quarta-feira, outubro 22, 2008

"Matem ele!"


Não é preciso dizer que no caso de Santo André, o GATE errou, e errou muito! Ora, um caso desses não poderia durar mais que algumas horas. Por que não aproveitaram aquele momento em que mandavam comida para o apartamento e colocaram uma espécie sonífero ou algo parecido, para só depois invadir? Por que permitir que Lindemberg tivesse acesso às imagens das emissoras de tv? Dessem um jeito de bloquear o sinal ou procurassem fazer um acordo com as emissoras para não transmitirem ao vivo e passo-a-passo, toda a movimentação policial. Daquele jeito, o criminoso estava sempre um degrau acima, já que ele sabia o que acontecia do lado de fora, enquanto a polícia não tinha conhecimento do que ocorria do lado de dentro. Mas, nenhum erro se compara ao de permitir que a Nayara, se aproximasse sozinha da porta. Ora, será que eles não cogitaram a hipótese de a Eloá chamá-la a entrar novamente no apartamento, e ela se sensibilizada pela condição da amiga, aceitar e entrar? Como disse aquele instrutor da SWAT, entrevistado pelo Fantástico, essa postura da PM de São Paulo, foi mesmo de envegonhar nós brasileiros.



No entanto, ao contrário do que muita gente anda dizendo por aí, não considero um erro o fato de não ter sido disparado um tiro na cabeça "príncipe do gueto"- inclusive este instrutor da SWAT que eu já falei, disse ao Fantástico que se fosse a polícia norte-americana o tiro seria disparado, chegando inclusive, a dizer como seria a ação. O raciossímio, digo, raciocínio de quem defende esta tese é de que o Lindemberg deveria ter morrido, no lugar da Eloá! Errado! Este era o caso em que ninguém deveria sair ferido, sequer. O erro da polícia não foi ter deixado o Lindemberg vivo, e sim ter deixado a Eloá morrer, afinal, aparentemente, o cara não era nenhum bandido. Era e é um tonto apenas, e isso não é crime, muito menos motivo para ser morto.



Só acho engraçado que as pessoas que pedem o tiro na cabeça do infeliz, são os mesmos que reclamam da truculência da PM...

segunda-feira, outubro 13, 2008

E agora, Petraglia?



"E agora, Fleury?

A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, Petraglia?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, Petralia?

Está sem time,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
os bondes vieram,
o riso não veio
não veio a utopia
e tudo acabou
e Danilo fugiu
e tudo mofou,
e agora, Petraglia?

E agora, Fleury?
Sua débil palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio - e agora?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Sul-Minas,
Sul-Minas não há mais.
Fleury, e agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é vaso ruim, Fleury!

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, Fleury!
Fleury e Petraglia, para onde?"

Corre na net, não conheço a autoria, mas como, exprime com mais classe o que eu estou sentindo agora, resolvi reproduzir.

sexta-feira, outubro 03, 2008

Com quantos laranjas se faz uma laranjada?



Para o atual prefeito de Curitiba que está contando as horas para o início de sua unção, uma só basta. Foi com uma laranja, que atende pelo nome de Lauro Rodrigues, que o "semi-deus" Beto Richa, conseguiu fazer uma bela laranjada nestas eleições.

Pra quem não sabe, Lauro Rodrigues é o candidato a prefeito de Curitiba pelo PTdoB que fez muito sucesso no YouTube com o seu bordão: "Corta, corta!" Um sujeito sem o mínimo preparo que só conseguia falar de um tal de Cartão-Verde, que seria a resposta para todos os males públicos. Segundo ele, com o cartão o morador da cidade poderia pagar passagem de ônibus, fazer compra nos armazéns do município, marcar consultas nos postos de saúde, com preferência no atendimento, com esse cartão o cidadão curitibano tinha garantida até, sua entrada no céu...só não sei se daria pra destravar a catraca do Bruno Meirinho...mas aí é outra história.

Eu, num momento de ingenuidade, admito que cheguei a sentir pena dele nos debates que participou. Fiquei por muito tempo me perguntando até, qual seria o motivo que estaria movendo o espírito de um cara tão desqualificado como ele para se lançar numa disputa desssas, onde só tem cobra criada. A dúvida me consumia até que ele começou a, estranhamente, atacar a candidata do PT, Gleisi Hoffmann, mais conhecida por ser a esposa do Ministro do Planejamento Paulo Bernardo. Nos programas eleitorais do partido, uma atriz caricaturizada, dizia que o povo de Londrina e de Guaratuba não aguentavam mais as administrações petistas, depois vieram os tais esclarecimentos em que ele rebatia as insinuações petistas de que tudo que prestava na cidade era obra do governo federal, culminando com a lembrança de todos os escândalos já ocorridos desde a chegada do presidente Lula ao poder. A partir deste momento as coisas começaram a ficar mais claras.. Ora, concentrar os ataques no vice, sem que uma linha fosse escrita ou uma palavra fosse dita contra o líder??!!E o que é pior, respondendo a insinuações feitas contra o líder, e que em momento algum resvalaram no próprio candidato? Resumindo: uma vergonha!

Esta campanha entrará para a história como aquela em que o prefeito Beto Richa, se escondeu atrás de um borra-botas (meio esquisito, não?) para poder atirar pedra no telhado de sua maior concorrente.

A propósito, antes que fique tarde, me explica uma coisa, prefeito: nos seus programas eleitorais foi dito que o metrô curitibano já saiu do papel...hum...bom...mas a Gazeta do Povo disse que não há verbas para a construção de metrô. Por isso fica a dúvida: quem está mentido nessa história? Pena que não vai dar tempo de termos esta resposta antes do dia 5 de outubro né?

sábado, setembro 27, 2008

Policiamento ostensivo pela Guarda Municipal?



Campanha eleitoral sem mentira não existe. As dos vencedores nós só iremos saber depois das eleições, outras nunca saberemos, já que os candidatos que as contam não serão eleitos, por outro lado, algumas são tão cínicas, que dá pra pegar facilmente. Uma das mais horrorosas que eu ouvi até agora foi contada pelo candidato do governador Roberto Requião à prefeitura de Curitiba. Segundo ele, uma vez eleito, irá aproveitar a proximidade com o governo do Estado para promover a integração entre a Guarda Municipal, que passará a realizar o policiamento ostensivo nos bairros da cidade, com a Polícia Militar, já que na sua concepção aquele órgão está sendo sub-utilizado ao restringir sua atuação à proteção de bens público municipais.

Ok, só para ajudar o candidato que deixou a reitoria da UFPR para sair candidato à prefeito de Curitiba, vamos ver na Constituição quais são os objetivos tanto da Polícia Militar quanto da Guarda Municipal.

Segundo o artigo 144 § 5º à Polícia Militar cabe o dever de realizar o policiamento ostensivo. Isso significa que os policiais militares estão encarregados de garantir a manutenção (?) da Ordem pública, combatendo, primordialmente, a prática de crimes e contravenções penais, além de atuar de modo a garantir o respeito a normas administrativas.

Noutro giro, o mesmo artigo 144 da Constituição, agora em seu parágrafo 8º, estabelece que os Municípios poderão constituir guardas municipais, que terão como objetivo proteger os bens, serviços e instalações do próprio Município. Assim, a Guarda Municipal deve agir como uma espécie de empresa de segurança particular a serviço do Município, ou seja, não cabe o dever de realizar policiamento ostensivo, agindo somente quando os bens municipais estiverem em risco.

Por isso, se você que mora na capital paranaense, acreditou mesmo que o peemedebista iria cumprir esta promessa, esqueça!, tudo não passa de jogo de cena, sendo mais uma grande mentira para enganar quem se deixa enganar. E assim a vida segue...

quinta-feira, setembro 04, 2008

Audiências públicas no STF?

Quem faz a lei no Brasil? Deveria ser o Legislativo, mas diante da incompetência de seus integrantes, o maior legislador é o Poder Executivo, por meio das Medidas Provisórias. Mas, não satisfeitos em delegar esta atribuição ao administrador público, o Parlamento deciciu atribuir também à cúpula do Poder Judiciário esta prerrogativa, ao criar o instituto da súmula vinculante, que, na prática acabou por se transformar em lei em sentido material, já que emanada pelo STF. Isso ficou claro quando da aprovação da súmula vinculante 11 (ou "súmula Dantas", como o Paulo Henrique Amorim prefere), que regulamenta o uso de algemas. Ora, a Constituição em seu artigo 103-A, incluído pela EC nº 45/2004, dispõe que o Supremo poderá editar súmula vinculante, desde que haja "reiteradas decisões sobre matéria constitucional”, exigindo ainda que a existência de "controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica”. Ou seja, somente nestes casos será possível falar em súmula com efeito vinculante. No entanto, ao que me parece, não houve decisões reiteradas sobre a matéria, assim, neste caso específico o Supremo agiu como verdadeiro legislador positivo, atribuição que não lhe cabe, obviamente.

Mas parece que não ficaremos por aí, outro caso me leva a crer que dentro de pouco tempo teremos mais uma súmula vinculante, agora a respeito do abortamento de fetos anencefálicos. Penso assim, em razão do relator da ADPF-54 ministro Marco Aurélio Mello ter convocado audiências públicas, nas quais várias correntes da sociedade foram ouvidas, sob a justificativa oficial de que o Judiciário quer ouvir a sociedade antes de tomar uma decisão.

Infelizmente, nenhuma das sessões pude acompanhar as exposições integralmente, tive de me contentar em ouvir alguns pedaços pela rádio Justiça, e pelo que ouvi, concluo que muito se falou, mas pouco poderá ser aproveitado pelos ministros em seus votos, pois o que se viu na audiência foi um verdadeiro palco para que grupos antagônicos se digladiassem entre si, especialmente na primeira, quando católicos e evangélicos foram ouvidos. Falo isso porque o Supremo, por incrível que pareça, é órgão do Judiciário e não Legislativo! O Judiciário decide com base nas leis vigentes - estas consideradas em seu sentido mais amplo - sua função é interpretar o Ordenamento Jurídico! Inacreditável não? Por falar nisso, é exatamente este o objetivo da CNTS: que o Supremo interprete a norma penal que criminaliza o aborto, de modo a excluir a chamada "antecipação terapêutica do parto". Não se pretende descriminalizar o aborto, pois a competência para isso o pertence ao Poder Legislativo, que é o Poder cuja atribuição principal é criar, revogar e alterar as leis que mais tarde serão interpretadas pelo Judiciário.

Enfim, agora que o STF pode editar súmulas que não podem ser contrariadas pelas instâncias inferiores nem pelo Poder Público, acredito que as tais audiências públicas deverão ser mais comuns do que em qualquer outro tempo.

quinta-feira, agosto 28, 2008

É de dar pena!


