Maria Aparecida ou Cidinha, para os íntimos, estava em estado de êxtase. Nunca sentira aquilo antes, finalmente, estava apaixonada. O único problema é que muita gente tinha motivos para tentar separá-la de seu amor, por isso ela escondia de todos o que estava sentindo. Quanto a este inconveniente, para ela nem inconveniente era, já que o importante era que uma pessoa soubesse, e esta pessoa não só sabia, como correspondia plenamente. Tratava-se de Andréia Fernanda, a Nanda.
Mas, assim, como se fosse um Romeu e Julieta, lésbico, fatores alheios à vontade de quaisquer das duas poderiam, a todo momento, acabar com aquele romance. Cidinha, era secretária do presidente para o Brasil de uma grande multinacional. Já Nanda, era secretária do vice-presidente, que foi indicado para o cargo pelo presidente anterior. Ocorre, que o presidente e o vice pertencem a campos opostos na batalha interna pelo controle da empresa. Além disso, o atual presidente, vê no anterior um fantasma que lhe assombra todas as noites, por isso não aceita a idéia de alguém do seu campo ter alguma relação com um membro do campo inimigo. Cidinha tinha plena consciência disso, o que lhe motivava a evitar qualquer tipo de contato com a "oposição". Tudo corria bem até conhecer Nanda, aí não teve jeito, o coração falou mais alto.
Elas conseguiram manter aquele amor escondido por muito tempo, até que o mundo caiu em suas cabeças. Certo dia, logo pela manhã, como costumava fazer sempre, Cidinha, estava preparando um e-mail, no qual mandaria mais uma declaração de amor para Nanda. Escreveu um texto em que falava o que Nanda representava para ela. Junto com este texto, iria mandar um arquivo do PowerPoint, com slides mostrando as fotos da última festa de aniversário de Cidinha, o primeiro que elas passaram juntas. Mas, em vez de anexar este arquivo, Cidinha, embriagada pela paixão, tomada pela desatenção causada por um amor juvenil, sem querer, anexou um arquivo comprometedor, que deixaria a "situação" em maus lencóis, não só perante a oposição, como perante toda a sociedade brasileira.
Nanda recebeu o e-mail leu o corpo do texto, no entanto, antes de baixar o anexo, já com os olhos marejados, correu para o banheiro antes que alguém perguntasse o que estava acontecendo, esquecendo-se de sair de sua conta. Seu chefe, o vice-presidente da empresa, e logicamente, um dos líderes da oposição, viu o e-mail aberto e não perdeu tempo, começou a lê-lo. De início achou tudo muito engraçado e começou a rir, ele já estava se levantando quando percebeu que havia um arquivo anexo, foi dar uma olhada para ver se tinha mais alguma coisa para animá-lo naquela manhã insossa. Abriu e quase caiu da cadeira quando viu o conteúdo. Imprimiu para ter uma prova, e voltou para sua sala. Quando Nanda chegou, ele esperou algum tempo para ter certeza de que ela havia visto o arquivo anexo e a chamou em sua sala:
- O que é isto aqui, Andréia? Perguntou rispidamente.
Quando Nanda, chegou em sua mesa, o arquivo estava aberto na tela do seu computador, o que a deixou certa que alguém havia bisbilhotado por ali, só faltava saber quem. Por via das dúvidas, pensou rápido numa história que preservasse seu emprego. Quando entrou na sala de seu chefe, recebendo a pergunta, não hesitou:
- É uma chantagem, senhor. A situação quer nos coagir. Eu mesma, me senti intimidada, quando li esse arquivo. Eles querem que paremos de investigar as falcatruas cometidas pelo presidente.
O vice-presidente, ouviu o que queria e entregou o caso para o conselho fiscal, que por incrível que pareça, não queria investigar o que de fato interessava, se contentando em tentar descobrir qual das duas se sentia mais traída...tá certo, isso é mais interessante mesmo.
Esta é uma história de ficção, qualquer semelhança com fatos reais, terá sido "meríssima" coincidência...ou não.
Um comentário:
É verdade. Ao invés de todos serem punidos como mereciam, ficou aquele "gosto de cabo de guarda-chuva" na boca do pessoal.
A verdade é que inclusive o chefe, e líder da oposição, cometeu um crime ao vazar o arquivo para a imprensa.
E como todos estão com o rabo preso... "fêz-se justiça".
Mas uma palavra define tudo isso: lamentável.
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