no primeiro post que escrevi sobre o tema. O artigo 26 da lei dos partidos políticos é claramente inconstitucional, já que fere o artigo 55 da Constituição da República, onde estão elencadas as hipóteses de perda do mandato político, e lá não há qualquer referência a perda do mandato por troca de partido. No entanto, acredito que o motivo para o STF não ter atentado para esta flagrante inconstitucionalidade é que as decisões foram proferidas em mandados de segurança, ação na qual não deve haver este tipo de discussão.

O segundo ponto - e aqui sim, não há desculpa plausível - que merece ser salientado se refere à data de validade da regra. Seria de se esperar que todos os deputados da atual legislatura eleitos graças ao quoeficiente eleitoral - ou seja, aqueles que se elegem independentemente desta conta não sofrem a mesma limitação, frise-se bem! - que saíram de um partido ingressando em outro, deveriam perder seus mandatos, porém, não foi esse o caminho trilhado. Para a Suprema Côrte, a renúncia tácita (não-automática, diga-se) somente ocorre para os parlamentares que trocaram de legenda depois da resposta do TSE, isso significa que na Câmara dos Deputados, apenas 18 deputados podem perder o mandato. Isto é um absurdo! Quer dizer então que no Brasil as leis por mais que tenham passado por todo o procedimento previsto pela Constituição, começam a vigorar somente depois que o Judiciário as chancela? Ora, senhores ministros, deixem as piadas para um Ary Toledo da vida. A lei já existia antes da resposta do TSE, que até mesmo por não ter legitimidade para tal, não estava criando regra alguma. Desta forma, a lei deveria estar valendo desde a sua publicação, que foi muito antes de 27 de março.

É por essas e outras que a Justiça brasileira está cada dia mais desacreditada. Agora é esperar pelas cenas do próximo capítulo, pois o Congresso, provavelmente, não irá aceitar isso sem se movimentar no sentido contrário.

terça-feira, outubro 02, 2007

Olavo teve o final que mereceu!


Consegui alcançar o nível mais baixo da escala da minha degradação moral! Tudo por conta do quê? O casamento. Antes de me casar eu não assistia novela, hoje quando chego em casa minha esposa já está assistindo a das 6, depois começa a das 7, uma pausa para o único jornal (olha qual noticiário se tornou a minha única fonte de informação diária!!!) que me permitem assistir, depois dá-lhe mais novela. Não aguento mais, tô ficando até mais burro. Pra se ter uma idéia do ponto a que cheguei, na semana passada me peguei apostando* com a minha esposa quem seria o assassino da Thaís. É ou não é uma prova cabal de que os meus neurônios entraram em colapso?

Antigamente - parece que é muito tempo né? Mas não é tanto assim não, são exatos 7 meses atrás - até 1 dia antes do meu casamento, eu me vangloriava de não assistir um capítulo sequer de qualquer novela, de qualquer canal, enquanto que hoje...eu sei o nome de todos os personagens, sei que a Beatriz enganou o Dante pra separá-lo da esposa e pelo menos até agora, conseguiu ficar com o senhor ex-"Marílio Gabrielo"; sei que o Olavo foi quem matou a gêmea má e acabou morto (um final bem "original" para um vilão de novela, aliás, parabéns ao autor, que parece ter lido um dos meus posts).

Agora graças a Deus, acabou a "Paraíso Tropical", e seria mais "graças a Deus" ainda se não começasse outra no seu lugar, com uma agravante: a Band está lançando mais uma novela e a minha esposa já falou que quer assistir, ou seja, nem o Jornal Nacional eu vou ter como assistir mais...é o fim!

Ontem vendo as peripécias do Antônio Fagundes de bigode, sem mais nem menos comecei a ouvir uma marcha fúnebre, perguntei à minha esposa se ela estava ouvindo, ela disse que não e só agora consigo entender do que se trata - são os meu neurônios, que estão cometendo suicídio coletivo, não aguentam mais acompanhar o lenga-lenga típico das novelas brasileiras e os que sobram organizam o velório dos mais corajosos.

* Pra variar, perdi a aposta. Eu imaginei que o assassino não era o Olavo, pois seria óbvio demais, então apostei no Bruno Gagliasso e na Beth Goulart. Ela apostou no Olavo e na Marion. Malditos autores sem imaginação.

Ah, mais uma coisa. Fiquei me perguntando o por que um ator da qualidade de um Wagner Moura aceita queimar o filme atuando numa novela global? A resposta que me vem a mente é uma só: maldito capitalismo!