Ontem no Morumbi, o Atlético mais uma vez mostrou que o seu futuro será sombrio! Jogando contra o frágil time reserva do São Paulo, a exceção de alguns rápidos lampejos, foi amplamente dominado pelos são-paulinos que mostraram porque são reservas lá. Na realidade, durante todo o jogo, a impressão que eu tive era de que nenhum dos dois times estava interessado na vitória, talvez por imaginarem que continuar no torneio sulamericano signifique atrapalhar a luta de cada um; o São Paulo pelo título e o Atlético para fugir do rebaixamento. Não sei se era isso ou incompetência mesmo! O jogo foi horrível, com mais de 100 erros de passes, sendo que o Atlético deve ter contribuído com uns 70% destes erros.

Do lado tricolor ainda que o time tenha se mostrado inoperante do meio pra frente, nada é muito atemorizante, já que como eu disse aquele não é o time que disputa o Campeonato Brasileiro. Enquanto isso, pelos lados do Furacão a situação já deixou de ser alarmante para ser desesperadora, pois ao que tudo indica aquele é o time que terá a responsabilidade de evitar a nossa degola. E é exatamente isso que me deixa com um frio na barriga: a cada cruzamento errado do Márcio Azevedo, a cada cobrança irregular de lateral pelo Alex Fraga, a cada chute bisonho dado pelo Anderson Aquino, a cada erro de passe de Rodriguinho, diminuía ainda mais a minha esperança no time. Analisando bem, é fácil notar que se não fosse pela preguiça do time são-paulino, não tenho dúvidas que teríamos saído de campo com mais uma goleada no lombo .

Enfim, mesmo aos trancos e barrancos o Atlético se classificou em cima do maior rival fora destas bandas, o que pode dar um novo ânimo para este que é sem dúvida alguma, o pior time já montado por Mário Celso Petraglia que foi, inegavelmente, o maior responsável pelo resgate do clube em 1995, podendo ser o ponto de partida de uma arrancada capaz de livrá-lo do vexame de ser rebaixado no Campeonato Brasileiro.

segunda-feira, agosto 25, 2008

O Brasil nas Olimpíadas


Passei algum tempo ausente e durante este período muita coisa importante aconteceu, como por exemplo a entrada em vigor da tal "Lei Seca", o entra-e-sai da prisão pelo Daniel Dantas, aprovação de novas súmulas vinculantes pelo STF, a recontratação do (+)comentarista/(-)técnico Mário Sérgio pelo Atlético Paranaense, entre outros, mas eu não poderia marcar este meu retorno sem tratar do evento mais importante do ano, que não poderia ser outro se não a Olimpíada chinesa, que trouxe consigo algumas boas surpresas e diversas decepções para o país.


Muito dessa decepção se explica pelo fato da Olimpíada se realizar no ano seguinte ao dos Jogos Panamericanos, onde o Brasil sempre se sai razoavelmente bem, o que acaba gerando uma expectativa acima da realidade, já que como o Brasil é o único país a dar alguma importância ao evento das Américas, costuma alcançar boas colocações, como no ano passado na disputa no Rio de Janeiro, quando conseguiu ficar em 3º lugar no quadro geral de medalhas, nos levando a acreditar que iríamos fazer uma boa figura em Pequim...ledo engano!, mais uma vez ficamos atrás de países, econômica e politicamente inexpressivos como Jamaica, Ucrânia, Bielo-Rússia, Etiópia, Romênia, entre outros, que diferentemente do Brasil, levam o esporte a sério, enquanto que em nosso país, à exceção do futebol masculino e do vôlei, aí sim, masculino e feminino, quem consegue se destacar, a ponto de ganhar uma medalha olímpica deve ser tratado como verdadeiro herói, pois na esmagadora maioria das vezes, contam apenas com o apoio familiar mesmo.


Ainda durante as disputas na China, muito se falou por aqui sobre a campanha Rio-2016, com o garoto-propaganda de sempre, Pelé. Pessoalmente, não sou contra a organização dos Jogos, pelo contrário, espero estar vivo para ter a oportunidade de assistir a uma final do basquete masculino ao vivo e no Brasil, no entanto, penso que organizar uma Olimpíada já em 2016, seria muito prematuro e, levando-se em conta que em 2014 temos a Copa do Mundo de futebol, então, aí seria uma temeridade. É um grande equívoco diante das condições oferecidas aos nossos atletas, trazer a Olimpíada já para daqui a 8 anos, a frustração seria ainda maior do que a que vem se repetindo a cada ciclo de 4 anos. O melhor seria seguir o exemplo da China, que primeiro se estruturou esportivamente para só depois pleitear uma Olimpíada fazendo bonito em casa. Ou mesmo da Grã-Bretanha, que saiu da 36ª colocação em Atlanta-96, ocasião em que conquistou apenas 1 medalha de ouro para a 4ª posição em Pequim, com 19 douradas, gerando uma excelente expectativa para a disputa em casa no ano de 2012. Por isso eu pergunto: que tal se o dinheiro que seria investido na organização dos jogos em 2016 fosse direcionado ao esporte olímpico brasileiro, possibilitando que numa eventual Olimpíada brasileira, pudéssemos almejar algo mais triunfante? Por conta disso, sou obrigado a torcer contra o país nesta disputa com Tóquio, Chicago e Madri.

domingo, julho 13, 2008

Os "ficha suja" e a descrença na democracia



Já faz algum tempo que um dos assuntos mais comentados no país é o desejo de alguns indivíduos e algumas instituições de que os candidatos processados pela Justiça não tenham o direito de se candidatar. Dia após dia o movimento ganha novas adesões, no objetivo de pressionar os Poderes da República para que tomem alguma medida capaz de barrar os "ficha suja", seja alterando a chamada "Lei de Inelegibilidade", seja por meio de uma mera resolução do TSE.

Apesar desta campanha ser integrada por pessoas e instituições de renome, no meu modo de entender, criar uma regra que impeça quem quer que seja de disputar quaisquer eleições sem haver sentença condenatória transitada em julgado (processo encerrado) é impossível diante da Ordem Constitucional vigente no país. Me parece que muita gente ainda não entendeu que ser processado não é sinônimo de ser culpado! Imagine se for criada norma proibindo um processando de disputar as eleições para vereador, por exemplo, e ao final ele vem a ser absolvido? Quem vai arcar com o prejuízo sofrido?

Além disso, quem assume este posicionamento demonstra uma enorme descrença na soberania popular, pois aceitam que o povo não sabe o que quer. E isso após readquirirmos o direito ao voto, há menos de 20 anos! Verdadeiros democratas sabem que cabe ao povo a escolha de seus governantes, e isto significa que o eleitor é quem deve analisar se um sujeito com processo em andamento na Justiça merece ter o seu voto ou não.

Por outro lado, creio que estas instituições que pedem a impugnação de candidatos com processos em andamento, deveriam centrar suas forças para fazer chegar aos eleitores a informação de quem está sendo processado, pois aí sim estariam cumprindo seu dever cívico, municiando o eleitor com as informações necessárias para um voto consciente e responsável.

quarta-feira, junho 18, 2008

E o Exército continua na defensiva

E mais uma vez o Exército é o centro das atenções, porém, ao contrário do casal de sargentos, o caso das execuções sumárias praticadas por um de seus pelotões em resposta a um suposto crime de desacato praticado por três moradores do morro da Providência é, realmente, um fato grave, capaz de pôr em xeque a implementação de um projeto interessante, o tal "Cimento Social", mas que padece de um vício original: o de ter sido concebido, com claro intuito eleitoreiro.

Disse e repito - o que se viu neste caso foi uma verdadeira execução, praticada pelo pelotão do Exército, sob o comando do tenente Vinicius Ghidetti de Moraes Andrade. E não se diga que ele(s) não "sabia(m) que isto iria acontecer", pois se ele(s) não aceitou(ram) aquele resultado, ao entregarem os jovens à facção criminosa rival à que controla o tráfico no morro da Providência, ele(s) no mínimo assumiu(ram) a possibilidade real, de redundar naquele desfecho, sendo o mesmo que se eles próprios tivessem praticado os homicídios. Bom, até aí, creio que não haja divergência alguma, já que, me parece ser impossível alguém interpretar os fatos de forma diferente (ao menos até agora eu não vi ninguém, além dos próprios envolvidos, dizer que o ato está correto), o problema foi a imensa quantidade de asneiras proferidas a partir de então.

A principal besteira que vem sendo repetida é aquela comprada por uma parcela considerável da imprensa, capitaneada pela Rede Globo, que passou a fazer coro à "revolta" dos moradores (daqui a pouco falo, especificamente, desta "revolta local"), exigindo a retirada imediata das tropas do morro. Penso que o Exército deve sair, mas só após encerrar o projeto, até porque sair agora, seria assumir uma derrota para o tráfico, além de assinar o atestado de culpa. Culpa esta que, deve ser ressaltado, o Exército não carrega, devendo recair, exclusivamente, sobre os indivíduos que decidiram agir como bandidos, e assim devem ser tratados.

Tarso Genro, em sua "imensa sabedoria" jurídico-militar, chegou ao ponto de afirmar que este acontecimento é a prova de que o Exército não deve atuar na segurança pública. Com isso, ele está querendo dizer que os militares comandados pelo tenente funkeiro agiram conforme manda os manuais da corporação. É dose, né? Ainda bem que o presidente não foi na onda do irresponsável, Ministro da Justiça

Deixando de lado esses radicalismos infantis, cumpre destacar que sem dúvida alguma, o Exército não deve cumprir o papel que, ordinariamente, a Constituição reserva às Polícias Militares, isto é, o policiamento ostensivo. No entanto, este fato não serve para corroborar este meu entendimento, por se tratar de um fato isolado. Ou alguém em sã consciência, pode dizer que a forma como agiu aquele pelotão é o procedimento padrão do Exército? Não que as Forças Armadas não possam servir para garantir o respeito à lei, não só podem, como devem...quando não houver outra solução! Quando as Polícias não estiverem mais em condições de cumprir este dever imposto pelo constituinte de 88, as Forças Armadas, devem deixar os quartéis e sair às ruas, o que a meu ver, ainda não chegamos lá. Ao Exército, assim como à Marinha e a Aeronáutica, cabe o dever principal de proteger a nação contra ameaças externas, garantindo o respeito às nossas fronteiras, que estão muito mal guarnecidas, por sinal. O Exército deve estar nas fronteiras garantindo que traficantes não façam incursões regulares em nosso território, alargando seu espaço de atuação criminosa. Falando nisso, se as nossas Forças Armadas não conseguem cumprir a contento seu principal papel, garanitr a inviolabilidade das fronteiras, imagine a hora que forem obrigadas a fazer o serviço da Polícia Militar!

Enfim, como eu já disse no post anterior, a cada ataque sofrido pelo Exército, como os que foram desferidos nas últimas semanas, pra mim, fica a certeza de que os "atacantes" querem mesmo é punir a instituição pelos desmandos cometidos em outros tempos, como uma espécie de vingança "ainda que tardia", já que as pessoas responsáveis pelos ditos desmandos, não puderam ser criminalmente responsabilizadas.

sexta-feira, junho 06, 2008

Não é crime ser gay nas Forças Armadas





Qualquer brasileiro com um mínimo de informação sabe que os militares enquanto estiveram no poder, representaram um passo atrás em termos de liberdades individuais no país, talvez por isso, desde a redemocratização, tenta-se punir a instituição, já que não foi possível responsabilizar criminalmente as pessoas. O mais recente ataque veio da comunidade homossexual e de seus simpatizantes, que vêem a prisão do sargento Laci Marinho de Araújo, como um forma de reprimir a homossexualidade recém assumida pelo militar. O que é negado pelo Exército, sob a alegação de que a prisão se deu em face do crime de deserção (uma espécie de "abandono de emprego", que segundo o artigo 187 do Código Penal Militar se verifica quando um militar deixa de comparecer em sua unidade por mais de 8 dias) cometido.

