Não, não! Eu não pretendo tecer qualquer tipo de comentário sobre o filme "Quarteto Fantástico", isso eu deixo para o Éder no seu "Cinema e Pipoca". Aqui a abordagem deverá girar em torno da relação entre os super-heróis e a ideologia. O pôster do filme foi colocado no alto do post, por dois motivos: o primeiro e mais óbvio, é porque a Jéssica Alba aparece em primeiro plano e o segundo, é que ao assistir a este filme, foi quando me veio a idéia para o tema deste texto.
Como disse, estava eu assistindo ao filme do Quarteto Fantástico, quando comecei a viajar nas histórias em quadrinhos que retratam a vida dos super-heróis. A maioria tem uma sistemática muito parecida - via de regra, o super-herói busca proteger a sociedade, o Super-Homem, criado em 1938 e primeiro representante gênero, é o melhor exemplo a ser citado, mas não o único, Batman, e o próprio Quarteto Fantástico também podem ser usados como exemplo. Os super-heróis estão, geralmente, ao lado do "bem". E o que os roteiristas entendem por "bem"? Para eles o melhor para todos nós, é a manutenção da ordem social existente. Por isso, o "bem" sempre deve vencer o "mal". E o que seria o "mal"? A mudança na estrutura do poder, isso seria o pior que poderia ser imposto ao planeta. Perceba que se em alguma hipótese o representante do "mal" vencesse a guerra, eles assumiriam o poder e, consequentemente, os detentores deste poder estariam fora. Isto é, o caráter ideológico desses seres sobre-humanos, está sempre presente em suas histórias.
Surgimento dos super-heróis
Essa relação com a manutenção do poder, pode estar relacionada com a época de surgimento de grande parte dos super-heróis existentes hoje no mundo das HQs. Estes seres começaram a surgir na esteira dos eventos verificados na 2ª Guerra Mundial e na época da guerra fria, nas quais, os grandes inimigos eram o nazismo e sucessivamente o comunismo. Neste momento, o povo norte-americano sente-se ameaçado, imaginando que o seu "american way of life" encontra-se sob forte risco de desaparecer, por isso procuram por todos os meios se precaver contra qualquer ameaça neste sentido. Três exemplos podem ser mencionados - o Super-Homem, chamado pelos nazistas de judeu, surgiu neste contexto. Ele personifica o inimigo dos nazistas, posicionando-se claramente em favor dos Estados Unidos.
Depois, temos o Homem de Ferro, que surgiu no contexto da guerra do Vietnã, na qual o inimigo eram os comunistas orientais.
Por fim, vale citar o exemplo mais forte, o Capitão América. Esta personagem, surgiu durante a 2ª Guerra Mundial. O soldado Steve Rogers serviu de cobaia num experimento científico, cujo objetivo era criar soldados norte-americanos sobre-humanos para combater na 2ª Grande Guerra. Ele teria sido o responsável por várias vitórias do exército norte-americano, impedindo assim que uma nova Ordem fosse estabelecida naquela sociedade.
No entanto, vale dizer ainda que as histórias dos super-heróis, por estarem sempre carregadas de forte conteúdo ideológico, não estão dirigidas somente a inimigos externos. Note-se que tais histórias pregam ainda a apatia política e social, pois mostra que quem se levanta contra o sistema, representa o mal, e aqueles que lutam pela manutenção do mesmo, são os "mocinhos" e sempre vencem no final. Sobre isso existe até aquela famosa frase: "o bem sempre vence no final". Com isto, procura-se incutir na mente dos mais jovens, já que este é o público alvo das histórias em quadrinhos, que o melhor é se adaptar ao sistema, ainda que este não lhe agrade, do que se levantar contra ele, pois no final, o sistema vigente vai continuar vigente, e o revoltado será derrotado!
8 comentários:
Tudo faz muito sentido. Tanto, que eu preferi ser um rebelde dentro do sistema. Como? Eu procuro aprender com ele, ser respeitado por ele, até que eu possa começar a transgredi-lo - aos poucos, suavemente, até atingir patamares diferenciados. Será que sou um rebelde ou um traidor da causa?
Grande abraço e boa semana.
Bem pensado. Note que já ouvimos por aí que os anti-heróis andam fazendo muito sucesso ultimamente. Os mocinhos andam am baixa, pelo que tenho visto.
Talvez seja uma pequena reação se formando.
Luly.
Na verdade sua visão está um pouco simplista demais, e so abrangem herois das chamadas eras de ouro e prata dos quadrinhos nos quadrinhos modernos (da metade dos anos 80 para frente) vemos herois de quadrinhos muito mais complexos e problematicos como o cavaleiro das trevas de frank miller, watchimen e V de vingança de alan moore que respeitam muito pouco o sistema vigente...
os proprios personagens que vc citou mudaram muito com os anos o homem de ferro enfrentou o alcolismo o atual capitão america (civil war) está agindo contra o governo dos EUA.
e simplista pelo fato de não abranger totalmente o mundo dos super herois e dizer que todos tem origem comum e que todos defendem o sistema vigente, e claro que a maioria dos herois passa imagens positivas, mais como eu disse no outro post isso não e regra ha uns bons 20 anos. Mais mesmo nos herois da era de ouro e prata (mais na marvel que na DC) existiam personagens desajustados como o Hulk ( o maior inimigo do Hulk e o exercito...)os x-mens (lutando contra o racismo que era via de regra na epoca de sua criação), o homem aranha ( que e um cdf timido que difere bastante do padrão geral dos herois da epoca). não discordo que herois de quadrinhos ja foram usados como veiculo de propaganda do governo, mais felizmente isso não e mais regra a muito tempo.
ps: no proprio quarteto fantastico ai citado tivemos uma epoca em que o desmembramento familiar foi abordado a Sue storm meteu uns chifres no reed com o namor...
ps2: valeu por ir la no meu blog! vc clicou nas tirinhas para elas aumentarem?
achei que vc estava generalizando quando vc usou os seguintes termos:
"quando comecei a viajar nas histórias em quadrinhos que retratam a vida dos super-heróis. Todas têm uma sistemática muito parecida - via de regra, o super-herói busca proteger a sociedade"
dai achei que vc falava de todos os personages de quadrinhos, devido aos termos "via de regra" e "todas tem"
e também por existir até hoje a imagem de que historias em quadrinhos são sempre maniqueistas e infantis coisa que não e verdade.
agradeço pela "linkagem" e por ter falado tao bem... mto obrigado msm e ate mais, o "fomador" tmb esta mto bom e bem escrito (alias como sempre)
Muito bom o seu post. Adorei e concordo. Temos de ter cuidado com desenhos animados, super-heróis e ideologia.
Seiji, O que torna o conteudo dos quadrinhos de moore interessante e fantástico é justamente a crítica a verdadeira itenção de criação de super heróis, que é esta divulgada pelo dono do blog. É incontestável que os primeiros super heróis americanos surgiram no intuito de dissipar a "supremacia" americana sobre outros países. Isso é óbvio. Os personagens diferentes não são nada mais nada menos que uma critica ferrenha a esta ideologia dissipada . Não tem como contar a história de watchman sem abordar a história dos Super heróis que surgem na segunda guera e guerra fria e desmascará-los.Na verdade eles são colocados além a má itenção e se transformam em seres frágeis e medrosos. O verdadeiro vilão desta história sempre é o governo vigente
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