Este fato me lembrou uma passagem pessoal. Quando eu era criança um dos irmãos de meu pai foi servir o Exército no 34º Batalhão de Infantaria Motorizada em Foz do Iguaçu, como ele era de outra cidade, veio morar conosco, mas acho que ele não deve ter gostado muito da caserna, por isso sumiu de lá, por conta disso, a Polícia do Exército começou a nos "visitar" regulamente para encontrá-lo, até que um dia ele foi pêgo, ficando preso por algum tempo, até ser expulso.

O recente caso do sargento Laci é parecido com o do meu tio, com um ingrediente extra - o homossexualismo (pelo menos eu acho). Sobre o ocorrido o MNDH - Movimento Nacional dos Direito Humanos - publicou uma irresponsável nota de repúdio, na qual afirma, enfaticamente, que a prisão não se deu pela deserção e sim pelo fato do militar assumir sua homossexualidade. Isso não é verdade, obviamente. Até porque, ao que me parece, seu companheiro está livre. Ora, se o homossexualismo fosse o motivo suficiente, ambos deveriam estar encarcerados neste momento. Além disso, as Forças Armadas têm regras claras que dão a seus integrantes duas opções: acatá-las ou se retirar. Umas destas regras é nunca deixar de comparecer em sua unidade por mais de 7 dias sem justificativa alguma. Regra que, aparentemente, não foi cumprida pelo sargento.

Repercutindo o fato, Paulo Henrique Amorim, numa evidente tentativa de desmoralizar não só o Exército, como as demais integrantes das Forças Armadas, publicou uma entrevista com a deputada Cida Diogo, na qual ambos afirmam que é crime ser gay no Exército, o que é mais uma mentira deslavada. Não existe previsão de pena para quem se assume homossexual seja no Exército, na Marinha ou na Aeronáutica. Porém, é preciso reconhecer que o nome dado ao crime previsto no artigo 235 do CPM é de uma enorme infelicidade. "Pederastia ou outro ato de libidinagem" é o nome dado, o que gera certa confusão em quem, assim como a deputada e PHA, por preguiça ou má-fé, não se dispõe a ler a redação do citado artigo:

"Pederastia ou outro ato de libidinagem
Art. 235 - Praticar, ou permitir o militar que com ele se pratique ato libidinoso, homossexual ou não, em lugar sujeito a administração
militar:
Pena - detenção, de seis meses a um ano."

Note que a conduta censurada é nada mais que o sexo (em todas as suas variantes) praticado, ativa ou passivamente, em algum lugar sujeito a administração militar. Ou seja, não existe previsão de crime para quem assumir ser homossexual, desde que o sujeito não se meta a transar dentro de um Batalhão, por exemplo. É bom deixar isso claro, pois, como não podia ser diferente, muita besteira vem sendo dita desde a prisão do sargento.




O mesmo assunto, mas abordado sob outro ponto de vista pode ser encontrado no blog do Dorian.

segunda-feira, junho 02, 2008

TJ de São Paulo declara inconstitucional o crime de porte de drogas para consumo próprio

Já disse aqui, que a criminalização do uso de drogas é inconstitucional. Se ficasse nisso, tudo bem, eu seria só mais um louco pregando no deserto, porém, o Poder Judiciário - timidamente, é verdade - já começa a se dar conta disso e ensaia os primeiros passos neste sentido.

Recentemente o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo proferiu decisão na qual há a declaração de inconstitucionalidade do uso de drogas, que se não me engano é a primeira no país, ao menos em 2ª instância. O relator da apelação, o juiz do Tribunal do Júri da cidade de Campinas/SP, José Henrique Rodrigues Torres, que foi convocado pelo Tribunal para atuar como desembargador neste e em outros casos, baseou seu voto, especialmente, na falta de ofensividade da conduta. Não é preciso dizer que, a meu ver, ele está corretíssimo.

Obviamente a decisão ainda está a frente do nosso tempo, por isso deverá ser cassada, seja pelo STJ ou pelo STF, no entanto, este deve ser o início de um saudável debate, para um tema extremamente polêmico.

Para quem quiser ter acesso à íntegra do acórdão, clique aqui.

terça-feira, maio 27, 2008

Embolou o e-mail de campo

Maria Aparecida ou Cidinha, para os íntimos, estava em estado de êxtase. Nunca sentira aquilo antes, finalmente, estava apaixonada. O único problema é que muita gente tinha motivos para tentar separá-la de seu amor, por isso ela escondia de todos o que estava sentindo. Quanto a este inconveniente, para ela nem inconveniente era, já que o importante era que uma pessoa soubesse, e esta pessoa não só sabia, como correspondia plenamente. Tratava-se de Andréia Fernanda, a Nanda.

Mas, assim, como se fosse um Romeu e Julieta, lésbico, fatores alheios à vontade de quaisquer das duas poderiam, a todo momento, acabar com aquele romance. Cidinha, era secretária do presidente para o Brasil de uma grande multinacional. Já Nanda, era secretária do vice-presidente, que foi indicado para o cargo pelo presidente anterior. Ocorre, que o presidente e o vice pertencem a campos opostos na batalha interna pelo controle da empresa. Além disso, o atual presidente, vê no anterior um fantasma que lhe assombra todas as noites, por isso não aceita a idéia de alguém do seu campo ter alguma relação com um membro do campo inimigo. Cidinha tinha plena consciência disso, o que lhe motivava a evitar qualquer tipo de contato com a "oposição". Tudo corria bem até conhecer Nanda, aí não teve jeito, o coração falou mais alto.

Elas conseguiram manter aquele amor escondido por muito tempo, até que o mundo caiu em suas cabeças. Certo dia, logo pela manhã, como costumava fazer sempre, Cidinha, estava preparando um e-mail, no qual mandaria mais uma declaração de amor para Nanda. Escreveu um texto em que falava o que Nanda representava para ela. Junto com este texto, iria mandar um arquivo do PowerPoint, com slides mostrando as fotos da última festa de aniversário de Cidinha, o primeiro que elas passaram juntas. Mas, em vez de anexar este arquivo, Cidinha, embriagada pela paixão, tomada pela desatenção causada por um amor juvenil, sem querer, anexou um arquivo comprometedor, que deixaria a "situação" em maus lencóis, não só perante a oposição, como perante toda a sociedade brasileira.

Nanda recebeu o e-mail leu o corpo do texto, no entanto, antes de baixar o anexo, já com os olhos marejados, correu para o banheiro antes que alguém perguntasse o que estava acontecendo, esquecendo-se de sair de sua conta. Seu chefe, o vice-presidente da empresa, e logicamente, um dos líderes da oposição, viu o e-mail aberto e não perdeu tempo, começou a lê-lo. De início achou tudo muito engraçado e começou a rir, ele já estava se levantando quando percebeu que havia um arquivo anexo, foi dar uma olhada para ver se tinha mais alguma coisa para animá-lo naquela manhã insossa. Abriu e quase caiu da cadeira quando viu o conteúdo. Imprimiu para ter uma prova, e voltou para sua sala. Quando Nanda chegou, ele esperou algum tempo para ter certeza de que ela havia visto o arquivo anexo e a chamou em sua sala:

- O que é isto aqui, Andréia? Perguntou rispidamente.

Quando Nanda, chegou em sua mesa, o arquivo estava aberto na tela do seu computador, o que a deixou certa que alguém havia bisbilhotado por ali, só faltava saber quem. Por via das dúvidas, pensou rápido numa história que preservasse seu emprego. Quando entrou na sala de seu chefe, recebendo a pergunta, não hesitou:

- É uma chantagem, senhor. A situação quer nos coagir. Eu mesma, me senti intimidada, quando li esse arquivo. Eles querem que paremos de investigar as falcatruas cometidas pelo presidente.

O vice-presidente, ouviu o que queria e entregou o caso para o conselho fiscal, que por incrível que pareça, não queria investigar o que de fato interessava, se contentando em tentar descobrir qual das duas se sentia mais traída...tá certo, isso é mais interessante mesmo.



Esta é uma história de ficção, qualquer semelhança com fatos reais, terá sido "meríssima" coincidência...ou não.

sexta-feira, maio 16, 2008

Perspectivas para o Campeonato Brasileiro de 2008

Este deve ser o 930495º texto que se propõe a analisar os clubes participantes do Campeonato Brasileiro que teve início na final de semana passado, é verdade...hum...bem...se você já leu algo do tipo, não custa ler mais um, se ainda não leu nada, esta é uma boa oportunidade de ler o primeiro. Vamos nesssa:


Vitória: Depois de passear pela segunda e até pela terceira divisões, os baianos estão de volta à elite. O elenco é modesto por isso não deve ir muito longe. Para o campeonato deste ano, a diretoria depois de tomar umas biritas, resolveu passar a mão no telefone e ligar para o "querido", Mario Celso Petraglia, o que resultou na contratação de diversos jogadores que estavam encostados no Atlético Paranaense, como o goleiro Viáfara, o lateral-direito Carlos Alberto, e os atacantes Rodrigão e Dinei. Ou seja, se o time do Atlético já é ruim, imagine a qualidade dos jogadores que não tiveram chances neste time.


O que disputa: Permanência na primeira divisão.


Fique de Olho: Rodrigão. Atacante que já rodou por diversos clubes, esteve recentemente jogando pelo Atlético Paranaense, clube ao qual ainda está vinculado, mas não vingou. Porém, tem tido boas atuações e pode desencantar.


Vasco da Gama: É o mais fraco dos cariocas. Com a volta de Leandro Amaral o time ganha força ofensiva, no entanto, mesmo assim não deverá empolgar sua torcida.


O que disputa: Vaga na Copa Sul-Americana.


Fique de Olho: Moraes. Jogador mediano que durante sua passagem pelo Atlético Paranaense esteve sempre na reserva. Poucas foram as partidas nas quais ele tenha sido um destaque positivo, por outro lado, muitas foram as que ele se destacou negativamente. Não é jogador a altura da tradição vascaína, mas que deve ser observado pois serve como parâmetro para saber onde o clube deverá chegar.


Sport: O clube pernambucano entra na disputa empolgado em razão de ter eliminado o Palmeiras na Copa do Brasil, impondo uma goleada humilhante ao time do badalado Wanderley Luxemburgo. Sua defesa é composta, quase integralmente, por ex-jogadores do Atlético Paranaense, com Luizinho Neto na lateral direita (grande batedor de faltas), Durval e Igor como zagueiros e, por incrível que pareça, este é um dos pontos fortes da equipe.

O que disputa: Vaga na Copa Sul-Americana.

Fique de Olho: Durval. Responsável direto pela derrota humilhante sofrida pelo Atlético Paranaense nas finais da Copa Libertadores de 2005 quando falhou em todos os 5 gols marcados pelo São Paulo nos dois jogos, inclusive com 1 contra. Apesar desta mancha negra em seu curriculum, deu a volta por cima e hoje é um dos destaques do rubro-negro pernambucano, merecendo uma atenção maior de quem assiste seus jogos.

São Paulo: O tricolor paulista ao contrário do ano passado quando despontava como grande e talvez único favorito, este ano entra na disputa, ainda como favorito, com a diferença de que desta vez há outros candidatos tão ou mais fortes. A saída do imperador Adriano ao final da Libertadores, deverá enfraquecer o time que terá de apostar suas fichas no artilheiro sem arma Aloísio, o goleador que não faz gol.

Vale dizer ainda que para esta disputa, a diretoria são-paulina arrancou do Atlético Paranaense o lateral-direito Jancarlos, numa daquelas contratações, provavelmente, feitas com base em vídeo tapes mostrados pelo procurador do atleta. Digo isso porque a torcida atleticana já não aguentava mais vê-lo em campo, e ao tirá-lo do daqui o São Paulo prestou um dos maiores favores que um clube poderia prestar aos paranaenses.

O que disputa: Vaga na Copa Libertadores da América.

Fique de Olho: Dagoberto. Maior revelação do Atlético Paranaense nas últimas décadas. Verdadeiro craque, mas que em razão de sua fragilidade física sofre muito com as entradas desleais de seus adversários. Tinha tudo para se tornar um ídolo da Seleção Brasileira, até que uma contusão grave em 2004 o obrigou a ficar afastado do futebol por mais de um ano, quando voltou, nunca mais foi o mesmo, tanto física quanto mentalmente. Brigou com a diretoria atleticana e se transferiu para o São Paulo, onde se tudo correr bem, logo deverá se transferir para o exterior, enchendo os cofres do clube paulista.

Santos: Depois de reviver os tempos de Pelé, quando o clube entrava nas disputas pensando no título, o Santos volta a rotina de buscar ficar entre os “primeiros colocados”. Este ano não deverá passar disso.

O que disputa: Vaga na Copa Sul-Americana.


Fique de Olho: Kléber Pereira. Excelente atacante, o maior artilheiro do Atlético Paranaense dentro da Arena da Baixada. É daqueles atacantes que criam uma relação de amor e ódio com a torcida, pois na medida em que faz muitos gols, alguns deles quase impossíveis, perde outros tantos, além de em certas situações se mostrar muito disperso.

Portuguesa: A simpática Lusa, retorna à primeira divisão, sem muitas pretensões além de permanecer ali por algum tempo, algo que não será fácil, pois os candidatos ao rebaixamento são muitos.

O que disputa: Permanência na primeira divisão.


Fique de Olho: Cristian. Vem fazendo o que se espera de um centro-avante – gols. Sem dúvida alguma é o destaque do time.

Palmeiras: Depois de muito, mas muito tempo, o Palmeiras volta a figurar entre os favoritos a ser campeão brasileiro. Porém, o time ainda não está maduro o suficiente, pois ao levar um gol os jogadores se desestabilizam, não tendo muito poder de reação.

O que disputa: Título.

Fique de Olho: Alex Mineiro. Atacante de excepcional qualidade técnica. Foi o maior destaque do Atlético Paranaense na fase final do campeonato brasileiro de 2001 quando clube se sagrou campeão. Merece atenção especial não só dos zagueiros, mas dos torcedores também.

Náutico: Com um time limitado, os pernambucanos não devem alimentar muitas expectativas para este campeonato.

O que disputa: Permanência na primeira divisão.

Fique de Olho: Ticão. Volante que surgiu no Atlético Paranaense como grande revelação para a posição, vindo a murchar em seguida. Como a diretoria aposta no seu futebol, resolveu emprestá-lo para time menores para fazê-lo adquirir experiência, vale dar uma olhada.

Ipatinga: A principal arma deste time é ser desconhecido. A exceção dos mineiros Cruzeiro e Atlético, ninguém sabe ao certo como joga este estreante na primeira divisão. Se tudo correr sem surpresas, deve seguir os passos do América-RN no ano passado.

O que disputa: Permanência na primeira divisão.

Fique de Olho: Gerson Magrão. O meia que pertence ao Flamengo foi decisivo na campanha da série b no ano passado. Este ano é uma espécie estrela solitária no fraco time mineiro.

Internacional: No ano passado a campanha realizada pelo clube ficou abaixo das expectativas, ao chegar apenas em 11º na classificação geral, no entanto, este ano tem tudo para ser diferente. O ataque é o ponto forte, com Fernandão e Nilmar, podendo contar ainda com aproximação de Alex, um dos artilheiros do último campeonato gaúcho.

O que disputa: Título.

Fique de Olho: Marcão. Embora o ex-lateral esquerdo do Atlético Paranaense não tenha a técnica necessária para chamar a atenção da grande mídia, tem a raça que os gaúchos cultuam. É o típico jogador "gaúcho".

Grêmio: Depois de um início arrasador no campeonato gaúcho, foi eliminado pelo Juventude nas quartas-de-final da competição, indicando que a situação está difícil para o clube que em julho, deverá perder Eduardo Costa, já que o jogador pertence ao Espanyol e o empréstimo se encerra.

O que disputa: Vaga na Copa Sul-Americana.

Fique de Olho: Roger. Se o ex-meia do Fluminense e campeão brasileiro pelo Corinthians em 2005, estiver disposto a jogar, poderá ser um nome importante para as pretensões do clube.

Goiás: Mais um que começou o ano dando toda a pinta que teria um ano excepcional, mas que logo murchou. Na Copa do Brasil o clube foi eliminado pelo Corinthians com um bela goleada, já pelo campeonato goiano, mais uma derrota que será lembrada por muito tempo, 3 a 0 para o desconhecido, Itumbiara que levantou o primeiro título em sua história, em pleno Serra Dourada. Depois do sufoco do ano passado, quando o clube escapou da degola na última rodada, e mesmo assim mais pela fragilidade corintiana do que por méritos próprios, este ano os goianos devem navegar em águas mais tranquilas, porém, nada que os leve a sonhar ao menos com uma vaga na Libertadores.

O que disputa: Vaga na Copa Sul-Americana.

Fique de Olho: Anderson Aquino. Outra aposta da diretoria atleticana que o empresta para outros clubes para vê-lo adquirindo experiência. Joga no ataque e tem se mostrado um bom jogador.

Fluminense: A mim, parece que o Fluminense é o clube carioca com o melhor elenco, mas decepcionou logo na primeira chance de mostrar sua força. Certamente, o clube é um dos favoritos ao título brasileiro, mas precisa render em campo o que se espera dele.

O que disputa: Título.

Fique de Olho: Washington. Maior artilheiro numa única edição de campeonato brasileiro, quando em 2004 jogando pelo Atlético Paranaense marcou 34 gols, hoje não tem mais aquele poder de fogo de outrora, mas continua sendo um perigo, especialmente nas bolas aéreas.

Flamengo: O time do Flamengo conta com um elenco mediano, mas que com a força de sua torcida se torna quase (eu disse "quase") imbatível. O título está distante da Gávea, que deverá se contentar com uma vaga na Libertadores.

O que disputa: Vaga na Copa Libertadores.

Fique de Olho: Cristian. Volante com bom passe e boa movimentação, além de uma certa habilidade nas cobranças de falta. Não rendeu o que se esperava enquanto atuou pelo Atlético Paranaense, porém, no Flamengo aparenta ter alcançado sua condição de jogo ideal.

Figueirense: Quando ninguém mais esperava (ao menos ninguém além dos próprios torcedores) o clube de Florianópolis conquistou mais um título catarinense sobre um rival mais forte, o Criciúma. A previsão para este ano é das mais desanimadoras para o clube, que deverá correr muito para não ter de enfrentar seus conterrâneos em 2009.

O que disputa: Permanência na primeira divisão.

Fique de Olho: Cleiton Xavier. Jogador de meio que encosta nos atacantes, com excelente movimentação.

Cruzeiro: Favorito ao título, o Cruzeiro mostrou sua força na primeira partida da final do campeonato mineiro, por outro lado, emperrou diante do Boca Juniors pela Libertadores, com altos e baixos o time entra bem cotado na disputa pelo título.

O que disputa: Título.

Fique de Olho: Fábio. Grande goleiro, revelado pelo União Bandeirante do interior paranaense.

Coritiba: O mediano elenco coxa-branca, ganhou muito com a contratação de Michael junto ao Guaratiguetá-SP, já que ao contrário do que se pode imaginar, "eles" não têm um time muito forte como supõe a imprensa paulista, o simples fato de perder o jogo final do campeonato paranaense demonstra isso. O título não foi ganho por eles, e sim perdido pelo Atlético graças a sua diretoria que abriu mão da conquista quando se desfez dos principais jogadores do time durante a competição, entregando de bandeja para quem chegasse a final.

O que disputa: Copa Sul-Americana.

Fique de Olho: Keirrison (espero ter escrito certo) atacante com grandes qualidades técnicas. Se estivesse num clube do eixo, certamente, estaria com o passaporte carimbado para as Olimpíadas.


Botafogo: O clube carioca tem um time excelente, porém, com elenco limitado e como o campeonato brasileiro é longo, tudo leva a crer que não deverá alcançar uma posição muito relevante.

O que disputa: Copa Libertadores da América.

Fique de Olho: Jorge Henrique. Revelado pelo Náutico, logo o Atlético Paranaense foi em busca do seu futebol. Chegou aqui com fama de futuro Romário, mas que nada, decepcionou! Nunca conseguiu encaixar uma boa sequência de jogos, não alcançando sequer um lugar no time titular da equipe. Depois de ser contratado pelo Botafogo, teve um início difícil, mas que foi superado e hoje é um dos grandes nomes no elenco alvi-negro.

Atlético Mineiro: Após a humilhação pública sofrida na final do campeonato mineiro de 2008, o time mineiro entra no campeonato brasileiro sem a mínima chance de título, Libertadores ou até mesmo Sul-Americana, noutro giro, o rebaixamento também não chega a ser uma preocupação.

O que disputa: Copa Sul-Americana.

Fique de Olho: Petkovic. O velhinho sérvio, dispensa maiores comentários. Talvez esteja um pouco passado, entretanto, sua técnica é inegável.

Atlético Paranaense: O início foi arrasador. Toda a torcida se animou sonhando com um ano que desde 2001 não vive. Os adversários foram sendo, um a um, demolidos, até culminar com a quebra do recorde do próprio clube de 11 vitórias seguidas. Mas, a superação do recorde foi como uma ducha de realidade, pois após, o que se viu foi só desgosto. Eliminação da Copa do Brasil pelo Corinthians Alagoano, sufoco na fase final do Paranaense, culminando com a perda do título diante do fraco Coritiba.
Para este ano a previsão é a pior possível. Some um time fraco, a uma diretoria mais interessada em arrecadar com a venda dos poucos jogadores que ainda têm mercado e você tem um sério candidato ao rebaixamento.

O que disputa: Permanência na primeira divisão.

Fique de Olho: Na torcida. Olhar para o campo é perda de tempo.

Agora é esperar pra ver quantos tiros n'água eu acertei.

domingo, maio 04, 2008

A criminalização do uso de drogas ofende a Ordem Jurídica do Brasil*

Como eu já tratei neste blog, sou totalmente favorável à descriminalização porte para consumo próprio de drogas, (quando escrevi o post anterior me perguntaram até, se eu puxava "unzinho"), porém, isso não significa que quero ver o comércio liberado. Ok, já imagino que você deva estar achando isso um tanto contraditório, mas tenha calma, pois somente analisando de forma superficial o tema, é que dá pra dizer que as duas opiniões não casam entre si. Digo isso pois, aprofundando um pouquinho, só um pouquinho, mais a análise, é fácil notar que é perfeitamente possível ser a favor da descriminalização porte para consumo próprio e contra a descriminalização do comércio de drogas.

Olha só, você não concorda comigo que só deve ser considerado crime a ação externa capaz de lesar ou expor a lesão bens jurídicos tutelados pela Constituição de um Estado? Se concordar, então deve aceitar também, que atos meramente imorais ou pecaminosos, por si sós, não podem ser incriminados, logo, você obrigatoriamente deve ser contra a punição de atos que não extravasem a pessoa do próprio autor. Este é o chamado princípio da lesividade que é o fundamento para impedir que o Estado puna quem atenta contra a própria vida ou contra a própria integridade física, ou ainda quem usa drogas. Pois, via de regra, todos estes atos são passíveis de prejudicar apenas o próprio autor.

Deve-se lembrar que o Estado foi criado para garantir a sobrevivência da nação contra os perigos externos e internos, ou seja, não é dever estatal impor valores morais ao povo, e sim disciplinar as ações externas dos cidadãos, tornando possível a convivência pacífica da (e na) sociedade.

No Brasil, a Constituição, expressamente, prevê que a intimidade não será alvo de legislação estatal, dá só uma olhada:

"Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a nviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
[...]

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;"


Com isso, fica claro que todas estas leis que consideram crime o porte para consumo próprio de entorpecentes são inconstitucionais, não devendo ter qualquer aplicação prática.

Já o comércio de drogas, do ponto de vista jurídico, é algo totalmente distinto do porte para consumo próprio. O Estado tem o direito de regulamentar, proibindo se necessário for, atos que possam afetar direitos de seus cidadãos, entre eles a venda de produtos lesivos à saúde. Com isso, não se pode alegar que eu tenho o direito de fabricar um brinquedo com uma tinta altamente tóxica capaz de afetar a saúde das crianças que brincarem com o produto; ao mesmo tempo, ninguém pode dizer que a criança que brinca ou os pais que compram este produto cometem algum ato ilícito, no máximo a conduta dos pais desta suposta criança serão reprovadas socialmente, mas ninguém poderá pedir a prisão deles.

Ainda quanto a venda de drogas, alguém pode dizer em favor da liberação, que se o cigarro e o álcool que podem ser tão lesivos quanto qualquer outra droga, tem sua venda e consumo autorizados pela legislação, então, automaticamente, todas as drogas deveriam ser liberadas. Ora, isso é uma falácia, que tem até nome, pra você ver como é comum alguém cometê-la: chama-se falácia da ladeira escorregadia. Esse pseudo-argumento sugere que se uma determinada conduta for (é) aceita, obrigatoriamente deve ser aceita outra conduta. Você já deve ter ouvido por aí, alguém dizer: "Se eu abrir exceção pra você, vou ter de abrir pra todo mundo!" Aparentemente, esta frase até parece encerrar uma grande verdade, no entanto, não é bem assim. Exceções devem ser interpretadas restritivamente, nunca extensivamente, ou seja, a proibição de se vender drogas é a regra, enquanto que a permissão da venda de cigarros e álcool são as exceções que em nada invalidam a regra.

Por isso, sob o enfoque jurídico, não vejo outra opção que não a da descriminalização do porte para consumo próprio de toda e qualquer droga no país.






* Este post foi, originalmente, publicado em 16 de novembro de 2007, mas como hoje foi o dia da "Marcha pela Descriminalização da Maconha", achei que seria interessante, republicá-lo.

quarta-feira, abril 30, 2008

Quero ser comentarista esportivo


Algum tempo atrás, aqui mesmo neste blog, eu disse que queria ser autor de novela, mudei de idéia! Ah, já que até um BBB* resolveu seguir por este caminho, decidi que não quero mais essa vida. Agora pretendo ser comentarista esportivo. Além de ter menos responsabilidade, ainda não tem o risco do pessoal do Pânico ficar querendo que eu calce as "Sandálias da Humildade".



Ser comentarista esportivo é bem fácil. Você não precisa saber nada do assunto, diga algumas obviedades outras loucuras, não tem problema. Saber não é preciso, basta que os outros pensem que você sabe. Para isso, faça aqueles comentários genéricos, como no caso dos que trabalham com o futebol, critique o esquema tático, fale que este ou aquele jogador está mal posicionado. A uma certa altura diga que o técnico tem de tirar fulano e colocar sicrano, se isso acontecer é a glória e o comentarista sabe do que está falando - não importa se até dois minutos atrás, a equipe de transmissão inteira estava metendo o pau no técnico. Se este fizer outra alteração, tudo bem, é só continuar metendo o pau nele. Sem falar, que o sujeito fica ali, sentadão, sendo pago pra assistir aos eventos, comendo uns salgadinhos, tomando umas biritas, enquanto o narrador fica lá se esgoelando. E tem mais, o narrador se expõe à medida que tem de falar durante o tempo inteiro, correndo o risco de falar muita besteira, já o comentarista em razão de só falar quando é chamado, fica resguardado. Vez ou outra ele fala alguma coisinha aqui outra ali, só prá justificar o salário, como por exemplo: "O técnico tá errado! Tem de tirar o quarto zagueiro, e colocar um centro-avante, prá dar mais força ofensiva ao time." Ou, "O árbitro tá vendo outro jogo, só pode, se aquilo não foi penalty, eu não sei mais o que é!" Ou, como disse o Neto (meu provável guia na profissão) durante uma transmissão do campeonato italiano, comentando sobre a possível contratação de Jorginho (aquele lateral-direito na Copa de 1994) pelo Flamengo para ocupar o posto de técnico do time: "Ah, o Flamengo não pode fazer experiência, se eu fosse presidente do clube, contrataria do Muricy Ramalho ou o Wanderley Luxemburgo!" Viu só? Simples. Até a minha filha recém-nascida poderia ter feito esse comentário, se soubesse falar. Assim, você pode notar que a responsabilidade do comentarista é zero, pois nada do que ele fala ou escreve será posto à prova.



Como você viu, ser considerado um bom comentarista de futebol é mole, mas o importante é você não acreditar no que seus colegas falam. Esse cuidado não pode ser esquecido nunca. Comentarista é comentarista, não técnico. Se algum dia, o comentarista começa a acreditar que é excelente, como seus companheiros de transmissão repetem, insistentemente, vai querer pôr em prática as besteiras que ele dizia lá de cima na cabine, e daí vai acontecer o que aconteceu com o Mário Sérgio, ex-comentarista da Band que um dia acreditou nas mentiras contadas pelos narradores e repórteres, e inventou de treinar alguns times, afundou! Hoje, nem sei onde ele está, mas creio que não é nem comentarista e muito menos técnico e se estiver no comando técnico de algum time, deve ser o do condomínio onde mora.



Por tudo isso, quero ser comentarista esportivo. Será que agora eu consigo trocar de profissão?











*Será que o Marcelo do BBB é o mesmo Marcelo que andou comentando naquele post??

domingo, abril 27, 2008

"Todo ser-humano é um homicída em potencial!"

Durante esta semana, enquanto esperava pela realização de uma audiência judicial, encontrei um ex-colega de faculdade, enquanto esperávamos, entramos no assunto do momento - que eu nem vou dizer qual é, mas você já deve imaginar - durante a conversa, para tentar explicar o suposto ato do casal, já que na concepção dele, não há dúvida de quem sejam os autores, ele citou uma frase que um professor proferiu durante uma aula de Criminologia ainda nos áureos tempos de PUCPR, e que eu não me lembrava mais (ora, a aula era sábado de manhã, você queria o quê?):

"Todo ser-humano é um homicída em potencial!"

Quanto a esta afirmação, se por um lado é óbvia, por outro é preciso esclarecer alguns pontos. Óbvia, porque se crimes só podem ser praticados por seres-humanos, então é lógico que concluir que um homicídio deverá ser praticado por um ser-humano. Pelo outro lado, é preciso destacar que a frase é generalizante demais. Não penso que qualquer pessoa seria capaz de matar outra - deixando de lado, obviamente, os casos de legítima defesa.

Porém, de fato, muitos de nós temos um instinto assassino só esperando a oportunidade certa para aflorar. Exemplos temos aos montes, como naquele caso aqui de Curitiba, onde um sujeito tentou assaltar um taxista, acabando por ser morto pelos demais taxistas ou no caso do momento, onde muita gente clama por Justiça, dando a entender que por Justiça deve-se entender como o linchamento de Alexandre Nardoni e de Anna Carolina Jatobá. Muitos de nós só esperamos um motivo para mostra a verdadeira face.

domingo, abril 13, 2008

Era só o que me faltava

Entrei no blog da Maria Eugênia nesse final de semana e encontrei algo bem interessante. Trata-se de um site no qual ele diz qual a celebridade com quem nos parecemos. Obviamente, fiquei curioso e fui inventar de fazer o teste, usei esta foto que está no meio da outras aí embaixo e...catapimba, das oito, quatro são mulheres e um outro é o Ricky Martin... é acho que o site pensa que eu sou via...digo homossexual. Mas eu vou falar a verdade - se eu não me conhecesse, por essa foto, até eu diria que eu sou via...digo, homossexual.

sexta-feira, abril 04, 2008

E lá vamos nós de novo...


Mais uma vez sociedade brasileira está "chocada". Agora, é pelo assassinato de Isabella Nardoni, de 5 anos. De fato o crime foi covarde e hediondo, este não no sentido legal do termo, mas em seu sentido moral, mesmo. A pequena Isabella, morreu após ser jogada da janela do apartamento de seu pai. Por conta disso, não restam dúvidas que os suspeitos naturais são o próprio pai e a madrasta, afinal eles foram os últimos a ter contato com a menina, mas daí a serem os culpados pelo crime, vai uma enorme - e bota enorme nisso - distância. Infelizmente, nem todos enxergam esta diferença, e aos poucos vamos ouvindo um "assassino" aqui outro ali, o que é lamentável, pois jogam-se os Direitos e Garantias Individuais previstos pela Constituição, na lata de lixo. Assim, se crimes desta natureza são inaceitáveis, também são inaceitáveis estes linchamentos morais de todos que se tornam suspeitos de crime em algum canto deste país.

Pra nossa sorte, a imprensa brasileira, já está vacinada depois do caso da Escala Base em São Paulo, e mais recentemente com o caso Madeleine, quando dois jornais britânicos tiveram de pedir desculpas aos pais da menina inglesa desaparecida em Portugal, sendo condenados ainda, a indenizar o casal. Certamente, por conta disso, até agora ninguém afirmou, expressamente, que o pai e a madrasta de Isabella são culpados pelo crime, embora não seja muito difícil entender o que eles querem nos fazer acreditar.

Abrindo um parêntese, que fique bem claro: assim como o homicídio de João Hélio, este crime é igualmente, inaceitável, não estou aqui querendo defender o casal, de modo algum, não sei se eles são os responsáveis, estou sim, é defendendo o Estado de Direito que vige em nosso país.

Voltando ao texto, neste caso, quem está se comportando de forma sensacionalista é a Polícia, com a conivência do Poder Judiciário. Note que a todo momento, algum integrante da equipe de investigações é entrevistado. O Promotor responsável pela futura denúncia, até entrevista coletiva já concedeu. Sem falar que de forma apressada, a Polícia logo pediu a prisão temporária do pai e da madrasta, que foi, prontamente, aceita pelo Judiciário. Com isso, somos remetidos aos tempos da ditadura militar, quando havia a famigerada "prisão para averiguações". Ou seja, prende-se para apurar, quando o correto deveria ser o contrário - primeiro se investiga, condena, e só depois se prende. Esta prisão cautelar é um caso típico onde a carroça foi posta a frente dos bois. E pra quê essa afobação? Para aplacar a sede de sangue desta imprensa que, embora não o afirme com todas as letras, já condenou os dois.

Se a prisão temporária já é revoltante, o que dizer da postura policial quando Alexandre Nardoni e Anna Carolina Trotta Peixoto Jatobá, se apresentaram? Ambos foram, inexplicavelmente, algemados perante as câmeras de todas as emissoras de televisão, dando toda a pinta de que são os verdadeiros culpados pelo delito. Como já afirmei, a decretação da prisão temporária, era algo absurdo, entretanto, o uso das algemas foi muito pior. Risível mesmo! Isso não pode ficar assim, o Judiciário tem de mandar o Estado indenizar este casal, mesmo que eles sejam culpados pelo crime, que como disse, é abominável. As algemas só devem ser usadas quando o acusado oferece risco, seja condutor ou de fuga. No caso, o casal se apresentou espontaneamente, por isso pergunto: onde estava o risco? Em lugar nenhum, claro!

Enfim, isto ainda vai dar muitos motivos para eu voltar ao tema, mais tarde faço isso.

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Demorei a atualizar, pois perdi o emprego e junto com ele foi embora minha vontade de postar, mas isso é passageiro, logo volto com mais pique.

quarta-feira, março 19, 2008

Tchau, tudo mal!


Paulo Henrique Amorim, foi dispensado pelo IG, o que me deixou bastante surpreso. Não pela dispensa em si, pois esta era previsível, diante do conteúdo do material produzido e, principalmente, pela iminente compra da Brasil Telecom pela Oi, mas pelo tempo que demorou. Blogs como o de Paulo Henrique Amorim, que não prezam pela apuração de fatos, servindo mais como porta-vozes políticos, não devem estar hospedados em grandes portais, pois estes "cães de guarda" são um fardo pesado demais para eles.


Depois expulso da festa, o blogueiro lulista está num novo endereço, o que me parece ser o mais correto, já que tudo o que é produzido por esta espécie blogueira não passa de mero palpite pessoal, sempre torcendo os fatos para favorecer este ou aquele lado. PHA não é diferente! Pelo contrário, é um dos principais exemplos deste tipo de "jornalismo político". O domínio próprio é o mais apropriado, demonstra mais isenção (embora isso nem sempre seja verdade) além de afastar por completo (?) o risco de censura imposta por patrões pouco preocupados com algo além de dinheiro.


Por isso, se esta fosse a alegação do IG, fosse que PHA produzia um conteúdo vexatório para um portal com tamanha relevância, embora mentirosa, ninguém poderia dizer muita coisa. Porém, eles optaram por trilhar o caminho mais difícil, disseram que o Conversa Afiada, tinha baixa audiência. Sei... 475 mil visitas únicas por mês é pouco...eu também acho, afinal, eu sozinho tenho muito mais que isso...! hahaha...quem dera..., para um blog que só trata de política é um número de acessos excelente, assim, está claro que a razão é bem outra, não muito difícil de se descobrir. O negócio da compra da Brasil Telecom pela Oi, deve estar fechado.

Reinaldo Azevedo

Como não poderia ser diferente, quando soube que o Conversa Afiada foi retirado do ar, o Boto Azevedo só faltou colocar sons de fogos de artifício em seu blog. Imagina ter vencido a batalha. Sua felicidade foi tanta, que ele acabou me dando razão para dizer que sujeitos da laia do próprio Boto, não podem fazer parte de qualquer empresa jornalística que queira um dia, ser conhecida como sinônimo de credibilidade:



"Não cabe a mim especular por que o sr. Paulo Henrique Amorim, cujo jornalismo se tornou notório, foi demitido do iG. Sei lá. Ele deve alegar que é porque a Oi vai mesmo comprar a Brasil Telecom. Eu prefiro pensar que o iG o dispensou em razão do tipo de jornalismo que ele pratica.

...

...a operação BrT-Oi é uma desculpa verossímil para a demissão, mas não necessariamente verdadeira. Prefiro pensar que o iG pode estar fazendo a opção pelo jornalismo que honra a apuração, a independência, o bom texto, o jornalismo etc. Será isso? O tempo vai nos dizer, não é mesmo?"

Antes de tocar no ponto principal, vou abrir um rápido parêntese para dizer que se o Boto estiver certo, quando prefere pensar que o IG resolveu tirar o PHA do ar por ter feito opção pelo "jornalismo que honra a apuração, a independência", imagine o que vai acontecer com o seu espaço se a Veja resolver seguir o exemplo! A sorte dele é que esperar isso da Veja equivale a esperar que a lei da gravidade seja revogada.


Fechado o parêntese, como você pôde notar, o blogueiro da Veja concorda comigo. E pelos mesmos motivos. Blogs "cães de guarda" não podem estar em empresas sérias uma vez que estes sujeitos não apuram nada, escrevem para os seus, não se preocupam em checar coisa alguma, não se importam se aquilo que estão escrevendo está correto - ao menos para eles próprios. Eles se contentam em "preferir pensar" desta e não daquela forma. Não pergunte a eles como chegaram àquela conclusão contida em seus posts, eles não irão responder. Provavelmente, dirão que preferiram pensar daquele jeito e não do outro.


Enfim, no caso do PHA, embora o real motivo seja outro, no final das contas, fez bem para a imagem do IG tirá-lo do ar, já que o portal, estava ligado ao jornalista de forma tão profunda que era impossível pensar em um sem associar ao outro, exatamente como ocorre com a Veja/Reinaldo Azevedo. O que não é nada bom para quem quer ser lembrado por um jornalismo com credibilidade e não como mais um porta-voz de uma corrente política qualquer.

quinta-feira, março 13, 2008

Quem quer a guerra mesmo?


Não é de hoje que eu considero a "Veja" o principal ícone do que chamo de "jornalismo dissertativo", ou seja, do jornalismo que não se preocupa em informar o leitor/telespectador/ouvinte, e sim o que deseja convencê-los de uma verdade. É o maior ícone, mas não é a única a agir desta maneira, CartaCapital, trilha o mesmo caminho. Este jornalismo, é aquele no qual a cúpula diretora decide qual tese, determinada reportagem irá defender, em seguida, põe os jornalistas para escrever, naquele estilo tão bem conhecido por quem se dedica a defender teses, isto é, ressaltando tudo aquilo que as corroboram e omitindo o resto.

Volto a bater na tecla do "jornalismo dissertativo", depois de ler a reportagem de capa da Veja da semana passada. Na capa desta edição está estampada a seguinte afirmativa: América Latina / Feras Radicais / Seu objetivo é evitar a derrota dos terroristas das FARC e criar um clima de guerra no continente."

Na reportagem a tese defendida é que Hugo Chávez, Rafael Corrêa e cia. estão doidinhos para haver uma guerra no continente. Para comprovar que estão certos, despejam no colo dos leitores, argumentos fracos e sem consistência, facilmente refutáveis. Por isso, inicialmente, pensei em demonstrar a fragilidade de cada pseudo-verdade apresentada, no entanto, depois de ler o que Thomas Shannon, subsecretário do Departamento de Estado americano para a América Latina, disse à BBCBrasil em sua versão on-line, mudei de idéia. Penso que vou economizar o meu e o seu tempo, só trazendo uma frase do norte-americano, Vamos a ela:

''O grau de compromisso que os vizinhos da Colômbia demonstrarem em auxiliá-la a se proteger e a combater ameaças contra o seu Estado democrático será determinante para que a Colômbia não viole a fronteira de seus vizinhos."

Note, que o norte-americano não se acanha em falar em nome do governo de Álvaro Uribe [foto]. Mas isso agora não vem ao caso, o que me chamou a atenção, pois joga por terra a tese da Veja, é que ele afirma, textualmente, que a manutenção da paz no continente depende dos países vizinhos à Colômbia, se estes seguirem a cartilha ditada por Uribe, estamos a salvo, se não, a guerra será deflagrada. Isto vale para Venezuela, Equador, Peru e até mesmo para o Brasil, pois como eu disse no post anterior, as FARC costumam cruzar nossa fronteira também. E quem decide se a cartilha está sendo seguida direitinho? Bogotá, claro! Ou melhor, Washington, claro. Não penso que os EUA seriam loucos de atacar o Brasil, não por nossa força militar, pois esta é uma piada, mas pelo status político ocupado por nosso país.

Agora, fica claro que se Chávez e cia., não são flor que se cheire, dizer que eles são os responsáveis pelo estado de quase beligerância que se instalou no continente no começo do mês é, no mínimo, irresponsabilidade. Não são eles que estão dispostos a desestabilizar a América do Sul, quem está seguindo neste sentido é a turma que age a soldo dos EUA, que armados até os dentes, querem exibir seus brinquedinhos novos, e de quebra riscar do mapa essa figura ambígua chamada Hugo Chávez, pois uma guerra entre Colômbia e Venezuela é tudo que os norte-americanos sonham para esmagar o venezuelano.

sábado, março 08, 2008

O ataque colombiano ao Equador não deve ser tolerado

No momento em que escrevo este post, todos já devem estar sabendo que os ponteiros de Rafael Corrêa e Álvaro Uribe já foram acertados...ao menos aparentemente. Porém, não posso deixar de comentar o incidente mais perigoso a paz no continente sulamericano das últimas décadas.

Inegavelmente, o território equatoriano foi violado pelas tropas colombianas, o que é inaceitável. O ato foi uma declaração de guerra sim! O Equador, não poderia baixar a cabeça, assim como a Venezuela, o Peru e até mesmo o Brasil não poderiam aceitar passivamente o ataque norte-americ...digo, colombiano. Esses países não poderiam aceitar, pois, como não é segredo para ninguém, as FARC transitam livremente por suas fronteiras misturand0-se à população fronteiriça, ou seja, ontem o atacado foi o frágil Equador, mas ninguém está a salvo de um futuro ataque perpetrado pelas, muito bem equipadas, Forças Armadas da Colômbia. Isso ficou ainda mais claro, depois que Uribe, mesmo com os ânimos serenados, afirmou que não descarta a hipótese de nova violação da soberania de seus vizinhos.

Dos países-alvo em potencial, Alan Garcia, presidente do Peru, ficou no muro, Chávez como seria de se esperar, meteu os pés pelas mãos e mais atrapalhou que ajudou na resolução do conflito, assim, me parece que quem melhor se saiu foi o Brasil que, sem a pirotecnia chavista, se posicionou de forma clara e insofismável, contra a violação do território equatoriano. Com isso, não me restam dúvidas de que o governo Lula, tão criticado por todos os lados, até por mim mesmo neste blog, merece ser efusivamente aplaudido, por sua atuação séria e pacificadora no conflito. Enquanto isso, a postura dos EUA, aprovando o ataque, e da OEA que reconhece a violação de território, sem condenar o país de Uribe, foram os pontos negativos.

Apesar disso tudo que eu falei, é preciso ficar claro que esta guerra na qual a Colômbia está mergulhada, não existe alguém e sã consciência, capaz de condenar um ataque às FARC, desde que em território colombiano. O direito de derrotar um inimigo é limitado pelos direitos de outros envolvidos. Se a Colômbia tem o direito de combater quem pega em armas e se coloca à margem da lei para destruir a ordem vigente, o Equador tem direito a ver sua soberania respeitada no plano internacional. Por isso, o ato colombiano por mais que se diga que tinha como objetivo eliminar membros da guerrilha, deve ser encarado com um verdadeiro ataque de um país contra o outro. Se o inimigo são os membros das FARC, seria o caso de Uribe, aproveitar os colossais recursos despejados pelos EUA, para reforçar a vigilância na área de fronteira, agindo quando os guerrilheiros adentrassem, ao menos em tentativa, território colombiano. Enquanto isso não ocorre, deveria pedir apoio de Quito no combate. Por falar nisso, para justificar o ato, Uribe alegou que o governo de Rafael Corrêa, estaria fazendo corpo mole contra a guerrilha. Patético! Será que se houvesse um pedido formal, Corrêa não agiria? Nunca vamos saber, pois Uribe não quis saber.

Depois disso, é preciso estar atento para todas as movimentações das tropas colombianas, pois a qualquer momento, eles podem atacar o Brasil sob o pretexto de eliminar o número 1 ou 3,4,5,6,7... das FARC.

sexta-feira, março 07, 2008

i açin vamu nóiz


Hoje no IG, encontrei um pérola da língua portuguesa. Trata-se do blog de uma das integrantes do elenco (?) do BBB 8. Veja se você consegue entender o novo dialeto:


"oi bom dia pessoal tudo bem?vcs viram minha transformacao hotem nao è?fique bella para vcs meus fa..rsrrsrs eclara p mim,p melhorar minha alto estima….ha dr marcelo me pediu desculpa,claro mas o jarrinho que era enteiro como antes quebro e agora vao se colando ao poucos com o tempo,estou mas atenciosa para nao me machucar de novo,quero estar forte,aqui muito duro as emocoes sao vem a tona"



Conseguiu? Traduz pra mim?, porque eu não entendi nada!



Bom, eu acho que esse é o primeiro BBB em que os participantes têm um diário, não? Certeza disso não tenho, só sei que foi uma tacada de mestre da Globo. É muito divertido ler o que eles escrevem, especialmente, o que a Gyselle escreve! Valeu, Gyselle, ganhou um leitor fiel. hahahaha...

segunda-feira, março 03, 2008

Fidel resistiu até a canetas e milkshakes

Mike Hale
The New York Times News Service

Agora que Fidel Castro renunciou como presidente de Cuba, parece provável que a doença e a idade finalmente conseguirão completar com êxito o que duas gerações de cubanos exilados não conseguiram, apesar do obsessivo empenho e da ajuda do governo norte-americano. Para quem quer saber mais sobre as tentativas de assassinato a Fidel, um rápido e interessante apanhado geral é o longa-metragem "638 Ways to Kill Castro", um documentário britânico de 2006, que será exibido na TV aberta dos EUA pela primeira vez nesta segunda-feira.

O título refere-se ao número de planos de assassinato dos quais Fabian Escalante, ex-chefe dos serviços de segurança de Cuba, diz ter evidências de terem ocorrido e em muitos casos, terem sido frustrados. Escalante os relaciona por governo: Eisenhower, 38; Kennedy, 42; Johnson, 72; Nixon, 184; Carter, 64; Reagan, 197; Bush pai, 16; Clinton, 21. (Isso soma 634, mas nós podemos perdoá-lo por esquecer de algumas roupas de mergulho envenenadas).

O filme não tenta estabelecer a verdade sobre tais números espantosos (e Escalante também é conhecido por propor a teoria de que o assassinato de John F. Kennedy, envolveu contra-revolucionários cubanos e a máfia de Chicago). Mas ele cobre de forma bastante razoável as conspirações conhecidas e o planejamento para mostrar o quanto os inimigos de Castro estavam preocupados com a tarefa de tirá-lo de circulação.

As idéias mais extravagantes - as canetas-tinteiro envenenadas e os milkshakes, as conchas e cigarros com explosivos - são mencionadas de passagem, mas o foco fica nos métodos tradicionais, como armas e bombas, e grande parte da história é contada nas palavras dos possíveis assassinos. Os cineastas seguem as pistas de vários homens conhecidos ou suspeitos de terem conspirado contra Castro e os entrevistam em locais que em geral parecem ser confortáveis casas na Flórida.

Alguns falam cautelosamente, alguns abertamente, mas todos projetam aquela aura de integridade e orgulho, em geral com o endosso das mulheres e dos filhos: eles definem a si mesmos por meio de sua repulsa por Castro e da disposição de fazer alguma coisa a respeito.

Luis Posada Carriles, que foi associado a explosões de bombas em hotéis de Havana e em um vôo da Cubana Airlines, é uma figura singular entre os homens desse grupo, porque estava preso, enfrentando acusações da imigração, quando os cineastas o encontraram. Mas em uma entrevista por telefone ele tem o mesmo tom desafiador, embora ligeiramente patético: "Eu não quero ser a pessoa a dizer isso, mas acho que ele se sente mais seguro quando eu estou na cadeia, você não acha?" (Posada foi libertado depois disso, mesmo que o Departamento de Justiça o tenha qualificado como um "reconhecido articulador de conspirações terroristas e ataques.").

"638 Ways to Kill Castro" não é um relato objetivo: o simpático e rude Escalante, que manteve Castro vivo durante tanto tempo, é o herói da ação e as fontes primárias de informações, incluindo o ex-diplomata norte-americano Wayne Smith e a jornalista Ann Louise Bardach, são claramente críticos em relação ao tratamento que os Estados Unidos dão a Cuba.

Com 75 minutos, o filme não tem o tempo para comprovar temas como o relacionamento próximo da família Bush com cubanos anti-Castro na Flórida. Mas é difícil duvidar da profunda hostilidade daquele grupo, e do ponto até onde eles iriam, quando se vê homens em roupas militares encenando jogos de guerra nos Everglades, finalizados com a execução encenada de alguém que se passa por Fidel. É o bastante para que alguém se indague se ele está a salvo, mesmo agora.

638 Ways to Kill Castro": dirigido por Dollan Cannell.

Tradução de Claudia Dall' Antonia

sábado, fevereiro 23, 2008

Fidel Castro e o Socialismo de ocasião

Durante esta semana que passou, o fato mais marcante foi a publicação da carta escrita por Fidel Castro - que você pode ler no post abaixo – na qual o eterno guerrilheiro revolucionário afirma estar fora da disputa pelo comando da ilha. A retirada de Fidel é o marco final de sua guerra pessoal contra os Estados Unidos, quando depois de resistir a todo tipo de atentados contra sua vida (fala-se em 33, muitos dos quais, confessadamente, praticados a mando da CIA), o famoso embargo criado pelo presidente Dwight Eisenhower, e intensificado por John Kennedy, a queda do Muro de Berlim, ao desmoronamento da URSS, impõe finalmente, uma dura derrota à mais poderosa nação da história contemporânea. Fidel só não conseguiu resistir a um inimigo ainda mais poderoso: o tempo!

Bom, como se pode ver pelo parágrafo anterior, falar de Fidel e sua Revolução, sem mencionar os Estados Unidos é tarefa quase impossível, principalmente, porque os norte-americanos foram os principais responsáveis, não só pela revolução ter ocorrido, como principalmente, por ter assumido, ainda que tardiamente, caráter socialista. A meu ver, Fidel, ao contrário de Che Guevara e seu irmão Raúl, não era verdadeiramente socialista, o Socialismo foi o único caminho possível de ser trilhado pelo povo cubano, quando, liderados por Fidel, se deram conta de que os americanos lhe eram totalmente hostis. Note que a revolução cubana somente se assumiu socialista, após os diversos atos praticados pelos Estados Unidos, com os quais restou demonstrado que a única super potência ocidental não lhe daria trégua, sobrando-lhes como alternativa, cair nos braços dos soviéticos, que adoraram a idéia de poder contar com um aliado tão próximo de seu principal inimigo.

Sobre a Revolução Cubana, um esclarecimento de suma importância precisa ser feito: ao longo dos anos, Fidel foi sempre muito criticado em razão da falta de liberdade de imprensa, de liberdades individuais ou de perseguições políticas, porém ao tratarmos deste tema, novamente, é preciso trazer ao debate o nome "Estados Unidos da América". Não se pode esquecer que Cuba, após a revolução de 1959, sempre viveu em constante estado de alerta, diante da sempre presente ameaça de um ataque. Acredito inclusive, que este, dentre outros obviamente, foi o motivo que levou Marx e mais tarde, Trótsky, a defender a idéia de que o comunismo somente poderia ser atingido de forma global, ou seja, com todos os países do mundo seguindo no mesmo sentido - em detrimento da concepção defendida por Stalin, que era o famoso “socialismo em um só país”, concepão esta que seria uma forma de garantir uma coexistência pacífica com as potências ocidentais. Digo isto pois, qualquer país para se tornar socialista deve se colocar contra os interesses das grandes potências, gerando um eterno estado de alerta, diante de uma possível reação contrária, a qual poderia ocasionar até mesmo, a invasão de seu território. Cuba, especificamente, soube o que é enfrentar esta ameaça pairando no ar o tempo inteiro, uma vez que desde a derrocada de Fulgêncio Batista foi pressionada, não só psicologicamente, como fisicamente por seu vizinho, a invasão da Baía dos Porcos nos serve de ilustração. Isto é, sempre ficou aquele clima pesado, diante da possibilidade de uma nova e mais devastadora invasão americana, que se algum dia ocorresse de forma efetiva, poderia pôr fim rapidamente ao projeto de reconstrução do pequeno país. Assim, se muita coisa feita em Cuba, ainda não se justifica, as diversas execuções de opositores, por exemplo, ao menos se explica.

Por isso, eu pegunto: como se admitir oposição, se esta pode se aliar a um inimigo tão poderoso?

Apesar disso, tenho comigo que Fidel Castro (sem sombra de dúvidas, o principal nome político do pós-guerra), certamente, nunca quis ser inimigo dos EUA, não só pela força política militar econômica deste país, mas especialmente pela proximidade entre ambos. Assim, diante de seu atual estado de saúde que deve obrigá-lo a dialogar diariamente com a Morte, ele enxerga na provável vitória de um candidato democrata nas próximas eleições americanas, a chance de fazer com que seu país possa ter o embargo aliviado, sem precisar abrir mão de sua revolução, abrindo espaço para líderes mais jovens e menos rejeitados pelos EUA, para que estes possam manter alguns resquícios do regime instaurado em Cuba após a derrubada do pró-americano Batista. Sua saída, deverá ser benéfica ao país que, apesar de ostentar índices sociais invejáveis, sofre com um desabastecimento crônico, aliviado nos últimos anos pelas mãos de Hugo Chávez.

Outra hora, volto a tocar no assunto.

O vídeo lá de cima é a primeira parte de um documentário produzido por Oliver Stone, sobre Fidel Castro, no total são 12 partes que você poder encontrar, facilmente, no You Tube.

Fidel na íntegra

Neste post trago a carta na qual Fidel Castro informa que não será candidato nas eleições do dia 24 de fevereiro de 2008.


Queridos compatriotas. Prometi a vocês em 15 de fevereiro que minha próxima reflexão abordaria um tema que interessa a muitos compatriotas. Mas, desta vez, ela toma a forma de uma mensagem. Chegou o momento de propor uma nova eleição para o Conselho de Estado e para os postos de presidente, vice-presidente e secretário.

Desempenhei por muitos anos o honroso cargo de presidente. Em 15 de fevereiro de 1976, a Constituição socialista foi aprovada por mais de 95% dos cidadãos com direito a voto, em uma votação livre, direta e secreta. A primeira Assembléia Nacional foi constituída em 2 de dezembro daquele ano e elegeu um Conselho de Estado e o presidente deste. Anteriormente, eu havia exercido por quase 18 anos o posto de primeiro-ministro. Sempre dispus das prerrogativas necessárias a levar adiante a obra revolucionária, com o apoio da imensa maioria do povo.

Informados de meu estado crítico de saúde, muitos observadores no exterior acreditavam que minha renúncia provisória ao cargo de presidente do Conselho de Estado, em 31 de julho de 2006, com a transferência do posto ao primeiro vice-presidente do Conselho, Raúl Castro Ruz, fosse definitiva. O próprio Raúl, que ocupa também o posto de ministro das Forças Armadas Revolucionárias, por mérito próprio, e os demais companheiros na direção do partido e do Estado relutaram em me considerar afastado dos meus postos, apesar do estado precário de minha saúde.

Minha posição era incômoda, diante de um adversário que fez tudo de imaginável para se livrar de mim, e eu de maneira nenhuma gostaria de satisfazê-lo. Posteriormente, consegui recuperar de forma completa o domínio de minha mente, a possibilidade de ler e meditar muito, por força do repouso compulsório. Restavam-me forças físicas suficientes para escrever por muitas horas, atividade à qual dedicava o tempo que me sobrava depois dos programas de reabilitação e recuperação física. O senso comum mais elementar indicava que essa era uma atividade que estava ao meu alcance. Por outro lado, preocupei-me sempre, ao falar de minha saúde, em evitar ilusões que, em caso de um desfecho adverso, representariam notícias traumáticas para nosso povo em meio à sua luta. Prepará-lo para minha ausência, psicológica e politicamente, era minha primeira obrigação, depois de tantos anos de luta.

Nunca deixei de indicar que se tratava de uma recuperação "não isenta de riscos". Meu desejo foi sempre o de cumprir o dever até o último alento. E é isso o que posso oferecer.

A meus afetuosos compatriotas, que me fizeram a imensa honra de me eleger recentemente para o Parlamento, no seio do qual devem ser adotados acordos importantes para o destino de nossa revolução, comunico que não aspirarei nem aceitarei -repito- não aspirarei nem aceitarei o posto de presidente do Conselho de Estado e comandante-em-chefe das Forças Armadas.

Em breves cartas endereçadas a Randy Alonso, diretor do programa "Mesa Redonda", da Televisión Nacional, cujo conteúdo foi divulgado a meu pedido, já estavam presentes, de maneira discreta, elementos desta mensagem que agora escrevo, mas nem mesmo o destinatário das missivas estava informado sobre o meu propósito. Eu tinha confiança em Randy, porque o conheci bem quando era estudante universitário de jornalismo, em um período no qual me reunia quase todas as semanas com os principais representantes dos estudantes universitários das Províncias, na ampla biblioteca da casa onde estavam alojados, em Kohly. Hoje, o país inteiro é uma imensa universidade.

Parágrafos selecionados da carta enviada a Randy em 17 de dezembro de 2007: "Minha mais profunda convicção é que as respostas aos problemas educacionais da sociedade cubana, cujo nível médio de educação hoje equivale ao 12º grau, com quase 1 milhão de diplomados universitários e possibilidade real de estudo para os cidadãos, sem discriminação alguma, requerem mais variantes de resposta para cada problema concreto do que aquelas que um tabuleiro de xadrez oferece. Não se pode ignorar nem mesmo um detalhe, e não se trata de um caminho fácil, se desejamos que a inteligência do ser humano na sociedade revolucionária prevaleça sobre os seus instintos."

"Meu dever fundamental não é me aferrar a cargos e muito menos obstruir a ascensão de pessoas mais jovens, e sim contribuir com experiências e idéias cujo modesto valor provém da época excepcional em que me coube viver." "Penso como Niemeyer, que é preciso ser conseqüente até o final."

Carta de 8 de janeiro de 2008: "... Sou partidário decidido do voto unificado (um princípio que preserva o mérito ignorado). Foi ele que nos permitiu evitar a tendência a copiar aquilo que vinha dos países do antigo campo socialista, entre os quais o retrato de um candidato único, tão solitário quanto solidário com relação a Cuba. Respeito muito aquela primeira tentativa de construir o socialismo, graças à qual pudemos continuar no caminho que escolhemos."

"Tenho muito claro", eu reiterava naquela carta, "que toda glória do mundo cabe em um grão de milho." Portanto, seria uma traição à minha consciência ocupar uma responsabilidade que requer mobilidade e entrega total, caso eu não esteja em condições físicas de exercê-la. E eu o digo sem qualquer intuito dramático.

Felizmente nosso processo conta ainda com os quadros da velha guarda, bem como com outros que eram muito jovens quando se iniciou a primeira etapa da revolução. Alguns se incorporaram quase meninos aos nossos combates nas montanhas e, mais tarde, com seu heroísmo e suas missões internacionais, conquistaram glória imensa para o país. Eles contam com autoridade e experiência para garantir uma boa substituição. Nosso processo dispõe igualmente da geração intermediária, que aprendeu conosco os elementos da complexa e quase inacessível arte de organizar e dirigir uma revolução.

O caminho será sempre difícil e exigirá o esforço inteligente de todos. Desconfio dos caminhos aparentemente fáceis, da apologia aberta ou da sua antítese, a autoflagelação. É preciso estarmos sempre preparados para a pior hipótese. E manter a prudência no sucesso e a firmeza na adversidade é um princípio do qual não nos devemos esquecer. O adversário a derrotar é muito forte, mas nos mantivemos em campo durante meio século.

Não me despeço de vocês. Desejo combater apenas como soldado das idéias. Continuarei escrevendo sob o título "Reflexões do companheiro Fidel". Será uma arma a mais com que poderemos contar em nosso arsenal. Talvez minha voz seja escutada. Serei cuidadoso.

Obrigado
Fidel Castro Ruz
18 de fevereiro de 2008 17h30

domingo, fevereiro 10, 2008

"Cala a boca, Reinaldo!"



Algum tempo atrás, escrevi um post sobre o lamento de Reinaldo Azevedo, por sentir falta do “homem branco” na disputa pela vaga de candidato à presidência do EUA no lado Democrata. Àquela altura, o vejeiro estava numa cruzada épica contra a candidatura de Barak Obama, chegando inclusive, a criar um sugestivo apelido para o democrata: Babaca Osama. Tudo isso pra quê? A meu ver, para agradar o grupo que detém parte do poder na Abril, que foi, nada mais nada menos, um dos porta-vozes do apartheid, na África do Sul. Nos comentários, o meu colega blogueiro Dorian - que tem clara afinidade ideológica, com o sujeito em questão, mas que provavelmente, não é um de seus bolivianos, pois é inteligente demais pra isso - fez uma excelente lembrança. Disse ele, que a Veja daquela semana desmontava minha tese, por veicular uma reportagem muito elogiosa ao democrata. De certa forma o Dorian está certo, a Veja foi bem simpática a Obama, porém, ao invés de desmontar minha tese, a confirma.

Reinaldo Azevedo, atua como o cão de guarda da Veja, creio que sua contratação tenha sido exatamente pra defender a revista e a editora Abril em si, se utilizando dos argumentos que nem o Diogo Mainardi tem coragem de lançar mão. Nessa cruzada contra o candidato norte-americano, certamente, ele se lançou sem pedir autorização aos chefes, seu objetivo era ganhar moral com a diretoria, no entanto, qual não deve ter sido sua surpresa, quando em vez de ganhar um osso a mais, levou um “passa!, vá prá casinha!” – Isso até me lembrou esse vídeo do Daniel Godri que eu assisti numa palestra motivacional do sindicato no qual trabalho.

Após a publicação da reportagem pela Veja e implicitamente, levar um cala a boca inesquecível, Reinaldo ficou tão chateado, que pra aplacar um pouco sua decepção, publicou o e-mail do chefe, Mário Sabino, no qual o ego quilométrico do blogueiro é massageado, do jeito que ele gosta.

Depois da reportagem, eu fiquei aguardando para ver se ele teria cara de pau suficiente para não mais tocar no assunto, afinal, tudo que ele publicou, foi o indicativo de um caminho sem volta, sem volta para quem tem vergonha na cara, o que parece não ser uma qualidade do velho Tio. Com tudo aquilo que se encontra naquele blog, ele não poderia simplesmente ignorar o assunto dali em diante…e agora a surpresa foi minha - o “independente” blogueiro da Veja nunca mais tocou no assunto com aquela ferocidade toda de outrora. Não deu mais um latido sequer contra Obama, se limitando a tratar das prévias norte-americanas, reproduzindo textos de outros veículos de comunicação.

Diante disso, fico imaginando como estão se sentindo seus bolivianos. Devem ter se sentido traídos, já que seu guia intelectual, de independente não tem nada, não passando de mais um empregado entre tantos outros que a Abril assalaria. Ou, se não estiveram com este sentimento, vão confirmar a minha impressão sobre eles: são uma claque!